2015-10-19 16:34:00

Insatisfeitas, mas esperançosas ... Irmãs Reparadores em Achada-Lém


Já vai fazer 50 anos que a Irmã Lídia Gomes Freire deixou a casa dos pais para aderir à Congregação das Reparadoras do Sagrado Coração de Jesus, Congregação nascida em Portugal em 1931 para reparar as ofensas da Guerra ao Coração de Jesus e restaurar a fé nas pessoas através da catequese a todos os níveis. Ela fazia parte do primeiro grupo de cabo-verdianas que optaram por esta Congregação. Actualmente é coordenadora da Casa que a Congregação abriu há um ano em Achada-Lém, interior de Santiago, zona rural, pobre e com falta de padres. Com ela estão outras duas irmãs, uma das quais é a Irmã Maria da Luz Araújo. 

No encontro com elas em Junho passado, no âmbito de uma série de reportagens sobre as religiosas em Cabo Verde, no Ano da Vida Consagrada, manifestaram uma certa insatisfação e tristeza, por não disporem de meios para ajudar espiritual e materialmente a população, sobretudo na área da educação e saúde. Com efeito, a sua única fonte de sustentamento e de acção é a pequena pensão da Irmã Lídia, que durante muitos anos trabalhou como educadora de infância, área que ainda a apaixona e em que gostaria de deixar algo à Igreja, à sociedade cabo-verdiana.

A sua opção pela vida religiosa e a alegria de pôr os seus talentos ao serviço do irmão não estão absolutamente em questão, mas consideram que não ter meios para fazer isso é uma preocupação, um pecado mesmo. No entanto, mantêm viva a esperança de ver mudar para melhor essa localidade pela qual se vão, aos poucos, apaixonando. 

Esperam poder ter a ajuda do Governo e da Igreja para poder fazer algo: ter um jardim de infância, um centro para mulheres, um carro para se deslocarem para as zonas mais afastadas, etc. Mas não está a ser fácil. A Irmã Maria do Carmo da Congregação das Filhas do Sagrado Coração de Maria que nos acompanhou fez notar que o Governo ajuda através da Diocese, a qual não dispõe, todavia, de meios suficientes para dar resposta a todas as necessidades. A este respeito, o Cardeal Arlindo Furtado nos diria mais tarde que “vão partilhando o que têm”, mas é claro que é pouco para tantas necessidades e a Diocese não pode dar subsídios a Institutos Religiosos nem a padres.

Por isso, neste Ano da Vida Consagrada, as irmãs agradecem ao Papa pelo reconhecimento do trabalho dos consagrados e lançam um grito para que as Congregações sejam ajudadas directamente, por forma a poderem levar avante as suas acções a favor dos necessitados.

Oiça a conversa com elas e conheça melhor esta faceta da vida das religiosas em Cabo Verde.

(DA)








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