Editorial: Família, fábrica da esperança


Cidade do Vaticano (RV) - “Se for preciso, recito o Credo”, disse Francisco falando aos jornalistas durante o voo que o levou de Cuba aos Estados Unidos. A pergunta se referia às denúncias contínuas que Francisco faz diante das injustiças do sistema econômico mundial, que levaram alguns setores da sociedade estadunidense a duvidar da catolicidade do Papa e a considerá-lo comunista.

De uma pergunta à qual Francisco respondeu em um tom de brincadeira brota uma fotografia de como foi a 10ª Viagem Apostólica Internacional que o levou primeiramente a Cuba e depois aos Estados Unidos. Ele com suas palavras e gestos recitou o seu Credo. Foram 09 dias durante os quais o “missionário da misericórdia” confirmou na fé os irmãos e se encontrou com o povo sofredor, com os sem-teto, com os migrantes e com os poderosos da terra.  Ninguém ficou de fora do olhar de Francisco.

Em Cuba, a mensagem que Francisco deixou foi de incentivo, confiança e esperança também diante das dificuldades. O Pontífice que encantou o povo cubano desejou com a sua presença, palavras e gestos, promover o diálogo e a reconciliação e deu prova disso oferecendo precedentemente uma contribuição importante na reaproximação entre Cuba e Estados Unidos. Um processo que deve continuar. 

O Papa Francisco em Cuba também falou com clareza sobre as ideologias que não consideram a pessoa e a dignidade humana. A missão do Papa em Cuba foi uma forte experiência de Igreja e um apelo à presença ativa dos cristãos na sociedade em vista do bem comum.

Sobre a história de Cuba que mudou e pode ser transformada, o Papa fez um convite forte em favor da confiança, e contra o desânimo, uma mensagem em particular aos jovens: não percam a esperança, ‘não deixem que lhes roubem a esperança’.

Isso num país que certamente tem os seus problemas, suas provações e pobrezas, é uma mensagem particularmente importante.

Francisco recordou ainda que “um povo, não digo um governo, que não se preocupa com os jovens, que não inventa uma possibilidade de trabalho para seus jovens, não tem um futuro”. Francisco ficou muito feliz e grato ao povo cubano pelo acolhimento alegre e afetuoso. 

Depois os Estados Unidos; Washington, Nova Iorque, a Sede da ONU e finalmente Filadélfia para o (Encontro Mundial das Famílias).

O povo dos Estados Unidos também abraçou com alegria o Sucessor de Pedro.

No discurso de boas-vindas, na Casa Branca, diante do presidente Barack Obama, o Papa evocou o tema da migração. Os gritos de “Viva o Papa” foram entoados repetidas vezes durante o discurso de Francisco que se apresentou como um “filho de uma família de imigrantes”.

Estas palavras tiveram uma ressonância especial para muitos estadunidenses, especialmente para os 40% de católicos hispânicos, devido à controvérsia sobre a imigração hispânica no país.

Já no seu histórico discurso ao Congresso dos Estados Unidos Francisco tocou o coração de todos os presentes e daqueles que através dos meios de comunicação seguiram a histórica visita. De fato foi a primeira vez de um Pontífice no Congresso estadunidense.

O Papa tinha sido convidado pelo Speaker da Câmara dos Deputados, sem nenhuma objeção por parte de qualquer membro do Congresso, então isso significa que é considerada uma pessoa interessante, importante, a ser ouvida, também nesta sede. E o discurso obteve plenamente a sua resposta às expectativas e o fato que houve tantos aplausos demonstrou não somente a cordialidade com a qual o Papa foi recebido, mas também o apreço pelas coisas que ele disse.

Foi uma reflexão a 360 graus, partindo da história deste país e concluindo-se com apelos forte, importantes: contra a pena de morte, contra o comércio de armas e também pela proteção da vida. E um convite: diante dos grandes problemas do mundo de hoje, uma nação como os Estados Unidos pode dar uma contribuição extremamente importante.

E de uma sede tão prestigiosa, como o Congresso, Francisco se dirigiu ao Centro de Caridade de uma paróquia, em Washington, para visitar os pobres e sem-teto: ali não só deu a benção ao refeitório do local, mas encontrou-se e conversou com eles. Um chamado à questão da solidariedade social, do cuidado aos desfavorecidos, para que eles também possam ter a sua dignidade como pessoa.

Outro discurso que passa para a história foi na Sede da ONU em Nova Iorque e que teve grande repercussão nos meios de comunicação do mundo inteiro. No amplo discurso, fortes exortações do Santo Padre: os problemas, as dificuldades do mundo, os conflitos que provocam sofrimentos a tantos homens, mulheres e crianças, as injustiças, o desrespeito aos direitos inalienáveis de toda pessoa, como o direito à casa, ao alimento e ao trabalho. Três palavras cunhadas por Francisco e escritas de modo indelével na mente dos potentes da terra.

Também no discurso, o tema da paz, sobre o qual o Papa ofereceu uma palavra corajosa e crível. Falou ainda sobre a importância da natureza, referindo-se, inclusive, à natureza da pessoa humana, que compreende a distinção natural entre homem e mulher.

Depois o encontro no Ground Zero, no encontro inter-religioso e ecumênico o compromisso comum em favor da paz por parte de todos os que creem em Deus.

Em seguida a última etapa da viagem, Filadélfia para o VIII Encontro Mundial das Famílias, um evento desejado por João Paulo II e que desde 1994 é realizado a cada três anos. O título e os desafios desta edição do encontro: “O amor é a nossa missão. A família plenamente viva”

Ali centenas de milhares de pessoas acolheram o Papa pelas ruas da cidade bem como na noite do sábado na Festa da Família, e no domingo a missa de encerramento.

Na sua mensagem às famílias de todo o mundo Francisco destacou mais uma vez que a “beleza nos leva a Deus. Um testemunho verdadeiro nos leva a Deus. Porque Deus também é verdade. “Obrigado a todos, a todos que deram testemunho,  - disse o Papa - e a presença de vocês é também um testemunho de que vale a pena a vida em família”.  “De que uma sociedade cresce forte, cresce boa, cresce sólida se se edifica na família”.

A família tem cidadania divina disse. A carta de identidade que elas têm foi dada por Deus para que no coração das famílias cresçam a bondade, verdade e a beleza.

Nas famílias, sempre há cruz. Porque o amor de Deus, do Filho de Deus, também nos abriu esse caminho. Mas nas famílias depois da cruz há ressurreição, porque o Filho de Deus nos abriu esse caminho. Por isso a família é uma fábrica de esperança, de esperança e ressurreição. Cuidemos da família, defendamos da família, porque aí está em jogo o nosso futuro. Agora o próximo encontro Mundial das Famílias, o 9º será em 2018, em Dublin, Irlanda, mas antes dele temos o Sínodo dos Bispos que começa no próximo domingo, no Vaticano, dedicado, precisamente à família. (Silvonei José)








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