Cardeal Tempesta: 49º Dia Mundial da Paz


Rio de Janeiro (RV) - No primeiro dia de cada ano, nós celebramos o Dia Mundial da Paz. Esta data foi instituída pelo Beato Papa Paulo VI. Por ocasião da data, é costume o Papa enviar uma mensagem ao mundo a respeito do assunto.

Para o 49º Dia Mundial da Paz, a terceira mensagem do Papa Francisco tem como tema: “Vence a indiferença e conquista a paz”. Para apesentar o tema proposto pela mensagem, o Santo Padre fala dos seguintes tópicos: 1- conservar as razões da esperança; 2- algumas formas de indiferença; 3- A paz ameaçada pela indiferença globalizada; 4- da indiferença à misericórdia: a conversão do coração; 5- fomentar uma cultura de solidariedade e misericórdia para se vencer a indiferença; 6- A paz, fruto duma cultura de solidariedade, misericórdia e compaixão; 7- A paz, sob o signo do Jubileu da Misericórdia.

Segundo o Papa Francisco: a indiferença em relação aos flagelos do nosso tempo é uma das causas principais que prejudica a paz no mundo. “A indiferença hoje é, frequentemente, associada a várias formas de individualismo que produzem isolamento, ignorância, egoísmo, e isso leva ao desinteresse”. O aumento das informações em si não é sinônimo de maior atenção aos problemas, se não for acompanhado por uma abertura das consciências no sentido de solidariedade; para obter tal objetivo é indispensável a contribuição que podem dar, além das famílias, os educadores, todos os formadores, os agentes culturais e da mídia, os intelectuais e os artistas. Na verdade, a indiferença pode ser vencida somente enfrentando juntos este desafio.

1- conservar as razões da esperança       

         Com o Jubileu da Misericórdia, o Santo Padre quer convidar a Igreja a rezar e trabalhar para que cada cristão possa maturar um coração humilde e compassivo, capaz de anunciar e testemunhar a misericórdia, de “perdoar e dar”, de abrir-se “àqueles que vivem nas mais variadas periferias existenciais, que muitas vezes o mundo contemporâneo cria de forma dramática”, sem cair “na indiferença que humilha, na habituação que anestesia o espírito e impede de descobrir a novidade, no cinismo que destrói” (Misericordiae Vultus, n.14-15).

2- algumas formas de indiferença

         A primeira forma de indiferença na sociedade humana é a indiferença para com Deus, da qual deriva também a indiferença para com o próximo e a criação. Aqui, o Papa Francisco fala dos graves efeitos dum falso humanismo e do materialismo prático, combinados com um pensamento relativista e niilista. A indiferença para com o próximo assume diferentes fisionomias.

3- A paz ameaçada pela indiferença globalizada

         A indiferença e consequente desinteresse constituem uma grave falta ao dever que cada pessoa tem de contribuir – na medida das suas capacidades e da função que desempenha na sociedade – para o bem comum, especialmente para a paz, que é um dos bens mais preciosos da humanidade.

4- da indiferença à misericórdia: a conversão do coração

         O Papa Francisco diz: “a misericórdia é o coração de Deus. Por isso deve ser também o coração de todos aqueles que se reconhecem membros da única grande família dos seus filhos; um coração que bate forte onde quer que esteja em jogo a dignidade humana, reflexo do rosto de Deus nas suas criaturas. Jesus adverte-nos: o amor aos outros – estrangeiros, doentes, encarcerados, pessoas sem-abrigo, até inimigos – é a unidade de medida de Deus para julgar as nossas ações. Disso depende o nosso destino eterno”.

5- fomentar uma cultura de solidariedade e misericórdia para se vencer a indiferença

         Quanto a esse ponto, vai expressar o Papa Francisco: para obter tal objetivo "é indispensável a contribuição dada, além das famílias, por educadores, todos os formadores, os operadores culturais e os meios de comunicação, os intelectuais e os artistas". “A paz deve ser conquistada: não é um bem que se obtém sem esforços, sem conversão, sem criatividade e sem dialética”.

6- A paz, fruto duma cultura de solidariedade, misericórdia e compaixão

         A paz é possível lá onde o direito de cada ser humano é reconhecido e respeitado segundo a liberdade e a justiça. Aqui, o Santo Padre ressaltou os trabalhos sociais e humanitários: “há muitas organizações não-governamentais e grupos sócio-caritativos, dentro da Igreja e fora dela, cujos membros, por ocasião de epidemias, calamidades ou conflitos armados, enfrentam fadigas e perigos para cuidar dos feridos e doentes e para sepultar os mortos. Ao lado deles, quero mencionar as pessoas e as associações que socorrem os emigrantes que atravessam desertos e sulcam mares à procura de melhores condições de vida. Estas acções são obras de misericórdia corporal e espiritual, sobre as quais seremos julgados no fim da nossa vida”.

7- A paz, sob o signo do Jubileu da Misericórdia

         No espírito do Jubileu da Misericórdia, cada um é chamado a reconhecer como se manifesta a indiferença na sua vida e a adotar um compromisso concreto que contribua para melhorar a realidade onde vive, a começar pela própria família, a vizinhança ou o ambiente de trabalho.

         Portanto, a mensagem de 2016 quer ser um instrumento do qual partir para que todos os homens de boa vontade, em particular “aqueles que trabalham na educação, na cultura e na mídia ajam segundo as próprias possibilidades e suas melhores aspirações para construir juntos um mundo mais consciente e misericordioso e, portanto, mais livre e justo”.

 

         Orani João, Cardeal Tempesta, O.Cist.

Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ

         








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