Card. Tagle: Jubileu da Misericórdia é resposta mais forte à violência


Cidade do Vaticano (RV) - “O Deus da Misericórdia”: esse é o tema do Exercícios espirituais que serão pregados ao clero romano a partir desta segunda até a próxima sexta-feira, dia 27, pelo arcebispo de Manila, Cardeal Luis Antonio Tagle.

O tema evoca imediatamente o Jubileu extraordinário convocado pelo Papa Francisco. Exatamente sobre esse evento tão esperado, a Rádio Vaticano entrevistou o pupurado filipino na sede da Caritas Internacional, da qual é também presidente.

Na primeira parte da entrevista, transmitida esta segunda-feira, o arcebispo conta com quais sentimentos acolheu o anúncio do Jubileu:

Card. Luis Antonio Tagle:- "Na realidade, não fiquei surpreso, porque desde o início de seu Pontificado, o Papa sempre acenou para esse aspecto da vida cristã: a Misericórdia de Deus. E quando anunciou este Jubileu extraordinário da Misericórdia, para mim foi a afirmação de um impulso espiritual deste Papa, porém, também um convite à Igreja inteira a rever a vida espiritual, pastoral e missionária, a fim de que estes aspectos da vida eclesial sejam instrumentos, caminhos, da Misericórdia de Deus.”

RV: Após os trágicos eventos de Paris, pode-se dizer que o Jubileu da Misericórdia é ainda mais necessário?

Card. Luis Antonio Tagle:- “Sim, todo ato de violência é uma manifestação da falta de misericórdia. Este é o mistério que nos torna todos silenciosos diante da violência. Pessoalmente, não consigo entender como um homem, um ser humano, pode fazer algo dessa natureza a outras pessoas inocentes. Não quero condenar ninguém, porém, para mim, o imaginar – apenas imaginar – um coração que chega a fazer essas coisas... que pensamentos e quais ânimos influenciaram esse coração? Uma palavra, então, vem à mente: misericórdia. Há misericórdia nesses corações? Este Jubileu é uma resposta, uma resposta clara à violência sem misericórdia, em todas as latitudes.”

RV: O Papa Francisco, na Misericordiae vultus, afirma que o Jubileu é aberto também aos judeus e muçulmanos, porque também para eles a misericórdia é um dos atributos, dos adjetivos mais qualificadores de Deus...

Card. Luis Antonio Tagle:- “Sim, e não somente para os judeus e os muçulmanos. Entre nós, na Ásia, quase todas as tradições religiosas antigas – o budismo, o hinduísmo, o confucionismo –, todas essas religiões têm uma tradição da misericórdia. Por exemplo, os monges budistas todas as manhãs caminham por toda a cidade pedindo alimento, roupas, mas não para si: para os pobres. E o almoço, a mesa grande dos monges budistas é aberta a todos! Os monges comem por último: isso é misericórdia! A minha esperança é de que, neste Ano do Jubileu, o ponto de referência para o diálogo inter-religioso, não somente do ponto de vista acadêmico, mas também prático, seja concentrado na misericórdia.”

(RL)

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