Patriarca Latino de Jerusalém: "Venham nos encontrar sem medo"


Jerusalém (RV) – Uma exortação para trabalhar pela paz, um apelo aos peregrinos para visitarem a Terra Santa e uma injeção de esperança nas populações do Oriente Médio. Este foi o teor da mensagem de Natal do Patriarca Latino de Jerusalém, Fouad Twal, que no Ano Santo da Misericórdia não esquece as vítimas do terrorismo e aqueles que são obrigados a deixar a própria terra devido às guerras. A Rádio Vaticano perguntou ao Patriarca, o por quê da escolha de iniciar a mensagem, justamente dirigindo-se aos líderes israelense e palestino:

“Temos a necessidade da coragem deles para darem juntos um passo concreto, para fazer entender que são sérios e que buscam o bem dos povos, porque as pessoas perderam a confiança e não acreditam mais nos discursos deste grandes líderes, que não sevem para fazer a paz. Sinto dizê-lo, porém se não realizam gestos concretos para convencer de sua boa vontade, permanecem com pouca credibilidade nos comícios, nos encontros, no diálogo”.

RV: O senhor usou uma expressão que o Papa repete com frequência: “terceira guerra mundial em pedaços”...

“Na guerra se conhecem os próprios inimigos, mas na nossa situação são pequenos pedaços, muito pequenos, e não se conhece quem é o próprio adversário. Existem crianças, adolescentes que brincam com a faca e isto não ajuda ninguém, porque não é um grupo, não é um exército, não é um partido: são brinquedos de desesperados com as facas. Por outro lado, existem os militares israelenses que perderam os nervos e é fácil que “brinquem” com a metralhadora, matando sem hesitar nem menos um segundo. É um jogo sujo feito por ambas as partes, que não resolve o problema e não ajuda: pelo contrário, aumenta o ódio, o horror, a desconfiança. Uma pena!”.

RV: O senhor denunciou aqueles que alimentam a venda de armas. Nas últimas horas aumentou a tensão entre Israel e o Líbano. Por que?

“Enquanto houver a venda de armas, os guerrilheiros farão a guerra. Já não sabemos quem é terrorista e quem não o é. Sabemos que existem terroristas na Síria que se chamam al Nusra e que, ao mesmo tempo, são atendidos nos hospitais israelenses. Não entendemos onde está o terrorista, quem está por trás dele, quem o alimenta... É uma confusão total! Nós, depois, vivemos diretamente o efeito da guerra na Síria: temos cerca de um milhão e meio de refugiados somente na nossa diocese na Jordânia, isto sem falar nos mortos. Somente o Ano da Misericórdia pode dar uma resposta: mais respeito pela dignidade humana, mais misericórdia de uns pelos outros, mais misericórdia entre os Estados. Temos tanta necessidade disto. Nestes dias aqui no Patriarcado não faltam os encontros, quer com os israelenses, quer com aqueles que se ocupam da segurança, quer com os palestinos. Não faço outra coisa do que repetir que já é tempo de entender o outro, o medo do outro, de ter misericórdia pelo outro. Em todos estes momentos falta um aspecto humano: existem tantos adolescentes, crianças, anciãos, mães, que não têm nada a ver com a guerra e ninguém leva em consideração o sofrimento deles. Existem os terroristas, existe a guerra, existe o exército, mas existe todo um povo que não tem nada a ver com isto. Esperamos que o Natal que se aproxima seja um Natal novo que traga mais paz, mais misericórdia por todos”.

RV: O que representa este Natal para os cristãos da Terra Santa no Ano Santo da Misericórdia?

“No Natal decidimos cantar a nossa alegria, acreditar no futuro e na solidariedade dos nossos amigos no mundo. Convidamos a todos a vir nos encontrar sem medo. Rezemos uns pelos outros. Natal permanece sempre Natal e disto parte a esperança, a alegria, a simplicidade da vida, a confiança de uma criança. Ontem eu estava em Gaza, onde fizeram uma gruta. Também Jesus Menino teve uma gruta. Temos tantos refugiados, crianças pequenas que não têm nem mesmo uma para proteger-se do frio. Como que para dizer que o pequeno Menino Jesus teve sorte, porque encontrou uma gruta. São tantos que não tem mesmo esta. Acreditamos ainda na força da oração. Que o Senhor abençoe a todos e nos dê um ano novo que – esperamos – seja pleno de paz e alegria”. (JE)








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