Editorial: visão de mundo


Cidade do Vaticano (RV) – Passadas as três semanas intensas de trabalhos sinodais, que se concluíram com a publicação do Relatório Final, o nosso olhar se dirige agora para as próximas importantes etapas das atividades do Papa Francisco nos próximos meses. Estamos falando, entre outras coisas da sua 11ª Viagem Apostólica Internacional, a primeira ao continente africano, quando visitará o Quênia, Uganda e República Centro-Africana entre os dias 25 a 30 de novembro, e depois no dia 8 de dezembro, Solenidade da Imaculada Conceição, com a abertura da Porta Santa da Basílica de São Pedro. Recordamos que a Abertura da Porta Santa da Basílica de São João em Latrão e nas Catedrais do Mundo será feita alguns dias depois, em 13 de dezembro. Já a abertura da Porta Santa da Basílica de Santa Maria Maior, será feita no primeiro dia do ano de 2016.

Mas o nosso olhar, o olhar da Igreja e do Santo Padre vai também para a capital francesa, que será sede entre os dias 30 de novembro e 11 de dezembro da COP 21, a “Conferência das partes” sobre as mudanças climáticas. Sabemos perfeitamente que o tema do meio ambiente e tudo aquilo que diz respeito ao homem está no coração do Papa. Esse tema de suma importância o levou a escrever a Encíclica “Laudato si”, precisamente dedicada ao homem e à “casa comum”, a Terra.

No início desta semana, cardeais, patriarcas e bispos do mundo inteiro em representação das associações continentais de Conferências episcopais nacionais se expressaram pedindo aos participantes da reunião de cúpula de Paris um acordo sobre o clima que seja justo, juridicamente vinculativo e autenticamente transformador. O pedido é inspirado na “Laudato si”.

E nesta mesma linha de pensamento foi apresentada na última segunda-feira na sede da FAO, a Agência das Nações Unidas para a Alimentação e o Desenvolvimento Agrícola, a encíclica de Francisco. É o desejo e a necessidade de atitudes urgentes e concretas que possam deter as mudanças climáticas, uma condição necessária para reduzir a pobreza e promover um desenvolvimento sustentável do planeta. Um nexo bem esclarecido pela “Laudato si” sobre a custódia da casa comum. Os votos de que essa reflexão de Francisco possa ser também uma das linhas guias da Conferência de Paris.

Sim, porque a Encíclica desencadeou dentro e fora da Igreja Católica uma espécie de corrente em prol do bem-estar do mundo, do meio ambiente, para assim ajudar a vida de cada pessoa e não somente de uma parte da humanidade. E é precisamente sobre esse tema que a “COP 21” irá tratar; falar-se-á de ambiente, de mudanças climáticas, sobre os efeitos do tratamento abusivo do ambiente.

No apelo dos eclesiásticos nesta semana está contida a recordação de que a “terra é uma herança comum”, e que o dano ao ambiente e as mudanças climáticas têm enormes repercussões e impõem um novo estilo de vida e novas noções de crescimento e progresso.

Invoca então uma liderança política corajosa e imaginativa que saiba antepor o bem comum aos interesses nacionais, com atenção especial aos pobres. O auspício é de acordos verdadeiramente eficazes que diga respeito a todos.

A Encíclica de Francisco, grande instrumento de trabalho para quem deseja o bem da “casa comum” e, por conseguinte, o bem do homem, apresenta um texto muito equilibrado e este é o seu grande mérito, e poderá ser utilizado pela “COP 21”. Focaliza-se não somente sobre os grandes, mas também sobre os pequenos, sobre todos. Fala de cooperação internacional e entre as pessoas e também das crianças, da escola e da educação. A visão do Papa Francisco é uma visão global, uma visão de mundo, e isso é de suma importância, porque quaisquer instância e pessoa na Encíclica tem uma palavra que pode apoiá-lo, encorajá-lo, que possa chamá-lo à conversão. Essa visão é o que desejamos aos participantes da “COP 21”. (Silvonei José)








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