Estação da Igreja destes últimos anos é uma grande primavera


Camaldoli (RV) - A Igreja de hoje é cada vez mais a “Igreja do discernimento”: foi o que disse o pesquisador da Fundação para as ciências religiosas João XXIII de Bolonha – norte da Itália –, Riccardo Saccenti, no segundo dia da Semana Teológica do Meic (Movimento Eclesial de Empenho Cultural), em andamento na localidade italiana de Camaldoli.

Segundo o pesquisador, “a estação da Igreja destes últimos anos é, certamente, uma grande ‘primavera’, e nessa primavera o discernimento da comunidade eclesial em seu conjunto voltou a ter um valor central”.

Isso é testemunhado pelo “dúplice Sínodo sobre a família e o Jubileu extraordinário da Misericórdia”, os quais “foram pensados como verdadeiras ocasiões de discernimento para a Igreja, com um envolvimento concreto do povo de Deus e, consequentemente, com um impacto direto sobre a própria forma da Igreja”.

De fato, segundo Saccenti “no centro do Sínodo está, de modo claro, a vontade de tratar da questão do anúncio do Evangelho aos homens do nosso tempo e de investir na sinodalidade como traço distintivo da Igreja contemporânea, ao passo que o Jubileu será o espaço para fazer discernimento sobre o tema da misericórdia e de sua relação com a Igreja e com a história”.

Essa renovada atenção à dimensão do discernimento, explicou ainda o pesquisador, se insere “no sulco da grande tradição da Igreja, a partir da Escritura” até o “Séc. XX, quando com o Concílio o discernimento se tornou um dos eixos do modo como a Igreja pensa a si mesma e vive a sua dimensão missionária”.

Ainda hoje, concluiu o estudioso, “essa permanece sendo a dimensão na qual a Igreja realiza a sua capacidade de anunciar a verdade do Evangelho, seja para dar cumprimento à própria missão, seja para receber dos homens e das culturas uma riqueza que a torna sempre mais filha de seu Senhor e sempre mais consciente da capacidade própria do Evangelho de inculturar-se e de falar as línguas dos homens do nosso tempo”.

A Semana Teológica do “Movimento Eclesial de Empenho Cultural” continua seus trabalhos de aprofundamento sobre o tema do discernimento, sobretudo na ótica da elaboração de uma contribuição própria em vista, proximamente, do Simpósio Eclesial de Florença.

Na tarde do primeiro dia coube ao camaldolense Emmanuele Bordello evidenciar o valor do discernimento na grande tradição monástica. Nesta quinta e na sexta-feira cabe ao biblista Michele Marcato e ao magistrado Vito D’Ambrosio tratarem da questão, respectivamente, no campo bíblico e no campo do engajamento sócio-político. (RL)

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