Direto de Uganda: Francisco na terra dos mártires africanos


Campala (RV) - É a partir dos anos cinquenta que a África moderna e contemporânea, duma certa forma, está no centro das preocupações da Santa Sé e dos Sumos Pontífices. na sua encíclica “Fidei Donum” de 1957, o Papa Pio XII orienta a atenção da Igreja para com este continente. Mediante uma intuição profética, conseguiu fazer a Igreja tomar consciência do fato que “a terra africana constitui uma nova pátria de Cristo”.

O seu sucessor, o Papa João XXIII, mostrou-se também atento e sobretudo mostrou grande espírito de abertura em relação às aspirações dos escritores, pensadores e artistas negros, que depois de terem se reunido em Congresso em Paris, na Sorbone, em 1956, reuniram-se também em Roma, por ocasião do seu II Congresso Mundial que foi animado por Alioune Diop, fundador da “Présence Africaine”. O Papa João XXIII enviou, por ocasião, uma mensagem que foi lida durante o congresso. Com este gesto, demonstrou ao mundo o apoio da Igreja para com a luta dos povos africanos para afirmação da cultura africana no mundo.

Papa Paulo VI foi, contudo, o primeiro Papa a conseguir estabelecer uma ligação mais estreita e direta entre a Igreja e os povos africanos, precisamente com a mensagem “Africa Terrarum” dirigida ao continente no dia 29 de Outubro de 1967. Montini foi porém, o primeiro Papa a viajar para a Africa e encontrar os os africanos na sua terra natal, precisamente aqui em Uganda, em 1969. Uma viagem apostólica, esta, que serviu ao Papa Montini para restabelecer e restituir a dignidade às culturas africanas, levar o apoio e o encorajamento da Igreja pós-conciliar para com as lutas dos povos africanos à liberdade, para a dignidade da pessoa humana, para a justiça, o desenvolvimento integral dos povos e para um mundo mais inclusivo, dialógico, mais à medida do ser humano, “o único caminho da Igreja”.

A canonização de Carlos Lwanga, Mathias Mulumba Kelemba e os vinte outros mártires do Uganda foi, sem duvida alguma, um dos sinais dos tempos mais marcantes da abertura e da atenção da Igreja para com o continente africano e os seus povos. Ainda mais marcante durante a sua visita aqui em Campala foi Paulo VI que, no seu discurso dirigido aos Bispos africanos reunidos em sessão do SECAM, convidou as igrejas locais a promoverem um cristianismo africano, a suscitar um real movimento missionário a partir da própria África dizendo: “Africanos, sede missionários de vós mesmos”. Tratava-se de passar de uma visão de Igreja africana das missões para uma Igreja africana em missão.

Em 1993, foi a vez do Papa João Paulo II, o Papa Africano, visitar esta terra dos mártires africanos e a partir daqui recordar ao mundo que a África não é um mundo à parte, mas é parte integrante do mundo e da grande família das nações.

A vez de Francisco

Hoje, nas sendas desta longa tradição eclesial de atenção e preocupação evangélica dos seus predecessores para com o continente africano e os povos africanos, Francisco vem confirmar - sempre aqui na terra dos mártires africanos - o empenho da Igreja para com a África. Este é um particular momento histórico em que os povos deste continente, berço da humanidade, são chamados a serem o pulmão espiritual da humanidade”, hoje tão desejosa de paz, justiça e de reconciliação entre povos e nações.

O segundo sínodo dos Bispos para a África convidou, de fato, os fiéis africanos a serem embaixadores, isto é, testemunhos e por conseguinte mártires, de uma autêntica cultura de paz, de justiça e de reconciliação. Uganda é a terra dos mártires, isto é, testemunhos, embaixadores dos valores autênticos da fé em Jesus Cristo Libertador.

É essa fé que Francisco veio, precisamente aqui na terra dos mártires, confirmar e encorajar num momento particularmente difícil da história da humanidade. De fato, toda a viagem do Santo Padre aqui em Uganda, está programada sob o signo do percurso dos mártires de Uganda.

Após a cerimônia de boas-vindas no aeroporto de Entembe, que foi uma grande festa africana, o Papa Francisco foi visitar logo o Santuário de Munyonyo, um dos lugares do martírio e onde encontrou os catequistas e professores. Muitos destes catequistas chegaram aqui em Campala após terem percorrido mais de 370 Km em peregrinação só para ver e acolher o Santo Padre e ouvir a sua mensagem de paz, de justiça e de reconciliação para essa terra dos mártires e para este continente berço da humanidade.

A Caravana papal percorreu cerca de 52 km do aeroporto até ao santuário de Munyonyo e, durante todo o percurso, Francisco respondeu prontamente com gestos, aos gritos e as saudações de boas vindas da multidão congregada nas estradas.

Da capital ugandesa, Campala, para a Rádio Vaticano, Filomeno Lopes, paz e bem.   








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