2015-11-02 15:39:00

Semana do Papa de 26 de outubro a 1 de novembro


Ciganos no Vaticano

No início desta semana o Papa Francisco deu lugar aos ciganos numa audiência que lhes concedeu na Sala Paulo VI na segunda-feira dia 26 de outubro.

O Papa afirmou que “chegou o tempo de desenraizar os preconceitos e as desconfianças recíprocas que estão, muitas vezes, na base das discriminações, do racismo e da xenofobia. Ninguém se deve sentir isolado e ninguém está autorizado a pisar a dignidade e os direitos dos outros” .

Religiões em diálogo

Grande momento da semana foi a audiência geral inter-religiosa  na Praça de S. Pedro na quarta-feira, dia 28 de Outubro:

Neste dia o Papa Francisco recordou os 50 anos da Declaração do Concílio Vaticano II Nostra aetate sobre as relações da Igreja Católica com as religiões não cristãs. Presentes representantes de diversas tradições religiosas.

Em nome dos representantes das várias religiões saudaram o Santo Padre o Cardeal Kurt Koch, Presidente do Conselho Pontifício para a Unidade dos Cristãos e o Cardeal Jean Louis Tauran, Presidente do Conselho Pontifício para o Diálogo Inter-Religioso.

Na sua catequese o Papa Francisco começou por recordar o Concílio Vaticano II e, em particular, alguns pontos da Declaração Nostra Aetate, como por exemplo: a procura de um sentido para a vida; o destino comum da humanidade; a unicidade da família humana; o olhar benévolo da Igreja sobre as outras religiões; a Igreja aberta ao diálogo com todos.

O Papa Francisco recordou que “são muitas as iniciativas” que foram desenvolvidas em cinquenta anos com as religiões não cristãs. Lembrou, especialmente, o Encontro de Assis de 27 de outubro de 1986, desejado e promovido pelo Papa João Paulo II, que continua a ser um “permanente sinal de esperança”.

O Papa Francisco lembrou ainda que nestes cinquenta anos a relação entre cristãos e hebreus transformou-se de atitudes de indiferença e oposição em atitudes de colaboração e benevolência. Desta forma, o Santo Padre sublinhou a importância do diálogo aberto e respeitoso:

“O diálogo de que temos necessidade não pode ser senão aberto e respeitoso e, assim, revelar-se frutuoso. O respeito recíproco é condição e, ao mesmo tempo, fim do diálogo inter-religioso: respeitar o direito dos outros à vida, a integridade física, as liberdades fundamentais, ou seja, a liberdade de consciência, de pensamento, de expressão e de religião.”

O tesouro da oração

Frisando que o mundo olha para os crentes pedindo respostas sobre a paz, a fome e a miséria e tantos outros temas, o Papa Francisco declarou que para tudo isso não há receitas, mas existe um grande recurso: a oração:

“A oração é o nosso tesouro, que atingimos segundo as respectivas tradições, para pedir os dons que nos ligam à humanidade.”

“Por causa do terrorismo e da violência difundiu-se uma atitude de suspeição” para com as religiões – afirmou o Santo Padre que considerou que só o diálogo inter-religioso pode trazer sementes de bem:

“O diálogo baseado sob o confiante respeito pode levar sementes de bem que, por sua vez, se transforma em rebentos de amizade e de colaboração em tantos campos e, sobretudo, no serviço aos pobres, aos pequenos, aos idosos, no acolhimento aos migrantes, na atenção a quem está excluído. Podemos caminhar juntos cuidando uns dos outros e da Criação.”

O Papa Francisco na conclusão da sua catequese declarou que o Jubileu da Misericórdia será um tempo propício para as várias religiões trabalharem em conjunto nas obras de caridade.

Gestos para a história

Na tarde de quarta-feira dia 28 decorreu um briefing com os jornalistas, na Sala de Imprensa da Santa Sé, com alguns dos participantes do Encontro Internacional que decorrei em Roma esta semana, numa organização da Universidade Pontifícia Gregoriana.

