Editorial: Ele é a nossa paz


Cidade do Vaticano (RV) – Neste tempo de Natal revivemos a esperança da memória do nascimento de Jesus. Tempo propício para recordar a bondade de Deus que se fez homem, nascendo em uma gruta. O Senhor do Universo nasceu entre os últimos, entre os pobres.

Nos dias passados, na sua homilia na Capela da Casa Santa Marta, o Papa Francisco pedia que a Igreja fosse humilde, pobre e que tivesse confiança em Deus, sublinhando que a pobreza é a primeira das Bem-aventuranças, acrescentando: “a verdadeira riqueza da Igreja são os pobres, não o dinheiro ou o poder mundano”.

E como ser uma Igreja fiel ao Senhor, perguntou-se o Papa: sendo humildade, pobre e confiante no Senhor, respondeu.

Quê Deus que nos dê um coração humilde, quê nos dê um coração pobre e, sobretudo, um coração confiante porque o Senhor jamais desilude.

Vivemos também neste ano a noite que mudou a história do homem, a noite de Belém que azerou o tempo e dilatou o espaço: uma nova história da humanidade que começou com quem, na cidade da história, sempre viveu na periferia. Começou com o privilégio da "grande luz" que deslumbrou olhos sonolentos: os dos pastores. “Os pastores - recordou Francisco no Natal de 2013 - foram os primeiros a receber o anúncio do nascimento de Jesus”. Eles foram os primeiros porque eles estavam entre os últimos, os marginalizados. E foram os primeiros porque vigiavam na noite, cuidando do seu rebanho.

“Paz na terra aos homens de boa vontade” dizem aos pastores os mensageiros do céu. E eles não dizem algo diferente aos últimos e aos primeiros da era das crises globalizadas e do terror que nos dias de hoje causam mortes sem sentido. “O curso dos séculos - disse Francisco na véspera do Natal do ano passado - foi marcado pela violência, a guerra, o ódio, a opressão. Mas Deus, que havia colocado suas expectativas no homem feito à sua imagem e semelhança, esperava”.

Ele esperou tanto tempo que talvez em algum momento poderia ter até renunciado. Mas Ele não podia desistir, não podia negar a si mesmo. Então, Ele continuou a esperar pacientemente diante da corrupção dos homens e dos povos. A paciência de Deus, como é difícil entender isso. A Paciência de Deus para conosco.

O Filho de Deus nasceu: tudo muda, disse Francisco na Noite de Natal. O Salvador do mundo vem para Se tornar participante da nossa natureza humana: já não estamos sós e abandonados. A verdadeira luz vem iluminar a nossa existência, muitas vezes encerrada na sombra do pecado.

Descobrimos de novo quem somos! Do Menino, que, no seu rosto, traz gravados os traços da bondade, “da misericórdia e do amor de Deus Pai, brota a vontade de “renúncia à impiedade” e à riqueza do mundo, para vivermos com sobriedade, justiça e piedade”.

Onde nasce Deus, nasce a esperança, afirmou ainda Francisco na sua mensagem Urbi et Orbi no dia de Natal. Onde nasce Deus, nasce a paz. E, onde nasce a paz, já não há lugar para o ódio e a guerra. E, no entanto, precisamente lá onde veio ao mundo o Filho de Deus feito carne, continuam tensões e violências, e a paz continua um dom que deve ser invocado e construído.

Deus nosso Pai é paciente, nos ama, nos deu Jesus para nos guiar no caminho em direção à terra prometida. Ele é a luz que dissipa as trevas. Ele é a misericórdia. Ele é nosso Pai que sempre nos perdoa. Ele é a nossa paz. Deus é paciente, é Pai, e espera a conversão dos seus filhos.  É preciso começar onde existem as exclusões, as marginalizações, onde há fome. Eis o projeto para o ano novo que se aproxima realizar as bem-aventuranças. (Silvonei José)

 

 








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