2015-09-07 17:52:00

Cabo Verde - Religiosas na função pública - Testemunho a dobrar


A Irmã Antónia Cardoso, espiritana, é enfermeira. Trabalha num Centro de Saúde na Cidade da Praia. É funcionária do Estado. Tal como ela, muitas outras religiosas em Cabo Verde trabalham na função pública para o próprio sustento e das suas comunidades. Ao lado disso, ocupam-se também da pastoral, sem deixar de lado a sua vida espiritual e comunitária. É muito para um  dia de 24 horas. Ficam bastante sobrecarregadas - refere a Irmã Valentina Évora, franciscana, empenhada na pastoral em Santo Antão.

Precisariam de um subsídio para as aliviar um pouco economicamente e poder dedicar mais tempo à pastoral. Mas a Igreja em Cabo Verde não dispõem de meios para dar subsídios. No tempo colonial, com base na Concordata entre a Santa Sé e Portugal, havia um subsídio para os missionários. Depois da Independência, a Diocese de Santiago continuou a subsidiar os religiosos/as graças à ajuda que recebia da Santa Sé - disse D. Paulino do Livramento Évora, bispo emérito dessa Diocese, hoje regida pelo Cardeal Arlindo Furtado, o qual assegura que pelo facto de as duas Dioceses de Cabo Verde não disporem de meios para subsidiar as religiosas (e nem mesmo os padres diocesanos) é que se viu no emprego profissional das mesmas uma solução para o problema. Um problema crónico, real - afirma,  por sua vez, D. Luís Mariano Montemayor, até há pouco tempo, Núncio Apostólico em Cabo Verde. Ele considera que os Bispos das duas Dioceses cabo-verdianas deveriam pensar em como dar um subsídio às religiosas, não por serem religiosas, mas pelo trabalho que desenvolvem na pastoral. Isto permitir-lhes-ia dedicar mais tempo ao apostolado. Aliás, há quem sustente que na base da escassez de vocações femininas para a vida religiosa, actualmente, em Cabo Verde está, - entre outros factores, o escasso tempo que as irmãs dedicam à pastoral vocacional.

De qualquer maneira, a sua presença no funcionalismo público – que sofre também dos problemas do sector, como o desemprego - não é de simples funcionárias, asseguraram muitas, entre as quais a própria Irmã Antónia. Querem fazer a diferença com a sua postura, pois é isso que as pessoas querem delas. E ela procura ali viver a sua vocação primária, que é a de servir a Deus. E tendo essa profissão pode fazê-lo duplamente. Não é fácil – admite - mas no seu caso como enfermeira, põe sempre o seu dia diante de Cristo que sempre teve uma atenção particular para com os doentes, e pede-lhe forças e luzes para enfrentar as dificuldades.

Mas, segundo D. Paulino do Livramento Évora, a presença das religiosas na função pública deveria ser melhor aproveitada para um testemunho profético cristão.








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