Sínodo: "Círculos menores dão espaço a todos". Ouça


Cidade do Vaticano (RV) – Os 270 bispos de todo o mundo reunidos no Vaticano no XIV Sínodo Episcopal sobre temas relacionados à Família terminam sábado (10/10) a primeira semana de trabalhos e o debate  a respeito dos desafios que se apresentam hoje às famílias.

A próximas duas semanas, até o dia 25, serão dedicadas à discussão de outros capítulos do “Instrumentum Laboris” – o documento elaborado há um ano, na conclusão do Sínodo Extraordinário. Na segunda semana será avaliado o “discernimento da vocação familiar” e na terceira semana, os bispos refletirão sobre a missão da família de hoje.   

Dom Giancarlo Petrini é o bispo de Camaçari, na Bahia, e até abril deste ano foi o Presidente da Comissão Episcopal para a Vida e a Família da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil. Ele participa do Sínodo por ter tido uma função inerente ao tema “A vocação e a missão da família no mundo contemporâneo”. A RV o entrevistou.

Dom Petrini, este é o seu primeiro Sínodo, como está sendo esta experiência?

“É algo impressionante porque convergem situações muito interessantes. Em primeiro lugar, a figura do Papa que é sempre surpreendente no sentido que ele costuma ir além do esperado e de repente diz algo que não havíamos pensado e abre uma possibilidade de trabalho da qual não tínhamos refletido. Uma segunda coisa muito impressionante é a presença de padres sinodais que vêm do mundo inteiro; também uma facilidade de encontro, de diálogo num clima verdadeiramente fraterno aonde todos convergem para o mesmo objetivo, mesmo nas diferenças de histórias, de culturas... Os bispos africanos enfrentam desafios que por vezes, para nós, parecem um pouco ‘estranhos’, mas é uma realidade muito bonita, digamos assim, a catolicidade que se toca com a mão e é visível, juntamente com esta figura do Papa, de Pedro, que dá um grande conforto, no sentido de que confirma a esperança de um caminho sinodal. Isto quer dizer que é um caminho conjunto, um caminhar ‘junto da Igreja, o que é suficiente para afugentar possíveis medos (“ai meu Deus, o que será que vai concluir este Sínodo”) que às vezes podem aparecer”.

“A primeira semana de trabalhos foi excelente, os primeiros relatórios do Secretário-geral e do relator, a figura do próprio Papa, evidentemente, que falou na véspera, no domingo, na missa, e depois na segunda-feira, na abertura; na terça ainda teve uma palavra para esclarecer uma questão que parecia não muito clara, de modo que pouco a pouco se focalizou o tema da família. Em seguida, nos círculos menores, eu participo de um círculo ibérico, de língua espanhola e português, que não é uma língua oficial do Sínodo. É sempre muito interessante porque nos círculos menores todo mundo tem a possibilidade de participar, de se manifestar, de discordar quando é necessário, de dar suas razões, contar a suas experiências... é uma realidade interessante, e me parece que pela primeira vez se dedica um tema grande aos círculos menores, bem maior do que nos outros Sínodos. Todos dizem que é melhor assim, do que ficar ouvindo outros, os grandes, e termos poucas possibilidades de participar. Com os círculos menores tendo muito tempo à disposição tudo fica mais participado”. 

(CM)








All the contents on this site are copyrighted ©.