Chade: Mensagem dos bispos por um desenvolvimento integral


Ndjamena (RV) - Os bispos da República do Chade lançam um convite a refletir sobre as condições éticas de um desenvolvimento real e duradouro. O convite está contido numa mensagem para este 2016, que se coloca em continuidade com a que foi proposta no ano precedente por um renascimento dos valores humanos e espirituais.

O Jubileu é um momento favorável para abrir o coração e os olhos para ver aquilo de que sofre o homem chadiano hoje, ressaltam os prelados traçando o perfil atual do país do centro-norte da África:

Muita pobreza nos vilarejos; escassa capacidade de organizar a economia familiar; escolas sem professores e desprovidas de instrumentos didáticos; centros hospitalares onde faltam medicamentos e profissionais especializados; terras agricultáveis nas mãos dos novos ricos e camponeses reduzidos quase a uma situação de escravidão; ausência de lugares de vida associativa para os jovens.

Nas cidades, superlotadas devido ao êxodo das zonas rurais, ainda falta água potável; há pouca solidariedade e a delinquência está encontrando terreno fértil, ao mesmo tempo, constata-se um aumento da insegurança.

Falta de competências técnicas e profissionais no país

“Prevalece... uma baixa qualidade de vida e falta uma perspectiva de futuro”, escrevem os bispos que denunciam também a incapacidade, nas famílias, de gerir bens materiais e dinheiro. São também escassas as competências técnicas e profissionais. Muitos jovens escolhem uma formação genérica esperando um emprego público que lhes assegure um futuro.

Enquanto isso, há necessidade de profissionais especializados, sobretudo a serem destinados às infraestruturas primárias, carentes no país. Além disso, a contribuição das mulheres na economia não é reconhecida e a dignidade delas não é totalmente respeitada.

ONGs limitam-se muitas vezes ao assistencialismo

As ONGs não oferecem ajudas úteis: mais do que favorecer à promoção humana, limitam-se ao assistencialismo e não envolvem a população em projetos. Desse modo, observa a Conferência episcopal, o povo não é motivado a melhorar suas condições de vida. Ademais, algumas organizações muitas vezes estão mais preocupadas com a própria sobrevivência e se aproveitam das míseras condições em que muitos vivem.

Para os bispos, o verdadeiro desenvolvimento inclui todas as dimensões do ser humano

Os bispos do Chade evidenciam a chaga da corrupção presente em todos os setores da vida sócio-política e econômica do país e, em muitos, uma carente consciência profissional e falta do sentido do bem comum.

Diante de tudo isso, os prelados frisam que “um verdadeiro desenvolvimento deve incluir também as dimensões sociais, culturais e espirituais do ser humano”, que não se pode “desfrutar a natureza de modo egoísta e irracional”, que “o desenvolvimento deve ser percebido como um combate à pobreza em todas as suas formas... que permita ao homem dispor dos bens necessários para levar uma vida digna”, para que possa “sair da sua ignorância e... seus direitos fundamentais lhe sejam reconhecidos”.

“Devemos tomar consciência do fato de que ninguém deve assumir nosso lugar para sair da pobreza”, acrescentam os bispos em sua mensagem. “A ajuda externa jamais pode substituir o esforço pessoal para sair de uma situação de miséria, ela deve apenas ajudar projetos de investimento capazes de produzir recursos”.

Também a fé cristã pode contribuir para o crescimento do Chade, sobretudo neste Ano da Misericórdia

Os bispos acrescentam que “é um erro crer que a religião não tem nada a ver com o desenvolvimento... a nossa fé deve ser traduzida em obras”.

Por fim, os bispos do país africano fazem um apelo, neste Ano da Misericórdia, “a manifestar o amor de Deus aos pequenos e aos pobres, muitas vezes mantidos à margem do sistema econômico, da política e das influências culturais de hoje”.

“Como discípulos de Cristo somos chamados a viver a caridade através das obras de misericórdia... o desenvolvimento exige que assumamos com coragem nossas responsabilidades. Todos devem ter a convicção de que Deus deu a cada um dons particulares para o serviço do bem comum”, concluem os bispos. (RL)








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