Leigos, fermento do Evangelho na sociedade


Cidade do Vaticano (RV) - No nosso espaço Memória História - 50 anos do Concílio Vaticano II, vamos continuar a tratar, na edição de hoje, do Decreto Apostolicam actuositatem sobre o Apostolado dos Leigos.

No programa passado, vimos que o Decreto Apostolicam actuositatem sobre o Apostolado dos Leigos, promulgado por Paulo VI em 18 de novembro de 1965, nasceu a partir de outros documentos, mesmo anteriores ao Concílio Vaticano II. Ademais, já havia no seio na Igreja a ação de diversos grupos, o que pré-anunciava a necessidade de uma mudança. Assim, o Vaticano II percebeu que não seria possível fazer uma atualização da Igreja sem falar dos leigos, nascendo então aquela ideia de "Igreja,  povo de Deus", com uma nova maneira de interpretar, de entender a Igreja.

O protagonismo dos leigos na Igreja, no entanto, já era tema de reflexão de diversos teólogos, como nos explica o Presidente da Comissão Episcopal para o Laicato da CNBB, o Bispo de Caçador (SC), Dom Severino Clasen:

"E temos diversos autores que falavam e também traziam contribuições sobre a reflexão teológica dos leigos. Não vou citar todos, mas apenas um que foi antes do Concílio,  mas foi o grande redator também da Lumen gentium, que foi o teólogo belga Gerhardt Phillips. Ele foi o único a buscar uma abordagem positiva do conceito de leigo no decorrer dos anos de 50 e 60, e sua pretensão é formular mais claramente possível à luz da Verdade Revelada, os princípios exatos que dizem respeito ao lugar e à tarefa do laicato na Igreja. Então este teólogo, depois tem uma grande influência no Concílio Ecumênico Vaticano II, acredito que por isto também,  se produziu este documento para apostolado dos cristãos leigos, destacando qual é de fato a tarefa dos leigos na Igreja. Mas a Igreja também não é uma entidade isolada do mundo, e por isto é importante também falar, o testemunho de ser Igreja não é apenas dentro de um templo, mas sim levar este testemunho, este espírito para fora da Igreja e ser testemunho na fábrica, na política, na faculdade, no mundo da educação, das comunicações, enfim. Onde que os cristãos estão atuando, deve ser o espaço privilegiado para serem testemunhas, fermento do Evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo".

O Decreto Apostolicam Actuositatem vem elucidar o aspecto positivo da ação dos cristãos leigos na Igreja, buscando também conciliar o próprio termo "leigo", como nos explica Dom Clasen:

"Nós temos muitas vezes esta dificuldade, uma visão negativa. Por exemplo, às vezes a gente ouve estas expressões ainda: "eu sou leigo no assunto", quer dizer, "eu não entendo nada". Então o leigo é aquele que não entende nada. Vamos virar, vamos mudar,  vamos converter esta mentalidade. Leigo é aquele que deve participar.  E o documento quer nos trazer esta dimensão positiva, qual é de fato a missão na Igreja e no mundo. Qual é o munus profético, sacerdotal e regio dos leigos. Quais são as questões específicas da missão dos cristãos. Olhemos bem as nossas Igrejas. Aqui por exemplo, no Brasil, quantas pessoas envolvidas na catequese, ministros extraordinários da Comunhão, Ministros da Esperança, a Pastoral da Criança, Pastoral do Idoso, a Juventude. Enfim, na Liturgia. São inúmeros, são milhares e milhares de pessoas atuando. Agora, esta liga, ela deve acontecer também no mundo secular. Por isto, é o cristão leigo e leiga. Eles atuam no mundo secular, é na família, é na dimensão profissional e tudo mais. Então este Documento ele vem para elucidar, para abrilhantar o aspecto positivo da ação dos cristãos leigos, sendo agentes de transformação no mundo e também na Igreja".

"Eu diria, em poucas palavras, este documento fala isto, os vários campos do apostolado, as formas de apostolado, a ordem de observar no apostolado, a formação para o apostolado. Aliás, a dimensão formativa  ela é importantíssima, para que de fato se crie uma consciência a partir do verdadeiro conhecimento do saber, para que assim a gente não fique jogando no ar coisas que não tem nada a ver ou quando a gente acha que não deve participar, que nós somos tantas pessoas falando nas suas atividades individuais. "Eu faço a minha parte do jeito que penso e não tenho um conhecimento mais profundo". Então eu acho que este é um ponto que devemos trabalhar e conscientizar". (JE)

 

 

 

 








All the contents on this site are copyrighted ©.