Pe. Lombardi: carta dos cardeais não impactou nos trabalhos sinodais


Cidade do Vaticano (RV) - O Diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, Pe. Federico Lombardi, frisou na coletiva desta quarta-feira (14/10), que a recente carta endereçada ao Papa Francisco por um grupo de cardeais não causou nenhum impacto nos trabalhos do Sínodo sobre a Família. O jesuíta convidou a ir adiante com os compromissos sinodais. 

O mesmo parecer foi expresso pelo Arcebispo de Westminster, Cardeal Vincent Nichols, Presidente da Conferência Episcopal da Inglaterra e Galles, que disse que a missiva não teve nenhuma ênfase no andamento dos trabalhos do Sínodo.

Pe. Lombardi esclareceu aos jornalistas a propósito do perdão pedido pelo Papa Francisco na Audiência Geral desta quarta-feira. O porta-voz vaticano disse que Francisco fez referência a Roma, mas “não ao prefeito especificamente”, porque se trata de uma questão “de caráter político e não eclesial”.

“O Papa se deu conta de que existem pessoas que vêm às audiências e às vezes ficam chocadas ou ofendidas com as notícias que se leem. Nesse sentido, como há uma responsabilidade da Igreja ou de homens da Igreja, o Papa pede perdão pelos exemplos negativos ou coisas que incomodam.”

Na coletiva, foi feito um confronto entre os sínodos precedentes e o que está em andamento. O Cardeal Nichols ficou surpreso com a correlação entre os Círculos Menores e as sessões plenárias, caracterizada por uma maior criatividade e energia. 

O Arcebispo de Westminster observou que no documento final do Sínodo Extraordinário foram inseridas as contribuições que chegaram das consultas realizadas entre a assembleia do ano passado e a atual:

“A combination of two sources has led most groups today….

“Esta combinação levou muitos grupos hoje a dizer que o Instrumento de Trabalho, nesta segunda parte, precisa de uma restruturação, de um impulso, de um tema teológico mais forte para guiar todos nós.”

Na coletiva de imprensa também tomaram a palavra o Presidente do Conselho Episcopal Latino-americano (CELAM), Cardeal Rúben Salazar Gómez, e o Arcebispo de Uagadugu, Burkina Faso, Cardeal Philippe Ouédraogo.

O Presidente do CELAM recordou que nos dois Sínodos que ele participou, depois da apresentação do Instrumento de Trabalho, nos Círculos Menores se trabalhavam as propostas sobre o documento a ser apresentado ao Santo Padre:

“En este momento, nosotros no sabemos si el documento para el cual estamos trabajando…

“Neste momento não sabemos se o documento sobre o qual estamos trabalhando será publicado diretamente ou se servirá ao pontífice para uma nova Exortação apostólica”.

“O compromisso é olhar para o futuro para responder a todas as dúvidas e esperanças de hoje. Está sendo feito um esforço enorme para ouvir as vozes das famílias e pessoas, em particular daquelas que vivem momentos difíceis e que precisam de uma ajuda particular”, disse ainda o Arcebispo de Bogotá.
 
Segundo o cardeal colombiano, o que guia os trabalhos sinodais é “a beleza da Doutrina da Igreja Católica sobre o matrimônio e família, onde há uma fonte permanente para qualquer resposta”. Ele confirmou que entre as propostas feitas está a ideia de Assembleias continentais que precedem os sínodos. 

O Arcebispo de Uagadugu, Cardeal Philippe Ouédraogo, confirmou aos jornalistas que em alguns Círculos Menores foi notada uma característica ocidental do debate. Ele sublinhou que cada situação específica, desde a questão dos divorciados recasados à questão da poligamia, é vista segundo a situação cultural do território. 

O purpurado convidou a “voltar a João XXIII”, sobre o que disse acerca da atualização e compreensão do Evangelho. “Podemos entendê-lo cada vez mais se partilhamos as nossas opiniões”, disse ele. Depois, o Cardeal Ouédraogo sublinhou que os países da África, como por exemplo Burkina Faso, são terras de primeira evangelização e que no Sínodo busquem entender melhor o “projeto de Deus para o homem, a mulher, o matrimônio e a família”: 

“Nous ne sommes pas venus pour épouser les valeurs ou les non valeurs…

“Não vimos para nos casar com os valores ou os não valores culturais dos outros, mas para juntos contemplar Cristo, e no Evangelho, procurar entender quais são os desafios que o mundo atual apresenta hoje para a Criação e a família”. (MJ)

 

 

 








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