Papa aos bispos dos EUA: “O diálogo é o nosso método”


Washington (RV) – O Papa Francisco encontrou-se com os bispos dos Estados Unidos na manhã desta quarta-feira (23/9), na Catedral de São Mateus, na capital estadunidense. Em um discurso aberto e acolhedor, Francisco disse que o “coração do Papa dilata-se para incluir a todos”.

O Pontífice disse que vem “de uma terra que também é americana”, compartilhou com os irmãos no episcopado uma série de reflexões “oportunas para a nossa missão” e falou sobre a superação da chaga dos abusos sexuais cometidos por integrantes do clero.

Superação da ferida dos abusos

“Tenho consciência da coragem com a qual vocês enfrentaram os momentos obscuros do percurso eclesial, sem temer autocríticas nem poupar-se de humilhações e sacrifícios, sem ceder ao temor de despojar-se do que é supérfluo, contanto que se recuperasse a credibilidade e confiança inerente aos Ministros de Cristo”, disse Francisco

E acrescentou:

“Sei quanto pesou a ferida dos últimos anos e acompanhei o esforço de vocês para curar as vítimas – conscientes de que, curando, também nós ficamos curados – e para continuar a agir a fim de que tais crimes nunca mais se repitam”.

Narcisismo que cega

Ao afirmar que a Igreja de Roma preside na caridade e, como Bispo de Roma, guarda a unidade da Igreja no mundo inteiro, Francisco convidou os bispos a “velar também sobre nós para fugirmos da tentação do narcisismo, que cega os olhos do pastor, torna irreconhecível a sua voz, e estéril o seu gesto”.

“Certamente é útil ao bispo possuir a clarividência do líder e a esperteza do administrador, mas decaímos inexoravelmente quando confundimos a potência da força com a força da impotência, através da qual Deus nos redimiu”, advertiu o Papa.

Diálogo: o método dos pastores

Ao reiterar que os bispos são defensores da “cultura do encontro”, o Pontífice garantiu que não mede esforços ao incentivar o diálogo – “o método dos Pastores”.

“Não temam o êxodo que é necessário em cada diálogo autêntico”, sublinhou o Papa.

Diante “da solidão das nossas fadigas”, Francisco convidou os bispos a entrar na mansidão e humildade de Jesus por meio da contemplação do Seu agir, para introduzir na Igreja “a suavidade do jugo do Senhor”, diante da rígida ansiedade do sucesso que, muitas vezes, “esmaga o nosso povo”.

Alicerce de unidade

Ao recordar que a missão episcopal é, primariamente, a de “cimentar a unidade” cujo conteúdo é determinado pela Palavra de Deus, Francisco disse que em um mundo “transtornado que busca novos equilíbrios de paz”, parte essencial da missão dos bispos é “oferecer aos Estados Unidos da América o fermento humilde e poderoso da comunhão”.

Migrantes latino-americanos

Por fim, o Papa fez duas recomendações aos bispos: para que sejam “pastores servidores próximos das pessoas” e para que acolham sem medo os migrantes latinos que chegam em muitas das dioceses dos EUA.  

“Como Pastor vindo do Sul, sinto a necessidade de lhes encorajar e agradecer. Talvez não seja fácil ler a alma dos migrantes, talvez vocês se sintam desafiados pela sua diversidade. No entanto, eles também possuem recursos para compartilhar. Por isso, acolham os migrantes sem medo. Ofereçam a eles o calor do amor de Cristo e assim vocês vão decifrar o mistério do seu coração”, finalizou Francisco. (RB)

Assista à integra da homilia do Papa em nosso canal VaticanBR








All the contents on this site are copyrighted ©.