Padre Lombardi: no rosto do Papa tanta alegria e tanta serenidade


Havana (RV) - Grande acolhida para Francisco desde a sua chegada a Cuba. Sobre os primeiros momentos da Viagem Apostólica, em um clima de grande alegria, se detém o Diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé e da Rádio Vaticano, Padre Federico Lombardi, entrevistado pelo nosso correspondente em Havana, Sergio Centofanti:

R. – A acolhida foi ótima... Havia tanta gente pelas ruas! E veio-me em mente precisamente a partida de Bento XVI que ocorreu exatamente ao longo dessas ruas, porém, sob uma chuva torrencial e também na presença de muitas pessoas. E então eu disse: “as pessoas que estavam naquela ocasião para saudar o Papa Bento estão agora novamente aqui para saudar o Papa Francisco”. Pode-se ver que o Papa aqui está a casa sua, aqui em Havana, e as pessoas estão muito felizes em recebê-lo. Eu creio que começou muito bem esta viagem ...

P. - Qual foi a mensagem principal do primeiro discurso do Papa a Cuba?

R. - Acho que é muito importante ter evocado o tema da vocação deste país como ponto de encontro. O Papa disse: “é um arquipélago que se situa entre o Norte e o Sul, entre o Leste e o Oeste: a sua vocação é ser encontro de povos”. Agora, pensando sobre como a história das últimas décadas representou Cuba, com um país isolado, talvez até mesmo pelo embargo, com posições de conflito ou pela tensão com o "grande vizinho", os Estados Unidos, e com outras partes do mundo, e assim por diante…, o fato de poder falar claramente de uma Cuba que é chamada a ser um lugar de encontro entre os povos, pareceu-me uma visão de futuro muito bonita, muito encorajadora, cheia de esperança, muito ambiciosa - digamos - para esse povo, porque o processo de aproximação com os Estados Unidos – ao qual o Papa fez referência também de modo explícito, e que, afinal, é também uma das razões da sua viagem –, está no início. Começou, diria, muito bem, foi uma grande surpresa para o mundo, o seu início, mas é algo longo, não é algo que vai ser resolvido apenas com o fato de que se abrem duas embaixadas. Há muitas relações a serem reconstruídas, muitas feridas a serem curadas para passar efetivamente a esta cultura do encontro e da paz que o Papa tanto deseja.

P. - Os Estados Unidos decidiram, na véspera da viagem, de aliviar o embargo: é uma iniciativa importante, mais um passo nessa direção ...

R. - Sim, é claro! Há muitos passos significativos: nos últimos dias, as autoridades cubanas concederam a graça a 3.000 prisioneiros que cometeram crimes comuns; os Estados Unidos – por sua vez – anunciaram medidas para aliviar o embargo, que não significam “levantar o embargo”, mas são alguns passos nesse sentido... Portanto, são passos dados na direção certa. São passos de um processo que é longo, um processo difícil: que não deve ser visto como algo tão fácil. Estamos no caminho, estamos percorrendo o caminho certo.

P. - Esta é a viagem mais longa do pontificado do Papa Francisco. Como está o Papa Francisco?

R. - Bem ... Eu sempre irei dizer que está bem, porque se ele faz as coisas que faz, ele deve estar bem: nenhuma pessoa que está mal tem a energia para fazer o que ele faz! Então, eu faço uma constatação muito pé no chão, muito simples, e digo que ele está bem. E, de fato, vemos que consegue enfrentar com grande energia esses compromissos que dariam medo a qualquer pessoa, se fossem vistos com critérios de prudência ou timidez. Mas não: ele os enfrenta, ele vai a um país como os Estados Unidos, onde nunca foi na sua vida! Também a Cuba, onde nunca esteve... E vai.., vai falar ao Congresso dos Estados Unidos, bem como à Assembleia das Nações Unidas! Isso significa que se sente apoiado pelo espírito de sua missão, sente que tem a ajuda do Senhor para dizer uma palavra de esperança, de ponderação, de futuro para as grandes questões da humanidade hoje. E agradecemos a Deus que ele pode fazer isso! E as pessoas, creio que apreciam muito isso, porque sentem uma grande necessidade. Percebem que esta pessoa - que se comporta de modo muito natural: mesmo se tem limitações em falar línguas ... – tem, porém, o espírito, impulso, a coragem, a força para proclamar mensagens e palavras que são esperadas e que são essenciais para a humanidade de hoje.

P. - E no seu rosto se pode ver tanta alegria ...

R. - ... tanta alegria e tanta serenidade. E esta é a prova de que o Senhor o acompanha, porque, efetivamente enfrentar esses desafios, esses compromissos poderiam causar preocupação, poderia causar medo ... Em vez disso, ele vive isso com grande alegria, com grande simplicidade, entusiasmo, com a convicção de responder a um chamado para dizer uma Palavra que é a Palavra do Evangelho, que é sempre crível e verdadeira. (SP)








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