Papa é entrevistado pela revista Crer


Cidade do Vaticano (RV) - O Papa Francisco concedeu, nesta quarta-feira (02/12), uma entrevista à revista Crer, publicação oficial do Ano Santo Extraordinário da Misericórdia.

Jubileu, resposta do Espírito Santo

“Não foi uma estratégia, mas algo que senti dentro de mim. O Espírito Santo queria alguma coisa”, respondeu o Papa à revista que lhe perguntou por que decidiu proclamar o Jubileu Extraordinário da Misericórdia que se realizará do próximo dia 8 a 20 de novembro de 2016. “Um tema destacado também por Paulo VI e João Paulo II”, disse o pontífice. 

“O mundo hoje precisa de misericórdia e compaixão diante do habituar-se a notícias más e cruéis, atrocidades enormes que ofendem o nome e a vida de Deus. Por isso, o mundo precisa descobrir que a crueldade e a condenação não são o caminho”, frisou Francisco.

Igreja, hospital de campanha

“A própria Igreja às vezes segue a linha dura, cai na tentação de sublinhar somente normas morais deixando de fora muita gente”, disse o Papa reiterando que a Igreja deve ser como “um hospital de campanha depois da batalha”, em que “os feridos são curados e ajudados a curar, e não submetidos a análises para o colesterol”. “Diante do tráfico e a produção de armas, do assassinato de inocentes nas formas mais cruéis possíveis, diante da exploração de pessoas e menores, diante do sacrilégio que está sendo feito contra a humanidade, Deus Pai diz: Parem e venham a mim”, sublinhou o Santo Padre.

Sou pecador

Francisco falou de sua vida pessoal. “Sou pecador e sou um homem perdoado que Deus curou com misericórdia. Até hoje cometo erros e pecados e me confesso a cada 15 ou 20 dias para sentir a misericórdia de Deus”, disse. O Papa recordou também o dia 21 de setembro de 1953 quando aos 17 anos sentiu o chamado vocacional graças ao Sacramento da Reconciliação e o encontro com o seu confessor, um sacerdote de Corrientes, Pe. Carlos Benito Duarte Ibarra. Do dia 21 de setembro, memória litúrgica de São Mateus, deriva também o seu moto episcopal, “Miserando atque eligendo”, porque Jesus “olhou Mateus, teve misericórdia e o escolheu”. “Mas a tradução literal seria “misericordiando e escolhendo, quase como um trabalho artesanal. Anos depois me dei conta de que o Senhor tinha me modelado artesanalmente com a Sua misericórdia”, disse o Papa.

Ternura

Respondendo a uma pergunta sobre a maternidade de Deus onde, segundo a Bíblia, mora a misericórdia, Francisco recordou a importância “da ternura do Senhor que nasce das vísceras, porque Deus é pai e mãe”, e convidou à “revolução da ternura” a fim de ter um “comportamento mais tolerante e mais paciente para com os outros”. 

“Continuarei dizendo que hoje a revolução é a da ternura porque dela vem a justiça. A revolução da ternura deve ser cultivada como fruto deste Ano da Misericórdia”, frisou.

Gesto de misericórdia

O Papa disse que durante o Jubileu “uma sexta-feira de cada mês” fará um gesto diferente para testemunhar a misericórdia de Deus, um gesto que será como “uma carícia”, aquela que os pais dão a seus filhos para dizer-lhes: “Te amo”. (MJ)

 








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