Destacamos aqui a intervenção do rabino argentino Claudio Epelman, director executivo do Congresso Judeu Latino-Americano que conheceu o cardeal Bergoglio quando era arcebispo de Buenos Aires:

 “Today we have been witnesses of something historic: in Saint Peter’s Square…

Hoje fomos testemunhas de um evento histórico: na Praça de S. Pedro, o Papa falou ao público católico da relação com as outras religiões. Penso que a linguagem do Papa consista muito na sua gestualidade, não apenas nas palavras. Vimos como ele se relaciona com as pessoas e connosco, representantes das outras religiões.”

Neste encontro com os jornalistas estiveram também presentes Abdellah Redouane, secretario geral do Centro islâmico cultural de Italia, o rabino David Rosen, diretor internacional para as relações inter-religiosas do Comité Judeu Americano, Swami Chidananda, fundador da Ong indiana Fowai Forum e Samani Pratibha Pragya, da Jain Vishwa Bharati de Londres.

Deus perdoa como um Pai

Na Missa em Santa Marta na manhã de sexta-feira dia 30 de outubro o Papa Francisco afirmou que Deus perdoa-nos como um Pai e não como um funcionário de um tribunal:

“Jesus curava as pessoas, mas não era um curandeiro. Não! Curava as pessoas como um sinal, como sinal da compaixão de Deus, para salvá-las, para trazer de volta a ovelha perdida, o dinheiro perdido daquela senhora na carteira. Deus tem compaixão. Deus coloca o seu coração de Pai, coloca o seu coração por cada um de nós. E quando Deus perdoa, perdoa como um Pai e não como um funcionário do tribunal, que lê a sentença e diz: ‘Absolvido por insuficiência de provas’. Perdoa-nos por dentro. Perdoa porque se colocou no coração dessa pessoa”.

Economia para o bem comum

No sábado dia 31 de outubro o Papa Francisco recebeu em audiência empresários cristãos italianos e disse-lhes que é necessário orientar a actividade económica para o serviço e o bem comum:

“Mas não basta fazer assistência. É necessário orientar a actividade económica em sentido evangélico, ou seja, ao serviço da pessoa e do bem comum. Nesta perspetiva sois chamados a cooperar a fazer crescer um espírito empresarial de subsidiariedade, para enfrentar em conjunto os desafios éticos e de mercado, antes de mais o desafio de criar boas oportunidades de trabalho. 

Abrir a Porta Santa em Bangui

No Angelus deste domingo na Solenidade de Todos os Santos, o Papa Francisco exortou os cristãos a imitarem os santos com gestos de amor e misericórdia, mesmo aqueles que vivem junto de nós ou até pertencem à nossa família. O Santo Padre lançou um apelo para a paz na República Centro Africana:

“Os dolorosos episódios que nestes últimos dias apertaram a delicada situação da República Centro-Africana suscitam na minha alma viva preocupação. Faço apelo às partes para que se ponha fim a este ciclo de violências. Estou espiritualmente próximo aos padres combonianos da Paróquia de Nossa Senhora de Fátima em Bangui, que acolhem numerosos refugiados. Exprimo a minha solidariedade à Igreja, às outras confissões religiosas e à inteira nação Centro-Africana, tão durante provada enquanto cumprem esforços para superarem as divisões e retomarem o caminho da paz.”

“Para manifestar a proximidade orante de toda a Igreja a esta Nação tão aflita e atormentada e exortar todos os centro-africanos a serem sempre mais testemunhas de misericórdia e de reconciliação, no domingo 29 de Novembro, tenho a intenção de abrir a porta santa da catedral de Bangui, durante a Viagem Apostólica que espero realizar àquela nação.”

E com o Angelus deste domingo terminamos esta síntese das principais atividades do Santo Padre que foram notícia de 26 de outubro a 1 de novembro. Esta rubrica regressa na próxima semana sempre aqui na RV em língua portuguesa.

(RS)








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