Morre o jesuíta Boasso, que ensinou teologia bíblica a Bergoglio


Cidade do Vaticano (RV) - O professor Fernando Boasso, falecido esta segunda-feira no Colégio Máximo San José, na localidade de San Miguel, nas proximidades de Buenos Aires, tinha sido professor de teologia bíblica de Jorge Mario Bergoglio. Suas condições de saúde agravaram-se inesperadamente no início de março, quando foi acometido por um ictus, reporta o jornal vaticano “L’Osservatore Romano”.

O sacerdote argentino que, como gostava de repetir, buscava “o sagrado nas impressões cotidianas”, era chamado por todos, simplesmente, Pe. Fernando, com uma familiaridade que seguia sua ideia de uma Igreja “que saiba perdoar, que não esteja sempre pronta a condenar e que seja solidária”.

Nesse sentido, Boasso foi definido um autêntico “filho do Vaticano II” que viveu plenamente as evoluções da Igreja católica pós-conciliar. Desde o início em seu empenho e em seu testemunho de sacerdote colocou-se do lado dos pobres, dos mais fracos.

Evangelizar a partir do povo, ver o povo no centro da história num processo histórico, assumir a sua cultura, optar pela centralidade dos pobres: eram as linhas da sua pesquisa teológica na qual, entre outras coisas, aprofundou a recepção do Vaticano II por parte dos povos da América Latina.

Além disso, Boasso era um estudioso apaixonado pela história. Defendia que não é correto falar genericamente de cultura latino-americana e identificava ao menos três linhas que se cruzam na vida das populações locais: a cultura popular, a cultura moderna e a cultura eclesial.

Em 1967, junto a outros quatrocentos sacerdotes argentinos, Boasso subscreveu o “Manifesto dos Bispos do Terceiro Mundo”, documento que almejava a correta aplicação do Vaticano II e da Populorum progressio. Porém, jamais fez parte do movimento dos sacerdotes do Terceiro Mundo, bem como jamais aderiu à Teologia da Libertação.

Partilhava com Bergoglio também a paixão pela vida e as obras do Beato José Gabriel Del Rosario Brochero, muito amado em seu país, o “padre gaúcho” que na segunda metade do Séc. XIX percorria incansavelmente no lombo de uma mula sua vasta paróquia na província de Córdoba. Boasso escreveu em 2013 um breve biografia do Cura Brochero, com o prefácio do Papa Francisco. (RL)








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