Cardeal Filoni: Cada situação deve ser avaliada


Cidade do Vaticano (RV) – Última semana de trabalhos no Sínodo dos Bispos. Na tarde desta terça-feira (20), os relatórios dos Círculos Menores sobre a terceira parte do Instrumentum Laboris relativa à “A missão da família hoje”. Para um balanço sobre o que foi realizado até agora a Rádio Vaticano ouviu o Prefeito da Congregação para a Evangelização dos Povos, Cardeal Fernando Filoni:

“É um balanço ainda relativo, pois não estamos na conclusão. Eu diria, com uma imagem, que é como que um mosaico que ainda está se completando. Cada um traz a sua pequena pedrinha e no final o Santo Padre será o último artista que colocará a pedra final sobre este desenho que está vindo fora”.

- O clima de fraternidade e de colegialidade destes dias, mesmo na diversidade, foi ressaltado por muitos. Será possível se chegar a  uma síntese? Sobretudo sobre estes pontos que, claramente, catalisaram a atenção a nível externo, mas que, todavia, encontraram seu espaço também aqui, na Sala do Sínodo?

“Certamente, em relação a alguns pontos existirá uma convergência bastante ampla, comum. Sobre outros, provavelmente as ideias poderão também permanecer diversas, mas esta não é uma questão do Sínodo. Se nós olharmos um pouco a história da Doutrina da Igreja vemos que não é de hoje. Desde os tempos apostólicos encontramos situações em que os Apóstolos intervieram pelo bem da Igreja, pela salvaguarda da fé. E depois, toda a história da Igreja sempre foi – às vezes com mais força, às vezes com menos – mas sempre foi permeada por estas opiniões. Assim, neste sentido, as opiniões permanecem, digamos, sacrossantas, positivas, porque enriquecem. E é um capítulo sobre o qual nunca se pode dizer: “Fechou, é definitivo, não existe nada mais a ser feito”. A práxis não é uma doutrina. A Doutrina diz respeito à indissolubilidade do matrimônio, mas a parte pastoral é a que vive e se relativiza também às situações, naturalmente com um princípio, como dizia também o Papa Bento XVI quando falava do Concílio: “Existe uma continuidade, não existe uma contradição dentro da Doutrina”.

- A ligação que existe entre o Sacramento nupcial com o significado da Comunhão sacramental – portanto a doação total de Cristo à Igreja - permanece o fundamento na base da indissolubilidade ou antes é um ideal que é proposto e portanto susceptível de modificações a nível de cada episcopado?

“Deve-se dizer que existe um sacramental, uma história do sacramental, que não é que nós podemos mudar de hoje para amanhã. Depois, existem situações que, efetivamente, podem ter uma avaliação diferente, pois se trata, às vezes, do casal injustamente penalizado, de situações particulares que a Igreja deve avaliar. Mas não falamos da normalidade. Falamos de situações excepcionais nas quais a Igreja sempre teve, também sob um ponto de vista da doutrina moral, uma atenção particular. Portanto, eu não focalizaria como se toda a questão fosse esta. O próprio fato de que, por exemplo, também um casal não regularmente casado possa participar da vida da Igreja – e tomo como exemplo a participação na Missa da Eucaristia – não é uma coisa secundária. Por exemplo, o participar a uma ato de culto como a escuta da Palavra de Deus, que tem uma eficácia e uma dimensão própria, também pedagógica, dentro da vida daquele casal e na realidade. Não é secundário o fato de que um casal não regularmente casado, se integre na realidade da dinâmica da Igreja: o serviço aos pobres, o serviço aos outros, o testemunho também da própria vida em relação àquilo que se vive...Porque no geral, existem também sofrimentos para os quais o testemunho é de grande serventia. Quero dizer que existe, depois, uma riqueza dentro da participação na vida da Igreja que não pode ser reduzida exclusivamente à “Comunhão sim, Comunhão não”. (JE)

 








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