2016-02-22 16:42:00

Semana do Papa Especial México


Esta Semana do Papa é inteiramente dedicada à Viagem Apostólica do Santo Padre ao México que foi a 12ª do seu pontificado. Destacamos os principais momentos e celebrações.

No sábado dia 13 de fevereiro o Papa Francisco celebrou Missa no Santuário de Nossa Senhora de Guadalupe. Francisco falou de Maria “a mulher do sim” que visitou os habitantes desta terra da América na pessoa do índio S. Juan Diego.” O Santo Padre afirmou que “todos somos necessários” para a construção do “santuário da vida”:

“O santuário de Deus é a vida dos seus filhos, de todos e em todas as condições, especialmente dos jovens sem futuro, expostos a uma infinidade de situações dolorosas e arriscadas, e dos idosos sem reconhecimento, esquecidos em tantos cantos.”

“O santuário de Deus são as nossas famílias que precisam do mínimo necessário para se poderem formar e sustentar. O santuário de Deus é o rosto de tantos que encontramos no nosso caminho...”

No final da celebração o Papa Francisco recolheu-se a sós em oração no ‘Camarín’, lugar onde é conservada a imagem de Nossa Senhora de Guadalupe que remonta às aparições do século XVI ao índio S. Juan Diego.

Na Missa em Ecatepec, arredores da Cidade do México, no dia 14 de fevereiro o Papa declarou que muitas vezes “permanecemos cegos e insensíveis perante a falta de reconhecimento da dignidade própria e alheia”.

Entretanto no final da tarde desse domingo dia 14 de fevereiro o Papa Francisco visitou o Hospital Pediátrico Federico Gomez na Cidade do México. O Santo Padre encontrou-se com médicos, enfermeiros e pessoal auxiliar do hospital, mas, em particular, com as crianças internadas naquela unidade pediátrica da capital mexicana. O Papa disse que os doentes devem ser tratados também com carinho-terapia.

No dia 15 de fevereiro, segunda-feira o Santo Padre celebrou Missa com as comunidades indígenas do Chiapas, em San Cristóbal de Las Casas, numa liturgia celebrada em espanhol e nas línguas indígenas tseltal, ch’ol e tsotsil. O Papa afirmou que: “entre os pobres mais abandonados e maltratados, conta-se a nossa terra oprimida e devastada, que geme e sofre as dores do parto”.

Na tarde de dia 15 de fevereiro o Papa Francisco esteve com as famílias do México na cidade de Tuxtla Gutiérrez, capital do Estado de Chiapas e disse que prefere as famílias feridas:

“Prefiro uma família ferida que procura em cada dia conjugar o amor, a uma família e sociedade doente pela comodidade e o medo de amar”

“Prefiro uma família que procura uma vez e outra recomeçar, a uma família e sociedade narcisista e obcecada com o luxo e o conforto.”

Na terça-feira dia 16 de fevereiro o Papa no México celebrou uma Eucaristia na cidade de Morelia com sacerdotes, religiosos, religiosas e seminaristas e convidou-os a não cederem à tentação de se resignarem e a revisitarem a memória histórica do país,  e tal como S. Paulo a sentirem o dever de evangelizar, de aprender a rezar, em modo particular, o Pai Nosso, a oração através da qual Cristo quis introduzir os seus na Sua vida.

Na tarde do dia 16 de fevereiro o Papa Francisco esteve com os jovens do México na cidade de Morelia, no Estádio “José María Morelos y Pavón”. O Santo Padre afirmou que Jesus é a esperança, denunciou a pobreza e a marginalização e declarou que os jovens são a riqueza do México.

Num ambiente de profunda emoção, música e alegria, os jovens receberam o Santo Padre em delírio apresentando os seus testemunhos que versaram os temas da família, da paz, do compromisso e da esperança.

A todos o Papa ouviu e foi tomando os seus apontamentos. Na sua intervenção o Santo Padre foi muito claro na sua mensagem de esperança aos jovens mexicanos dizendo-lhes que eles são “a riqueza do México”.

Os jovens eram mais de 50 mil e ouviram o Papa Francisco denunciar os tentáculos do narcotráfico e das organizações criminosas que semeiam o terror. Porque “é mentira que a única forma possível de viver, de poder ser jovem, seja deixar a vida nas mãos do narcotráfico ou de todos aqueles que a única coisa que fazem é semear destruição e morte. Isso é mentira e dizemo-lo nas mãos de Jesus” – declarou o Papa.

No entanto, “é difícil sentir-se a riqueza duma nação, quando não se tem oportunidades de trabalho digno, possibilidades de estudo e formação, quando não se sentem reconhecidos os direitos” – recordou o Papa Francisco que evidenciou que a única forma que os jovens têm de viver no México não pode ser a pobreza e a marginalização de oportunidades, de espaços, de formação, de educação e de esperança.

E a esperança pode estar ameaçada quando fazem crer aos jovens de que basta ter dinheiro para comprar “roupas de marca, do último grito da moda” e que “são importantes por terem dinheiro” – disse o Santo Padre que referiu o perigo de os jovens deixarem-se tratar como mercadoria.

