2016-02-12 17:56:00

Papa em voo para Cuba e México. Em 2017 será a vez da Colômbia


No voo, para além de enviar telegramas de bons votos, ao chefes de Estado dos países sobrevoados, entre os quais, Portugal, o Papa teve um momento de conversa com os jornalistas de várias nações que o acompanham nesta viagem, no voo papal: 76 ao todo, uma dezena dos quais mexicanos. A palavra foi dada, primeiro, a um deles, a jornalista Valentina Alazraki, decana dos correspondentes no Vaticano. Ela ofereceu um “sombrero” ao Papa “para que se sentisse mexicano” e, num clima jovial, o Papa agradeceu-lhes pelo trabalho que fazem, dizendo que se trata duma viagem intensa, mas muito desejada: “pelo meu irmã Kirill, por mim e pelos mexicanos”.

Em Cuba, no Aeroporto de Havana haverá, como é sabido, o histórico encontro de cerca de duas horas com o Patriarca ortodoxo russo Kirill, encontro do qual se espera uma Declaração conjunta.

Olhando depois para o México, e referindo-se ao manto – a “tilma” em que está representada, não pintada à mão, Nossa Senhora de Guadalupe, o Papa partilhou com os jornalistas um desejo que lhe está muito a peito: “A minha vontade mais íntima é deter-me em frente de Nossa Senhora de Guadalupe, aquele mistério que se estuda, se estuda..., e não há explicações humanas. E é isso que leva os mexicanos a dizer: “eu sou ateu, mas sou guadalupano” . Alguns mexicanos..., nem todos são ateus”.

O Papa disse depois, a brincar, que foi precisamente esta jornalista mexicana que lhe levou, quarta-feira passada, filmes de Cantiflas, nome de arte de um famoso cómico mexicano:

“A vossa decana mexicana estava à minha espera, como que para me fazer entrar no túnel do tempo com todos os filmes de Cantiflas. E assim entrei no México pela porta de Cantiflas, que faz muito rir”.

Ainda em clima jovial, o Papa saudou e agradeceu o Dr. Alberto Gasbarri que trabalha desde há 47 anos no Vaticano, 37 dos quais ocupando-se da organização das viagens papais, sendo esta a última viagem de que se ocupa. Ele será substituído nesta tarefa por D. Maurício Rueda. “Esta é a última viagem na qual nos acompanha o Dr. Gasbarri. Trabalha desde 47 anos no Vaticano. Entrou com 3 anos, 4 anos para trabalhar. É desde 37 anos que realiza viagens. Mas digo isto para que possamos, durante estes dias, exprimir-lhe a nossa gratidão”.

Conversando depois com um jornalista colombiano, o Papa confirmou que no próximo ano, em 2017, estará na Colômbia para a assinatura dos acordos de paz entre o governo e os rebeldes das FARC. 

(Padre Lombardi): Nós tínhamos procurado dizer ao Papa de estar traquilo, de repousar-se na viagem entre Cuba e o México; mas ele está tão  cheio de entusiasmo e de alegria depois desse encontro, que  quis absolutamente ter novamente um encontro connosco, para nos manifestar os seus sentimentos e dizer  o que pretendia.

(PapFrancisco): Boa tarde. Creio que com a Declaração que recebestes (a Declaração comum com o Patriarca  Kirill), tendes trabalho para toda a noite e também para amanhã! Por isso  não fazemos perguntas e respostas, mas  gostaria de vos expressar os meus sentimentos. Antes de mais, o sentimento de acolhimento e de disponibilidade do presidente Castro. Eu tinha falado com ele deste encontro, a vez passada, e estava disposto a fazer tudo e vimos que  preparou tudo para isso. E é preciso agradecer isto. Em segundo lugar  com o Patriarca Kirill. Foi uma conversação entre irmãos. Falamos de pontos claros, que preocupam ambos. Com toda a franqueza. Senti-me diante de um irmão e ele também disse-me a mesma coisa.  Dois bispos que antes de mais falam da situação das suas Igrejas e em segundo lugar sobre a situação do mundo, das guerras - guerras que agora arriscam a não ser já guerras aos pedaços, mas que envolvem tudo e da situação  da ortodoxia, do próximo Sinodo pan-ortodoxo… Mas eu vos digo, verdadeiramente sentia uma alegria interior que era de facto do Senhor. Ele falava livremente e eu também falava livremente. Sentia-se a alegria. Os dois tradutores eram todos eles pertinentes.   

Foi uma conversação “a seis olhos”: o Patriarca Kirill, eu, Sua Eminência o Metropolita Hilarion e Sua Eminência o Cardeal Koch, e os dois tradutores, mas  com toda a liberdade. Falávamos nós os dois e aos outros eram dirigidas algumas perguntas. Em terceiro lugar foi feito um programa de possíveis actividades em comum, porque a unidade faz-se caminhando.

Uma vez disse eu, que se a unidade for feita no escritório, estudando a teologia e o resto, eventualmente pode chegar o Senhor e nós estaremos ainda fazendo a unidade. A unidade faz-se caminhando: que pelo menos quando o Senhor vier nos encontre caminhando. Depois assinámos esta Declaração que tendes nas mãos: haverá tantas interpretações, tantas…, mas, se houver alguma dúvida o Padre Lombardi  poderá dizer o verdadeiro significado da coisa. Não é uma Declaração política, não é uma Declaração sociológica, é uma Declaração pastoral, mesmo quando se fala do secularismo  e de coisas explícitas, da manipulação biogenética  e de todas essas coisas, e eu fiquei feliz. Agora esperam-me 23 km de Papamóvel aberto... Agradeço-vos tanto  pelo vosso trabalho: fazei o que vos for possível! Muito obrigado, obrigado.

(Padre Lombardi): Muito obrigado a Si Santidade, e boa viagem.

(DA/MM)








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