Celebrado na Índia o "Domingo da Justiça"

Nova Délhi (RV) – “Tornar as pessoas e as instituições mais sensíveis em relação aos problemas enfrentados na sociedade, para assim responder melhor à exigência de justiça”. É esta a finalidade do “Justice Sunday” que se celebra neste domingo na Índia. Promovido desde 1983 e organizado pela Conferência Episcopal Indiana, a recorrência é celebrada todos os anos no domingo sucessivo ao 15 de agosto, festa de independência do país. Sobre este dia, que chega à sua 32ª edição, a Rádio Vaticano entrevistou o Diretor da Asianews, Padre Bernardo Cervellera:

“A questão da justiça apresenta, atualmente, pontos muito pungentes no que tange aos direitos dos dalit, os direitos das mulheres, o respeito pela dignidade da mulheres. Depois, existe a questão da paz: a Índia é um país nuclear e próximo ao Paquistão, também ele nuclear. Entre estes dois países não se consegue nunca nivelar as relações”.

RV: Além destes, quais são os outros âmbitos preocupantes em cuja justiça encontra dificuldade em afirmar-se?

“A justiça, na Índia, se manifesta pouco do ponto de vista da liberdade religiosa. Na Asianews registramos continuamente – agora mais com o governo de Modi – violências contra cristãos, budistas e muçulmanos. Igrejas queimadas, escolas devastadas, espancamento de fieis, estátuas destruídas, etc. A polícia não investiga isto, não encontra culpados. Ainda hoje, no que diz respeito ao ‘pogrom’ de Kandhamal, em Orissa de 2008, os processos realizados foram somente cerca de dez. Na maior parte deles, os acusados são libertados”.

RV: A Igreja busca abrandar os sofrimentos de quem é vítima de injustiças ligadas ao sistema de castas?

“Esta é uma injustiça fortíssima. Mesmo com a independência da Índia e graças à Mahatma Gandhi, o país eliminou oficialmente a divisão de castas, ao menos como influência na burocracia e no Estado, porém, de fato, a cultura ainda é esta. E assim, os dalit são marginalizados do ponto de vista do trabalho, dos estudos e dos benefícios que poderiam tirar da sua situação de indigência. E é necessário dizer que os dalit cristãos e os dalit muçulmanos são ainda mais marginalizados: enquanto os dalit hindús são ajudados pelas regras e portanto, tem lugares nas escolas, nos trabalhos administrativos estatais, etc, os dalit cristãos e os muçulmanos são somente marginalizados. Não têm nenhuma ajuda”.

RV: Muitas das injustiças estão ligadas também aos grandes bolsões de pobreza ainda presentes no país. Somente uma sociedade mais justa poderá finalmente promover um equilibrado desenvolvimento na maior democracia ao mundo...

“É um país em via de desenvolvimento. Está crescendo e se fortalecendo, porém os desequilíbrios entre ricos e pobre são realmente enormes”. (JE)