2015-10-28 18:33:00

Sínodo sobre a Família: caminhar juntos para discernir


O Sínodo dos Bispos concluiu no passado fim-de-semana, nos dias 24 e 25 de outubro, os seus trabalhos sobre “a vocação e a missão da Família na Igreja e no mundo contemporâneo”. Recordamos neste “Sal da Terra, Luz do Mundo” o essencial da informação produzida e publicada nesses dias.

Esta foi a última semana do Sínodo sobre a Família. Os derradeiros momentos desta importante reunião dos bispos foram vividos no Vaticano em busca de caminhos pastorais para afirmar a vocação e a missão da família na Igreja e no mundo contemporâneo.

Relatório Final: consenso e discernimento espiritual

No sábado dia 24 foi votado e publicado o Relatório Final do Sínodo dos Bispos sobre a Família, um documento de 94 pontos que, após 2 anos de intenso debate e participação das comunidades, teve todos os pontos aprovados com maioria qualificada. Em particular, os parágrafos dedicados às situações familiares difíceis foram aprovados no limite dos dois terços dos votos expressos.

No número 84 os padres sinodais propõem uma maior integração dos divorciados recasados nas comunidades cristãs, sublinhando que a sua participação pode ser ao nível dos diversos serviços eclesiais. A esta situação específica dos casais em segunda união o número 86 do relatório final faz referência a um percurso de acompanhamento e de discernimento espiritual com um sacerdote.

Luz na escuridão do mundo – é assim que o Relatório Final do Sínodo define a família, num texto que se apresenta com uma atitude positiva e acolhedora, onde é reafirmada a doutrina da indissolubilidade matrimonial. Contudo, para as situações de maior complexidade familiar é recomendado o discernimentos dos Pastores e uma análise em que a ‘misericórdia’ não seja negada a ninguém.

Valorização da mulher, acolhimento de pessoas homossexuais, tutela das crianças, defesa da vida, idosos, pessoas com necessidade especiais, preparação para o matrimónio e acompanhamento dos casais e famílias são alguns dos temas abordados pelo Relatório Final do Sínodo dos Bispos sobre a Família.

Para um primeiro comentário a este Relatório do Sínodo ouvimos a opinião de António Marujo jornalista português, especialista em assuntos religiosos, um dos principais animadores do blogue ‘Religionline’ e presente em Roma em serviço para o jornal ‘Diário de Notícias’ que referiu que se abre agora um caminho a percorrer com o Povo de Deus.

O caminho a percorrer com o Povo de Deus no âmbito da família tem agora um impulso maior para a procura de caminhos de reconciliação, exame de consciência e, como nos propõe a linguagem sinodal: caminhos de “discernimento espiritual”.

Em declarações à Agência Ecclesia o Cardeal Raymundo Damasceno de Assis, arcebispo da Aparecida no Brasil e presidente-delegado deste Sínodo sobre a Família, falou sobre a importância do “discernimento espiritual” afirmando mesmo que esse “caminho de discernimento” proposto aos divorciados recasados poderá levar, em casos pontuais, à admissão dos mesmos à Confissão e à Comunhão.

Mensagem do Papa: para continuar a “caminhar juntos”

Entretanto, importante momento deste final de Sínodo foi a intervenção do Papa Francisco com uma mensagem em que realçou a importância de defender o homem e não as ideias, defender o espírito e não a letra da doutrina.

Após os vários agradecimentos a todos os que contribuíram para um percurso sinodal de intenso ritmo de trabalho o Papa Francisco disse ter-se interrogado sobre o que “há-de significar, para a Igreja, encerrar este Sínodo dedicado à família?”

Muitas as respostas encontradas pelo Santo Padre para completar o significado do Sínodo: a importância do matrimónio, escutar as vozes das famílias e dos pastores, olhar e ler a realidade, testemunhar o Evangelho como fonte viva de novidade eterna, afirmar a Igreja como sendo dos pobres e dos pecadores e abrir horizontes para difundir a liberdade dos Filhos de Deus.

Em particular, o Papa Francisco considerou que a experiência do Sínodo fez compreender melhor que defender a doutrina é defender o seu espírito e o homem em vez de ideias:

“A experiência do Sínodo fez-nos compreender melhor também que os verdadeiros defensores da doutrina não são os que defendem a letra, mas o espírito; não as ideias, mas o homem; não as fórmulas, mas a gratuidade do amor de Deus e do seu perdão.”

Francisco recordou Paulo VI, João Paulo II e Bento XVI e no final do seu intenso discurso afirmou que “para a Igreja, encerrar o Sínodo significa voltar realmente a «caminhar juntos» para levar a toda a parte do mundo, a cada diocese, a cada comunidade e a cada situação a luz do Evangelho, o abraço da Igreja e o apoio da misericórdia Deus!”

Caminhar juntos para discernir é a fase seguinte de um processo pós-sinodal que procura lançar uma nova abordagem pastoral para as famílias, o jornalista António Marujo, aponta dois temas que necessitam de uma acção concreta da Igreja: a violência doméstica e o acompanhamento pastoral dos casais.

Sal da Terra, Luz do Mundo é aqui na Rádio Vaticano em língua portuguesa.

(RS)

 








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