"Participação", palavra-chave da Sacrosanctum Concilium


Cidade do Vaticano (RV) -  No nosso espaço Memória Histórica - 50 anos do Concilio Vaticano II, vamos continuar a tratar na edição de hoje da Constituição Sacrosanctum Concilium.

A Constituição Sacrosanctum Concilium foi o primeiro documento promulgado pelo Concilio Vaticano II, sendo aprovado na segunda sessão conciliar, presidida pelo Papa Paulo VI com uma votação unânime. A Sacrosanctum Concilium é o ponto de chegada da renovação da Liturgia, iniciada pelo movimento litúrgico, que a própria Constituição reconhece como "sinal dos desígnios providenciais de Deus sobre nosso tempo, como uma passagem do Espirito Santo pela sua Igreja" (SC n.43). A este respeito e sobre as transformações que trouxe na participação na Liturgia, nós conversamos com o Bispo de Nossa Senhora do Livramento (BA), Dom Armando Bucciol:

"No dia 4 de dezembro de 1963, o Concílio deu o primeiro presente, que foi a Constituição Conciliar sobre Liturgia, que recebeu o título de Sacrosanctum Concilium. A Sacrosanctum Concilium que, querendo renovar a vida do povo de Deus, começa pela Liturgia, por duas razões. Porque a Liturgia já tinha sido preparada pelo movimento litúrgico, havia mais de cinquenta anos, o tempo do Concílio, porque a Liturgia como o Papa Paulo VI disse, é a alma da Igreja, é o aspecto da sua identidade, da sua vivência interior. Nós, aqui no Brasil, sobretudo nos últimos três anos, destacamos muito o cinquentenário desta Constituição com eventos, com seminários, com estudo em diferentes níveis, para poder levar ao conhecimento sempre maior, também das novas gerações, aquela que foi assim chamada reforma litúrgica, sobretudo colhendo, captando e sublinhando os elementos essenciais. Uma das palavras-chave que o Concílio em sua Constituição Conciliar sobre a Liturgia insiste é "participação". Uma participação plena, consciente, alegre, ousaria dizer, fiel, firme, esta é um pouco a finalidade. E para isto foram feitas diferentes reformas, começando pelo uso das línguas vernáculas e porém, não bastou isto, é a linguagem da Liturgia, é compreensão espiritual, é o canto como momento forte, expressivo, é ajudar também as pessoas às vezes com escassa iniciação cristã, a compreender o sentido do Mistério Pascal. O Mistério Pascal recebe do Concilio este destaque. O Mistério Pascal, a morte e Ressurreição de Cristo, como luz que ilumina, que dá sentido e sabor aos nossos dias, à nossa vida. O grande mérito da Constituição foi, sem duvida, canalizar muitas energias ao redor deste evento fundante e fundamental da nossa vida cristã. Devemos agradecer a tantas pessoas, também aqui do Brasil, que ajudaram as nossas Igrejas para realizar uma reforma que é sempre a ser retomada, compreendida e realizada".

O Espirito Santo, que suscitou o movimento litúrgico, inspirando os Padres Conciliares e acompanhando a atuação da reforma litúrgica, continua a gir na Igreja através da palavra e dos sinais sacramentais, em ordem a sustentar o caminho rumo ao Reino:

"Ninguém é dono da Liturgia. Somos todos servidores. Nós Bispos, antes de tudo, quem temos uma competência específica, os teólogos, os liturgistas, mas todos somos não donos, mas protagonistas e ao mesmo tempo servidores desta opus Dei, esta obra de Deus, esta louvação que todos devemos antes de tudo dar a Deus, como dizia a Sacrosanctum Concilium, uma Liturgia tem duas dimensões: louvar a Deus e por ele em Cristo no Espírito, sermos santificados, sermos fortalecidos no espírito para continuarmos em nossa vida e tornar a nossa vida uma Liturgia, porque o fim da Liturgia é transformar nossas vidas e torná-las sempre mais fieis ao projeto de Jesus. Portanto, é isto quando nós falamos de uma vida que se torna Liturgia, isto é, vivência no amor a Jesus na Igreja". (JE)








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