Bispo japonês: desenvolvimento humano é chave para acabar com terrorismo


Tóquio (RV) - Relançar o desenvolvimento integral do homem e defender com força a sacralidade da vida como chave para frear o terrorismo: o bispo de Niigata, no Japão, e presidente da Caritas Ásia, Dom Tarcisius Isao Kikuchi, parte dessa consideração num documento publicado após os atentados em Paris.

“Uma represália violenta não resolve” – escreve o prelado no referido documento citado pela agência missionária AsiaNews. Ela pode interromper novos atentados, mas é um remédio a curto prazo. Nós, enquanto católicos, cremos que a vida humana é o dom mais precioso que nos foi dado por Deus”.

Nenhuma justificativa para ataques violentos à vida humana

Por isso – acrescenta –, não podemos concordar com nenhuma justificativa para esses violentos ataques à vida humana. Como disse o Santo Padre, “não há justificativas religiosas ou humanas. Isso não é humano”.

“As raízes dessa violência encontram-se em nossos corações, em nossas emoções”, ressalta ainda o bispo nipônico, fazendo votos de que “o que ocorreu em Paris não leve a opinião pública a escolher a resposta violenta”.

“Espero, ao invés, que leve as pessoas a entender que ceifar a vida humana – em todo caso e com toda justificativa – é sempre um ato contrário à vontade do nosso Deus, criador de tudo, que nos presenteou este dom precioso.”

A paz é obra da justiça

Daí, o chamado de Dom Isao Kikuchi ao “desenvolvimento humano integral, definido “chave para uma paz verdadeira”, entendida segundo a “Gaudium et spes” (Constituição pastoral sobre a Igreja no mundo de hoje, do Concílio Vaticano II), ou seja, não “simples ausência de guerra, nem redução a um equilíbrio estável das forças adversas; não efeito de uma dominação despótica, mas obra da justiça”.

Por isso, o presidente da Caritas Ásia ressalta que “os direitos humanos de base devem ser respeitados e colocados em prática na sociedade”, porque “essa é a base do conceito segundo o qual o desenvolvimento humano integral é fundamental para uma paz verdadeira”.

Crescer a dignidade da pessoa humana

O prelado recorda também o que está escrito na Centesimus Annus de João Paulo II: “O desenvolvimento não deve ser entendido num modo exclusivamente econômico, mas em sentido integralmente humano”, porque “não se trata somente de elevar todos os povos ao nível desfrutado hoje pelos países mais ricos, mas de construir no trabalho solidário uma vida mais digna, de fazer crescer efetivamente a dignidade e a criatividade de toda pessoa singularmente considerada, a sua capacidade de responder à própria vocação e, portanto, ao apelo de Deus, nela contido”.

É preciso coragem para construir realmente a paz

“Espero que tenhamos a coragem de fazer cessar esse perverso ciclo de violência não com uma represália também esta violenta, mas com um processo real de construção da paz mediante o desenvolvimento humano integral” – conclui o bispo de Niigata. (RL)

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