Dom Toso: "Laudato si" é vade-mécum para a crise ecológica


Cidade do Vaticano (RV) - “Laudato si... sobre o cuidado da casa comum. Custodiar a terra cultivar o humano” é o tema do Simpósio de três dias, promovido pela Cooperativa Frate Jacopa, na localidade de Bellamonte, no Trentino-Alto Adige – nordeste da Itália –, que se conclui esta quinta-feira, dia 27. Contando com a participação de especialistas e momentos de encontro com a realidade local, civil e eclesial, o Simpósio foi aberto pelo bispo de Faenza-Modigliana, Dom Mario Toso – por muito tempo secretário do Pontifício Conselho da Justiça e da Paz –, que fez uma apresentação da “Laudato si”. Entrevistado pela Rádio Vaticano, eis o que disse o religioso salesiano:

Dom Mario Toso:- “Creio que ao apresentar a Encíclica ‘Laudato si’ do Papa Francisco seja fundamental fazer com que se compreenda que ela representa um vade-mécum importante para ajudar não somente os fiéis, a dar uma contribuição eficaz na solução da crise ecológica. E o é porque ajuda a ler uma questão complexa através da contribuição de vários saberes. Uma das razões pelas quais não se consegue sair da crise ecológica reside propriamente no fato que muitas vezes ela é abordada atendo-se a uma visão redutiva e setorial, como a que se faz atendo-se à técnica ou a um esquema tipicamente econômico. Em vista do cuidado pela ‘casa comum’, ensina o Papa Francisco, a contribuição das convicções de fé é também fundamental. O conceito de ecologia integral, que compreende várias dimensões, é, sem dúvida, um elemento importante ilustrado pelo Papa Francisco. Esse conceito representa para a questão ecológica quase um primeiro princípio moral, que deve orientar o discernimento, seja na fase de análise da situação, seja na fase da oferta de orientações práticas em vista da solução da crise ecológica.”

RV: O que significa, no dia a dia, inspirar-se nos princípios da “Laudato si”? É possível colher, neles, um novo estilo de vida?

Dom Mario Toso:- “Significa, em primeiro lugar, habituar-se a ter diante da criação e das relações entre humanidade e ambiente, um olhar mais profundo, não superficial, que permita colher – como ensinaram o próprio Cristo e São Francisco de Assis – mensagens de amor da parte de Deus. Significa, em segundo lugar, sentir-se unidos por ligações invisíveis, como seres que mesmo na diferença ontológica formam uma espécie de família universal. Além disso, significa compreender que a criação nos é dada não somente para nós mesmos, mas também para as futuras gerações. A finalidade última das criaturas – devemos colocar isso muito claramente na cabeça – não somos nós, mas Deus.”

RV: Qual a importância que os jovens dão para questão do cuidado com a criação?

Dom Mario Toso:- “As novas gerações mostram-se particularmente sensíveis ao cuidado com a criação. Diante do prevalecimento de mentalidades consumistas e tecnocráticas, os jovens parecem mais disponíveis a buscar um novo início, mediante o crescimento numa cidadania ecológica, inclusive mediante toda uma série de pequenas ações cotidianas que, juntas, fazem o bem. Todavia, também as novas gerações precisam crescer numa consciência crítica em relação aos modelos de desenvolvimento hoje prevalecentes e baseados numa razão de tipo instrumental, que corre o risco de atrair também as pessoas mais entusiastas. Em particular, as novas gerações são chamadas a compreender que não basta ser bons singularmente, mas é preciso responder aos problemas sociais e ecológicos, constituindo redes comunitárias também mediante uma conversão comunitária.” (RL)








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