"Deus caritas est" completa dez anos. Uma grande mensagem, diz Dom Toso


Cidade do Vaticano (RV) – A Encíclica de Bento XVI Deus Caritas est tem a data de 25 de dezembro. Um tema acolhido em um mundo atravessado por crises, conflitos e tensões como um chamado à esperança. Deus é amor, é o anúncio que Bento XVI dirigia ao mundo contemporâneo, é ele que dá vida ao mundo, mas é um Deus que tem um rosto e um coração humano em Jesus. Para celebrar os dez anos da Encíclica, o Pontifício Conselho Cor Unum está trabalhando na organização de um Simpósio Internacional a ser realizado em fevereiro próximo, no Vaticano. A este respeito, a Rádio Vaticano entrevistou Dom Giovanni Dal Toso, Secretário do dicastério vaticano:

“Um ponto fundamental ou talvez o ponto fundamental da Encíclica, que foi a primeira Encíclica do Papa Bento, portanto de qualquer maneira, também a sua Encíclica programática, é exatamente isto:  mostrar quem é o Deus cristão e qual é o nome do Deus cristão. O nome do Deus cristão é “caridade”, é “amor”. Eu penso que esta grande mensagem do Papa Bento quis colocar no centro qual é a vontade de Deus em relação ao homem e por isto foi importante reiterá-la. A vontade de Deus em relação ao homem é a de poder amá-lo: pensemos também nestes dias de Natal, em que precisamente se manifesta isto. Deus nasce por nós, torna-se homem, torna-se carne como nós, justamente para dar a conhecer ao homem o amor de Deus. Para mim, também este fato de ter desejado sublinhar desde o início de que Deus é caridade – Deus caritas est” – para mim isto é fundamental também porque dá uma conotação muito clara, mesmo àquilo que nós entendemos por caridade, isto é: quem nos disse o que é a caridade, é exatamente Deus. Para mim não é nem um pouco irrelevante o fato de que o próprio conceito de “ágape”, portanto, de caridade, entrou na história do homem com o cristianismo, porque caridade entende o amor como dom de si, como dar-se plenamente ao outro”.

RV: De fato, apresentando a Encíclica, Bento XVI disse: “O termo  “amor” tornou-se hoje uma das palavras mais usadas e mesmo abusadas... Devemos retomá-la, devolver a ela o seu esplendor original. Foi a consciência disto que me induziu a escolher o amor como tema da Encíclica”...

“De novo, eu posso somente sublinhar o que disse o Papa Bento. De amor hoje se fala – ou talvez sempre se tenha falado – de muitas maneiras diferentes; para nós cristãos é importante, pelo contrário, hoje, justamente onde vemos que existe esta dificuldade nas relações humanas, esta dificuldade também da confiança em relação ao outro, apropriarmo-nos novamente desta expressão “caridade” que diz, pelo contrário, qual é a maneira em que o cristão se relaciona com o outro e se relaciona com o outro porque Deus relacionou-se assim conosco. Deste modo, dizemos a que realmente fomos chamados, como pessoas, justamente nesta chave de “dom de si”: é um amor que se expressa nas diversas dimensões. Como nós somos feitos de corpo e alma, assim o amor se expressa no corpo e se expressa na alma. Gosto neste sentido, de recordar como o Papa Francisco tenha muito desejado sublinhar, para o Jubileu, o discursos das obras de caridade corporal e espiritual”.

RV: Bento XVI sublinha que o amor não é somente individual, mas é comunitário, e fala das obras de caridade da Igreja....

“Isto para nós é claramente uma passagem muito importante, porque o nosso Pontifício Conselho é aquele que é chamado a orientar, a ajudar os grandes organismos católicos de caridade. Para nós, neste sentido, foi muito importante nos apropriarmos novamente, ter aprofundado novamente o termo da caridade, e foi muito importante, depois, que esta Encíclica tenha desejado colocar o serviço da caridade, isto é, aquilo que a Igreja faz concretamente nos diversos âmbitos – da saúde à educação, à assistência – no centro da vida da Igreja. E me aprece que também, depois, a Providência tenha desejado Papa Francisco que de novo sobre este tema – como sabemos – é muito claro e também muito insistente”.

RV: E mais vezes pede para distinguir: “A Igreja – diz – não é uma organização humanitária, uma ONG”...

“Isto ele o repete e me parece que também nisto esteja de acordo com o Papa Bento, que na Deus caritas est diz que a Igreja não pode fazer a caridade simplesmente como uma organização não governamental mas a Igreja, sendo o sujeito da caridade, vive nesta sua missão ligada às outras suas missões que são a proclamação da Palavra de Deus e a celebração dos Sacramentos: isto é, algo inseparável. Também justamente pela fidelidade ao próprio homem que queremos servir”. (JE)








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