Viagem do Papa marcará vida dos centro-africanos, diz missionário


Bangui (RV) – “Uma atmosfera muito bonita, como não se respirava há anos”. Esta é a impressão deixada pelo Papa Francisco na sua visita à República Centro Africana nos dias 29 e 30 de novembro, segundo o sacerdote carmelita Aurelio Gazzera, que participou do encontro com o Papa em Bangui, guiando uma delegação de 50 pessoas de sua paróquia em Bozoum.

“Nós fizemos sacrifícios para estar aqui, pois sabíamos que a visita do Papa é um evento histórico. Devemos agradecer ao Papa Francisco por ter tido a coragem de vir aqui, não obstante as ameaças, não obstante tenham tentado dissuadi-lo de todas as maneiras para não visitar a República Centro Africana”, disse Padre Aurelio.

O missionário contou à Agência Fides um dos episódios que mais lhe marcaram durante a visita. “Na manhã de 30 de novembro, pouco antes das 9h30, ouvimos um rumor no estádio onde os fieis aguardavam a Missa com o Santo Padre. Pensamos que o Papa Francisco havia chegado, no entanto quem chegava era o Imame Oumar Kobine Layama, que trabalha em estreito contato com Dom Dieudonné Nzapalainga, Arcebispo de Bangui, e com o Presidente da Aliança Evangélica, o Pastor Nicolas Guérékoyaméné-Gbangou, na união dos líderes religiosos pela paz. E foi bonito que o acolhemos neste modo. A acolhida da Presidente Catherine Samba Panza não foi assim tão calorosa”. “Isto demonstra – explicou o missionário – que a guerra civil centro-africana, apresentada como um conflito religiosos, é na verdade, um conflito onde entra a política e economia, a luta pelo controle das matérias-primas, etc”.

“Na saída do estádio, milhares de pessoas foram obrigadas a sair por um portão de 3 metros de largura. Vocês podem imaginar a multidão e os empurrões. Mas não aconteceram incidentes, não havia nenhuma pessoa irritada, antes pelo contrário, vi somente rostos sorridentes e tranquilos. Era realmente uma atmosfera diferente do normal. Creio que tenha sido a primeira vez em anos que isto acontece”.

“Penso que a visita de Francisco deixará um sinal profundo, porque muitos não estão mais dispostos a deixar agir poucas centenas de pessoas que semeiam ódio e violência. As palavras do Papa foram muito claras e mais ainda foram os seus gestos, como aquele de dirigir-se com um Papamóvel feito de compensado e tubos, sem blindagem, ao famoso KM5, o bairro muçulmano onde os funcionários da ONU vão à pé e quando o fazem, somente acompanhados por uma forte escolta militar”, conclui o missionário. (JE)

 








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