Pe. Zollner: Papa encoraja a fazer todo o possível contra os abusos


Cidade do Vaticano (RV) – A Pontifícia Comissão para a Tutela dos Menores esteve reunida de 9 a 11 de outubro em Roma. É a segunda reunião plenária do organismo desejado pelo Papa Francisco. A próxima terá lugar em fevereiro de 2016. A Plenária – informa um comunicado da Comissão – teve início no dia 9 com a participação na missa matutina celebrada pelo Papa Francisco na Casa Santa Marta.

Os membros da Comissão, presidida pelo Cardeal Sean O’Malley, concentraram os trabalhos nos relatórios apresentados pelos Grupos de trabalho constituídos em fevereiro passado. Entre os temas tratados estavam as linhas guias para a tutela e a proteção dos menores, o apoio às vítimas e às suas famílias, a formação dos sacerdotes e dos religiosos. Os membros da Comissão – lê-se no comunicado – participaram de conferências e seminários sobre proteção dos menores na Irlanda, Reino Unido, França, Nova Zelândia, Ilhas do Pacífico e recentemente nas Filipinas, onde tomaram parte 76 bispos. No próximo mês, os membros da Comissão terão um encontro com todos os prelados da América Central. No comunicado é sublinhada a resposta positiva por parte daqueles que participaram das iniciativas da Comissão das quais se evidencia, em particular, a contribuição para as Igrejas locais no continuar a desenvolver linhas guias eficazes na proteção dos menores.

Sobre o trabalho da Igreja na luta contra a pedofilia e sobre o encorajamento do Papa Francisco em prosseguir o seu empenho para a proteção das crianças, a Rádio Vaticano entrevistou o Padre jesuíta Hans Zollner, membro da Pontifícia Comissão para a Tutela dos Menores, que encontrou o Santo Padre em 9 de outubro passado ao final da missa celebrada na Casa Santa Marta:

“Uma coisa que me tocou muito é que em julho passado o Santo Padre havia recebido na Santa Marta seis vítimas de abusos, escutou-os por toda a manhã, uma pessoa após outra. E o que me tocou e comoveu é que – sem que eu tivesse feito algum aceno em particular – ele mesmo me falou das duas pessoas provenientes da Alemanha, que eu havia acompanhado no encontro com ele; ele se referia especialmente a estas duas pessoas e também fez referência ao fato de que está rezando por eles. Esta é realmente uma coisa muito grande, muito comovente, que mostra como o Santo Padre esteja muito próximo ao sofrimento das vítimas. Este é um sinal muito bonito e muito bom, e pode ser também um modelo para os bispos, para os superiores religiosos, para abrirem suas casas, mas também o seu coração, para ouvir e para dar espaço à expressão daquele sofrimento que muitos deles tiveram que suportar por anos e por decênios, sozinhos, com grande solidão, com grande tristeza e com o sentido de que a Igreja não tinha dado ouvidos a eles. Assim o Santo Padre, direta e indiretamente, verdadeiramente encorajou a todos nós a enfrentarmos este sofrimento, a deixá-lo entrar na nossa oração e nos nosso corações, procurando fazer tudo isto para que as pessoas possam continuar um caminho de cura”.

- Quais são, na sua opinião, as coisas mais importantes que emergiram desta reunião da Comissão para a Tutela dos Menores?

“Uma coisa importante – e certamente muito bonita – é que pudemos constatar que tanto trabalho foi feito pelos grupos de trabalho. Estes grupos deviam ocupar-se de certas temáticas individuadas no encontro de fevereiro passado. Ouvimos dos vários líderes e representantes dos grupos de que se fez tanto.... Isto era justamente aquilo que queríamos fazer com esta subdivisão em grupos, podendo contar sobre o conhecimento, sobre a experiência e sobre relações que os membros destes grupos poderiam colocar à disposição de toda a Comissão”.

- A Comissão, os membros da Comissão, participaram de conferências, seminários em diversos países nestes meses. Em particular, destaca-se o encontro nas Filipinas com 76 bispos. Que tipo de respostas tem sido dadas nestes encontros?

“O resultado é realmente extraordinário. Em pouco tempo a Conferência das Filipinas decidiu instituir um Secretariado – uma Comissão, caso se queira... – a  nível nacional, que possa assistir à diocese, sobretudo àquelas menores e que não têm o pessoal para fazer todo este trabalho, quer no planejamento da prevenção, quer também em relação às questões jurídicas e canônicas que devem ser seguidas. Eu fiquei muito tocado pela abertura, pela atitude de acolhida pessoas, mas certamente também por todas as questões relacionadas que tenham apresentado e que tenham discutido com grande franqueza e também com grande concretude. E como se vê, levou a um resultado evidente, muito encorajador e onde se vê que uma Conferência episcopal  - e do país católico mais importante de toda a Ásia – leva realmente a sério esta temática. Isto é algo que pode realmente servir de modelo também para outros países”.

- No próximo mês os membros da Comissão encontrarão os bispos da América Central. Ou seja, existe uma contínua atenção, que aumenta também, por parte das Igrejas locais em relação ao trabalho da Comissão.....

“Sem dúvida é outro sinal muito encorajador. Um monte de coisas é feita! Atualmente somos convidados para testemunhar, assistir, a dar consultoria em vários níveis (do nível de diocese e de congregação, até o nível de conferência episcopal). Este fato de que somos convidados diz muito sobre a atenção crescente em todas as partes, especialmente naqueles lugares em que o tema dos abusos e de sua prevenção não esteve até agora nos interesses primordiais, nem na sociedade em geral, nem na Igreja. Este fato é devido certamente à Carta do Santo Padre de 2 de fevereiro passado, endereçada aos Presidentes das Conferências Episcopais e aos Superiores Maiores das Congregações religiosas e das Ordens, em que são convidados a colaborar com a Comissão”. (JE)

 








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