Encontro sobre o Concílio Vaticano II à luz dos arquivos históricos


Cidade do Vaticano (RV) – A maioria que aprovou os documentos do Concílio Vaticano II era realmente um bloco monolítico ou entre eles havia diversas opiniões? Qual o papel das “redes de opiniões” na formação de uma orientação conciliar e na atualização da teologia dos padres conciliares? O Papa Roncalli pensava em um evento de poucos meses. Mas, quais eram as expectativas dos participantes quanto à duração do Concílio? Estas e outras perguntas serão respondidas no Simpósio internacional  “O Concílio Vaticano II e os seus protagonistas à luz dos arquivos”, que terá lugar no Vaticano de 9 a 11 de dezembro. O encontro foi apresentado na manhã desta terça-feira, 1° de dezembro, na Sala de Imprensa da Santa Sé, pelo Presidente do Pontifício Comitê das Ciências Históricas, Bernard Ardura, e pelo Diretor do Centro de Estudos e Pesquisas sobre o Concílio Vaticano II, Philippe Chenaux, e que teve como moderador o Padre Federico Lombardi.

O encontro realizar-se-á na esteira daquele realizado em 2012, que havia investigado arquivos diocesanos, religiosos, universitários e mesmo privados, que conservam documentos pertencentes ao Concílio. Este próximo encontro, por sua vez, pretende “ilustrar as figuras dos bispos particularmente significativas e reconstruir as redes de opinião constituídas antes e durante o Concílio e que tiveram um papel não indiferente na formação das convicções de muitos padres conciliares”, explicou Bernard Ardura. Vai-se indagar sobre “diversidades e divergências” – acrescentou -  já que “a unanimidade fortemente desejada por Paulo VI para a provação dos documentos conciliares deixou na sombra as opiniões de uma minoria bem organizada, com alguns protagonistas destas correntes, entre os quais, por exemplo, Mons. Lefebvre”.

Philippe Chenaux, por sua vez, considerou que “dentro desta maioria de mais de 80%, havia divisões e que não seria correto apresentá-la como um bloco monolítico”.

No Simpósio será possível ouvir os ecos dos debates acalorados sobre a hermenêutica do Concílio, se em continuidade ou descontinuidade com a tradição e a história da Igreja, ou mesmo sobre o papel da mídia. “Mas naturalmente – explicou Ardura – após 50 anos algumas paixões se aplacaram um pouco, estamos em uma fase em que me parece ser possível a compreensão do Concílio. Mas – recordou – não devemos nos surpreender porque Concílios como o de Trento, por exemplo, tiveram necessidade de um século para dar todos os frutos”.

O encontro de estudos será subdividido em três sessões, além do encontro de introdução e um de conclusão. Participarão, entre outros, representantes das Igrejas Ortodoxas russa e ucraniana, além da Comunhão Anglicana, e está prevista uma mensagem do Rabino Chefe de Roma, Riccardo di Segni. (JE)








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