Editorial: Curar as feridas


Cidade do Vaticano (RV) – Posições diversas sobre alguns temas, mas o que se respira é um clima de fraternidade e diálogo. Dessa maneira os Padres sinodais descrevem a atmosfera vivida nestes dias no Sínodo sobre a família, que se realiza no Vaticano. Os trabalhos, recordamos, tiveram início no último dia 4 e se encerram no próximo dia 25 com a celebração eucarística presidida pelo Papa Francisco.

Sim, um clima, sereno e de fraternidade é o que se vive pelos corredores da Sala do Sínodo, contrariando ao que, de forma irresponsável, muitos meios de comunicação desejam sentenciar como um lugar de confusão, disputas e intrigas. Quem está vivendo a experiência sinodal afirma sem meios termos que os trabalhos se realizam em uma atmosfera que nem mesmo uma carta – a famosa carta que teria sido entregue ao Papa por um grupo de cardeais chamando a atenção para certos aspectos do Sínodo – conseguiu ter eco entre os padres sinodais. Uma carta que era privada e que não se sabe como chegou à imprensa e foi divulgada com conteúdos inexatos. São falsas as reconstruções de certos meios de comunicação que descrevem debates marcados por conflitos e venenos.

Capítulo carta encerrado, a atenção volta-se para o motivo da presença dos padres sinodais no Vaticano: refletir sobre os desafios que hoje se apresentam à família.

Certamente devido à presença de 270 padres sinodais dos 5 continentes há acentos diferentes sobre alguns temas, como também é obvio que a Doutrina não será tocada como afirmou várias vezes o Papa Francisco.

Comentando nos dias passados a presumível contraposição entre Verdade e Misericórdia, negada durante os trabalhos sinodais, o Cardeal Pell disse que a Igreja é como uma mãe e mestra. “E uma mãe sábia nem sempre dá aos filhos todas as coisas que eles pedem. Porque a mãe está interessada não somente nos mais fracos mas em todos os filhos e quer trabalhar para manter a saúde da família”. ´

Não devemos esquecer que a misericórdia é o coração do Evangelho. “Quem deseja contrapor Verdade e Misericórdia esquece-se que a verdade do Deus cristão é o amor do Deus Trinitário”. Portanto a misericórdia como centro, coração, ponto de início e de orientação de tudo o que nós vivemos. Este Sínodo está procurando entender como essa primazia da misericórdia possa ser aplicada em todas as formas de vida pastoral em relação à família, principalmente em relação às famílias feridas.

O Sínodo nestes dias – nós que temos a oportunidade de aceder à sala sinodal – nos deu a impressão de um corpo vivo que está refletindo sobre problemas reais. Portanto, é mais do que normal que se coloquem em confronto diversos modos de enfrentar a realidade e diversas linguagens. São pastores provenientes de todas as partes da terra e cada um traz os problemas e os desafios da própria gente.

Aguardamos agora o resultado final dos trabalhos que ainda durarão uma semana, para sabermos então se será publicado o Relatório Final ou devemos esperar, se assim quiser Francisco, a publicação da Exortação Pos-Sinodal.

O pedido é o mesmo repetido todos os dias: vamos rezar para que o Espírito Santo ilumine os nossos padres sinodais, para que a palavra discernimento à luz do Evangelho esteja no centro do verdadeiro processo de escutar e falar e assim compreender que está em jogo a relação entre a igreja e o mundo. (Silvonei José)

 








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