O antídoto oferecido pelo Papa à juventude para que não se deixe roubar a esperança, mesmo quando tudo parece estar perdido, é Jesus! Sentir o amor de Cristo que revela o que há de melhor em nós e que não nos deixa caídos:

“O triunfo não está em não cair, mas em não permanecer caído. Essa é a arte! E quem é o único que te pode agarrar a mão para que não permaneças caído? É Jesus, é o único!”

17 de fevereiro, último dia do Papa Francisco no México. O Santo Padre celebrou Missa no espaço da Feira de Ciudad Juarez no norte do país num altar montado a 80 metros da fronteira internacional entre o México e os EUA. Mais de 200 mil pessoas participaram na Eucaristia. Na sua homilia o Papa lembrou as vítimas da migração forçada, da violência, da droga e do tráfico humano.

Numa cidade que há cinco anos atrás foi catalogada como uma das mais perigosas do planeta devido à guerra entre os cartéis da droga, o Papa Francisco começou por citar, na sua homilia, o texto bíblico que apresentava a cidade de Ninive, “uma grande cidade que se estava auto destruindo em consequência da opressão e degradação, da violência e injustiça” – recordou o Papa. Ninive tinha “os dias contados, pois não era mais tolerável a violência nela gerada”.

Mas o Senhor enviou Jonas, o seu mensageiro, que ajuda os habitantes da cidade a compreenderem que com a sua forma de “comportar-se, regular-se, organizar-se, a única coisa que estão a gerar é morte e destruição, sofrimento e opressão”- disse o Papa:

”Por isso, Jonas parte; Deus envia-o para pôr em evidência o que estava a acontecer; envia-o para despertar um povo inebriado de si mesmo”.

“Neste texto” – continuou o Santo Padre – “encontramo-nos perante o mistério da misericórdia divina”. A misericórdia “aproxima-se de cada situação para a transformar a partir de dentro. Isto é precisamente o mistério da misericórdia divina: aproxima-se e convida à conversão, convida ao arrependimento; convida a ver o dano que está a ser causado a todos os níveis.” “A misericórdia sempre entra no mal para o transformar” – afirmou o Papa Francisco:

“Há sempre a possibilidade de mudar, estamos a tempo de reagir e transformar, modificar e alterar, converter aquilo que nos está a destruir como povo, o que nos está a degradar como humanidade.”

O apelo de Jonas foi ouvido em Ninive e os homens e mulheres foram capazes de se arrepender e chorar. E “as lágrimas podem abrir o caminho à transformação” – disse o Papa implorando o dom das lágrimas, o dom da conversão também ali em Ciudad Juarez:

“Aqui em Ciudad Juarez, como noutras áreas fronteiriças, concentram-se milhares de migrantes da América Central e doutros países, sem esquecer tantos mexicanos que procuram também passar para ‘o outro lado’. Uma passagem, um caminho carregado de injustiças terríveis: escravizados, sequestrados, objetos de extorsão, muitos irmãos nossos acabam vítimas do tráfico humano.”

O Santo Padre referiu-se à “crise humanitária que, nos últimos anos, levou à migração de milhares de pessoas”. “São irmãos e irmãs que partem, forçados pela pobreza e a violência, pelo narcotráfico e o crime organizado. No meio de tantas lacunas legais, estende-se uma rede que apanha e destrói sempre os mais pobres. À pobreza que já sofrem, vem juntar-se o sofrimento destas formas de violência” – declarou o Papa que lembrou o sofrimento dos jovens que “tentam sair da espiral de violência e do inferno das drogas” e também “as mulheres a quem tiraram injustamente a vida”.

Por tudo isto, o Papa Francisco pediu a Deus o dom da conversão:

“Peçamos ao nosso Deus, o dom da conversão, o dom das lágrimas. Peçamos-Lhe a graça de ter o coração aberto, como os Ninivitas, ao seu apelo no rosto sofredor de tantos homens e mulheres. Não mais morte nem exploração! Há sempre tempo para mudar, há sempre uma via de saída e uma oportunidade, é sempre tempo para implorar a misericórdia do Pai.”

Em Ciudad Juarez a mudança já começou nos últimos anos e as taxas de criminalidade baixaram significativamente. O Papa Francisco a isso se referiu lembrando o trabalho de “muitas organizações da sociedade civil em favor dos direitos dos migrantes e do trabalho generoso de religiosas, religiosos e sacerdotes, e de leigos votados ao acompanhamento e à defesa da vida”. Através de transmissão televisiva participaram na Missa com o Papa Francisco mais de 30 mil os fiéis no Estádio da Universidade do Texas no lado norte-americano da fronteira.

No final da celebração em Ciudad Juarez o Papa Francisco despediu-se de todos os mexicanos partindo para Roma e disse ter-se sentido acolhido com muito carinho, e todos confiou à Virgem de Guadalupe para serem testemunhas de misericórdia.

(RS)








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