Kobane (RV) – Criação imediata, sobretudo na Itália e na Grécia, de centros para
imigrantes e exilados, além da assunção de responsabilidades por parte de todos os
países da União Europeia. É a solicitação da chanceler alemã, Angela Merkel, e do
presidente francês, François Hollande, em carta enviada às autoridades europeias.
As portas de alguns países, no entanto, começam a se abrir, sobretudo por causa da
comoção mundial suscitada pela foto do pequeno menino sírio morto na praia de Bodrum.
Na cidade de Kobane, de onde fugiram em família, foram levados de volta a mãe e os
dois filhos, de 3 e 5 anos, para enterrá-los, depois de terem morrido no mar turco.
Uma tragédia que destruiu a vida do pai, Abdullah Kurdi, enquanto o mundo inteiro
parece ter acordado para o drama. Kurdi tentou salvar os filhos Aylan e Galip, mas
eles escorregaram das suas mãos, mesmo com os coletes salva-vidas.
A foto do pequeno Aylan na praia comoveu os europeus e o resto do mundo, enquanto
ainda se pergunta se foi justo ou não tê-la publicado. Em meio à perturbação de todos
e à mobilização de muitos, a reação dos ingleses é a que mais se enaltece, já envolvidos
em doações e coletas em favor dos imigrantes. O premiê David Cameron, inclusive, já
anunciou que o seu país está pronto para acolher milhares de refugiados provenientes
da Síria, além dos 50 mil já recebidos. Trata-se de outros 4 mil, cifra, porém, a
ser confirmada.
Cabeça e coração, explica Cameron, estarão por trás de cada escolha inglesa perante
aquele que vem sendo definido como “o maior desafio” para a Europa. Outras 30 mil
pessoas poderão chegar na Polônia e, para isso, o país já está preparando um plano
de emergência.
O Velho Continente está “enfrentando o maior fluxo de refugiados dos últimos decênios”,
explica o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados, António Guterres,
que solicita um programa de recolocação de massa para cerca de 200 mil refugiados.
Para Guterres, servem medidas urgentes e corajosas e “uma estratégia comum, fundada
na responsabilidade, solidariedade e confiança”. Todos os países da EU devem participar,
sobretudo para ajudar a Grécia, a Itália e a Hungria – esse país que bateu o novo
recorde de desembarques em 24 horas: 3.313 entre imigrantes e refugiados, mil a mais
em respeito ao dia precedente.
Os centros para os imigrantes e exilados deverão ser “plenamente operativos” até o
final de 2015, escrevem Merkel e Hollande na carta enviada aos presidentes do Conselho
Europeu e da Comissão. Os dois líderes europeus se dizem determinados a defender Schengen,
o tratado que “garante a livre circulação” dentro da União Europeia e “permite aos
Estados Membros enfrentar os desafios que se encontram”.
O êxodo da Síria e do Norte da África em direção à Europa é uma emergência enorme,
uma crise real que se prolongará por ao menos 20 anos. Os desembarques na Itália prosseguem,
das costas calabresa àquela siciliana, tratando-se de centenas de pessoas, entre elas,
como sempre, muitas crianças. Inclusive nesta sexta-feira (4) se fala de tragédias
no mar. Segundo a Organização Internacional das Migrações, ao menos 30 pessoas estariam
perdidas na Líbia, depois de um bote afundar que deveria trazê-las para a Europa.
(AC)
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