Boom migratório em Portugal no passado para exemplo à Europa hoje


Lisboa (RV) – O diretor do Serviço Jesuíta aos Refugiados (JRS) em Portugal, André Costa Jorge, defende que o número de refugiados que cada país da União Europeia vai acolher está “muito aquém das reais necessidades” que atualmente batem à porta da região. Em entrevista à Agência Ecclesia, ele lamenta a falta de “consenso” e a atitude de “fechamento” que marcam o modo como o Velho Continente está enfrentando o problema dos refugiados, quando o que está em causa é “salvar vidas”.

 

Só nos primeiros sete meses deste ano, cerca de 224 mil migrantes e refugiados atravessaram o Mediterrâneo em direção à Europa, para escaparem de situações como a guerra, o terrorismo, a discriminação social e religiosa ou a pobreza. De acordo com o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados, no mesmo período, mais de 2100 pessoas perderam a vida no mar ou estão dadas como desaparecidas.

André Costa Jorge frisa que a Europa é vista pelos refugiados como um “lugar de esperança” e, nesse contexto, Portugal tem um papel essencial para desempenhar no apoio aos “países que sofrem maior pressão migratória”, como a Itália, a Grécia e a Hungria. Os primeiros dados revelados pela União Europeia apontavam para a possibilidade de Portugal receber cerca de 1500 refugiados, mas recentemente foi constatada “uma diminuição desses números”.

O responsável católico reconhece que a questão dos refugiados “não é um assunto linear”, pois para além de “questões de direitos humanos” estão em causa também situações “relacionadas com a segurança e gestão de fronteiras”, além do “peso e autonomia que cada país tem na gestão das suas fronteiras”. No entanto, reforça que é preciso fazer um “esforço” no sentido de “se atingir o bem maior”, que é salvaguardar a vida dessas pessoas.

Para André Costa Jorge, o “debate social” em relação aos refugiados ainda está à tona e cabe à Igreja Católica, às organizações que trabalham especificamente na área das migrações, colaborar também na “consciencialização da sociedade”.

O diretor do JRS recorda o exemplo que Portugal deu durante o grande “boom migratório” de 15 anos atrás, e que trouxe ao país milhares de imigrantes em busca de uma vida melhor. Daquele tempo, “não ficou nenhum trauma, os problemas foram sendo resolvidos e houve uma integração de sucesso, atestada pelos parceiros e organizações internacionais”.

E é com essa “elevação” que André Costa Jorge espera ver tratada agora a situação dos refugiados, tendo como prioridades o acolhimento, a integração social e cultural e a inserção no mercado de trabalho, para que essas pessoas sejam, “tanto quanto possível, cidadãos participantes da economia nacional”. (AC/Agência Ecclesia)








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