Edição russa da Laudato si: ocasião de diálogo ecumênico


Moscou (RV) - A Encíclica ‘Laudato si’ do Papa Francisco como ocasião de diálogo ecumênico e confronto entre católicos e ortodoxos na Rússia, onde o respeito pelo ambiente é ainda pouco na sociedade e culturalmente não muito popular. 

Com este desejo foi apresentada, nesta quarta-feira (07/10), em Moscou, a edição russa da encíclica papal, publicada pela Editora Franciscana. O evento se realizou na Biblioteca do Espírito e contou com a participação do Núncio Apostólico na Rússia, Dom Ivan Jurkovich, que sublinhou a importância de não excluir a dimensão espiritual do tema da ecologia.

Segundo Asianews, o evento se concentrou no diálogo entre o Secretário da Conferência Episcopal Russa, Pe. Igor Kovalevskij, sacerdote católico, e o teólogo ortodoxo Pe. Vladimir Shmalij, que manifestou apreço mas também perplexidade em relação a ‘Laudato si’. O sacerdote católico disse que com esta encíclica Bergoglio se confirma o “Papa do diálogo”.

“Há uma mensagem universal dirigida a todos, para além da confissão religiosa”, frisou Pe. Kovalevskij. Para ele, o documento ajuda a refletir sobre a tarefa comum dos cristãos diante dos desafios do mundo moderno, que pode encontrar respostas até mesmos nos pequenos gestos. 

O sacerdote católico disse ainda que o Papa “não dá respostas prontas, mas tenta despertar a sociedade para o diálogo, sobre a maneira em que queremos construir o futuro de nosso Planeta”.

“Importante é limpar o termo ecologia da associação frequente com algo de extremamente liberal ou anti-humano, que afirma que todo mal vem do homem.” “A Igreja diz claramente de onde vem a nossa responsabilidade: o homem é senhor da Criação, disse Pe. Kovalevskij, citando a Bíblia, e por esta Criação é responsável”. 

Mas o lugar do homem em relação aos outros seres vivos é um dos pontos da ‘Laudato si’ que não convenceu o teólogo ortodoxo Shmalij, que reconheceu o aspecto ecumênico do documento, por ele definido como “revolucionário”, em relação às encíclicas precedentes por causa das citações de fontes não católicas, como o Patriarca Bartolomeu I.

O teólogo ortodoxo apreciou a tradução em russo do documento, mas disse não partilhar a “crítica ao antropocentrismo” e ao “humanismo contemporâneo”. 

Shmalij reconheceu a coragem do Papa e a urgência de seu apelo moral aos políticos para que realizem algo verdadeiramente significativo para mudar o mundo. (MJ)








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