Papa na fronteira quer dizer não aos muros, diz Vigário de Ciudad Juárez


Cidade do México (RV) – O Papa Francisco concluirá a 12ª viagem apostólica internacional de seu pontificado esta quarta-feira, 17 de fevereiro, visitando Ciudad Juárez, no Estado de Chihuahua, fronteira com a cidade texana de El Paso. Lá o Papa encontrará os detentos na Penitenciária CeReSo n.3, o mundo do trabalho e por fim presidirá a Missa com os migrantes num grande espaço aberto da cidade, próximo ao muro construído na fronteira. A colega do Programa hispano-americano, Mercedes de la Torre, entrevistou o Vigário Episcopal José René Blanco, sobre a expectativa desta visita:

“Primeiramente com grande fé, porque é Cristo Ressuscitado que vem nos encontrar na pessoa do Santo Padrem que vem confirmar-nos na fé em Jesus Cristo. A sua visita nos ajudará a passar da tristeza de tantos anos de violência, vivida na nossa fronteira, à alegria do Espírito Santo. Acolhemos o Papa com todo o nosso sofrimento e com muito amor, com coração aberto, com alegria, porque vem nos confirmar no amor de Deus, como missionário da paz e da misericórdia”.

RV: O Papa Francisco encontrará o mundo do trabalho, os migrantes, os detentos. O que ele quer ressaltar destes encontros?

“Antes de tudo o encontro com os encarcerados e as suas famílias, a primeira etapa da sua visita a Ciudad Juárez. O Santo Padre quer ajudar os presidiários e as suas famílias a encontrarem-se com o amor de Deus, nosso Pai, sempre disposto a perdoar-nos. Quer ajudar a viver a graça do Ano Santo da Misericórdia. Depois o Santo Padre quer convidar-nos a trabalhar pela justiça nas relações de trabalho, pela dignidade da pessoa humana, colocando-a ao centro de todo discurso econômico. Por fim, durante a Missa na fronteira, com o encontro com os migrantes e com as vítimas da violência, o Papa, neste Ano Santo da Misericórdia, nos convida a reconhecer o rosto de Cristo sofredor na face destes nossos irmãos, para recebê-los com amor e servi-los com alegria”.

RV: Qual o significado da Missa na fronteira com os Estados Unidos?

“Todos nós sabemos, pela força de nossa fé, que o Sacramento da Eucaristia é o Sacramento do amor de Cristo, fonte e ápice da vida da Igreja. E o Santo Padre, com esta missa na fronteira entre México e Estados Unidos, quer convidar-nos a não construir muros de indiferença: precisamente ali diante do lugar da missa, existe o muro que foi construído entre o México e os Estados Unidos, como sinal da rejeição dos migrantes. O Papa nos exorta a abater estes muros de indiferença, de rejeição, de ódio, para construir, colaborando com Deus e com o Espírito Santo, pontes de comunhão, de fraternidade, de solidariedade, de amor. Neste lugar se construirá uma igreja muito grande, muito bonita e um centro pastoral a serviço dos migrantes, de educação das crianças e dos jovens, um centro também em defesa das mulheres. Será um grande centro que se chamará “O Ponto” e será construído graças à ajuda de muitos empreendedores e pessoas de boa vontade de todo o México, que colaboraram com este projeto”.

RV: Qual o trabalho que a Igreja de Ciudad Juárez realiza em favor dos migrantes? Qual as relações com a Igreja de El Paso?

“Sim! Há trinta anos foi construída, na nossa Diocese, a “Casa do Migrante”, que há 30 anos acolhe milhares e milhares de famílias migrantes, a quem oferece um teto, comida, acompanhamento e assistência na defesa de seus direitos. Em comunhão com a Diocese de El Paso e Las Cruces, trabalhamos para formar aquilo que se chama o Instituto “Esperança da fronteira”, que é uma iniciativa das três dioceses para trabalhar pela justiça e pela paz, trabalhando e comprometendo-se sobretudo com a formação dos fieis leigos, dos sacerdotes, das religiosas e dos religiosos a serviço dos mais pobres, pela defesa de seus direitos, vivendo na solidariedade”. (JE)

 

 

 








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