Dom Aziz Mina: Natal mais sereno para os Coptas, após mudanças no Egito


Cairo (RV) – As Igrejas Orientais que seguem o Calendário Juliano vivem nesta quarta-feira, 6, a vigília da celebração do Natal, como recordado pelo Papa Francisco no Angelus da Epifania. Uma destas comunidades é a Igreja Copta, que se preparara para celebrar a Natividade de Jesus em clima de maior distensão em relação aos anos precedentes, marcados pela violência jihadista que incendiou e ensanguentou igrejas e mosteiros. A este respeito, a Rádio Vaticano entrevistou o Bispo de Giza, Antonious Aziz Mina:

“Neste ano o Natal tem um sabor um pouco diferente, visto que é o Ano da Misericórdia. Em todas as Eparquias abrimos a Porta Santa e nos preparamos para o Natal neste clima. O nascimento de Cristo é o ícone da Misericórdia de Deus, é a presença da misericórdia encarnada entre nós”.

RV: A Igreja no Egito tem atravessado momentos difíceis e muito dolorosos nestes últimos anos. Como está a situação agora?

“A situação está calma. Com os moderados temos uma ótima relação. Temos dificuldades com os fanáticos que não são somente contra os cristãos, mas são contra todos. Os cristãos talvez sejam somente o caminho para chegarem a todos para perturbar, para colocar o país em desordem”.

RV: Vocês tem recebido algum tipo de ameaça  jihadista?

“Estas ameaças estão sempre na ordem do dia, sobretudo nos dias de festa. Algumas vezes as levamos a sério, outras vezes não. É a mesma idêntica coisa com as ameaças na Europa, têm até mesmo ameaçado o Vaticano... Mas neste ano devemos realmente agradecer ao Senhor porque olhando à nossa volta – da Síria à Líbia, ao Iêmen – aqui no Egito conseguimos, com a ajuda de Deus, colocar em junho de 2013 os pés no caminho correto, fazendo a Constituição, depois as eleições presidenciais, depois as parlamentares – os parlamentares se reúnem dia 10 deste mês. Isto demonstra que o Egito colocou os pés nos trilhos e rompeu a cadeia da Irmandade Muçulmana, voltada à criação deste estado islâmico, o Daesh”.

RV: Portanto, este renovado clima de fraternidade beneficiou também as relações entre as comunidades católica e muçulmana...

“Entre todos. Quando participei da redação da Constituição na Comissão eu disse: “Eu venho para defender os direitos de todos os egípcios”. Não existem somente os “direitos dos cristãos”. Existem os direitos dos cidadãos sobretudo, porque quando todos os egípcios tiverem os seus direitos, por consequência também os cristãos os terão. Esta divisão é fictícia. Não é seguida, então agora devemos falar de cidadania e de humanidade. O homem é o homem e tem o seu valor em si mesmo, quer seja cristão, muçulmano ou ateu”.

RV: Neste sentido, gostaria de lhe pedir, como Bispo, mas também como egípcio, quais são os augúrios que o senhor faz para o seu país?

“Para o meu país dirijo um augúrio, o mesmo que dirijo a todo o mundo. Um augúrio de paz verdadeira, interna, que sai do coração e que reconcilia a pessoa consigo mesma, com os outros e com todo o mundo, esta é a primeira coisa. A segunda coisa que quero desejar é a felicidade, que não chega se não com um amor intenso com Deus, que se reflete obrigatoriamente nas relações com os outros”. (JE)








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