Crônica: Caligrafia, arte e religião


Dubai (RV*) - Amigas e amigos da Rádio Vaticano, é com imenso prazer que lhes envio uma saudação de paz de Dubai, no Oriente Médio.

Pelo termo caligrafia entendemos a escrita bonita, bem desenhada e com arte. Além disso, em diversas culturas, ela assume também um caráter religioso. É o caso das culturas árabes que professam o islamismo.

Para os povos das Arábias, a caligrafia é a mais sublime das artes islâmicas e a expressão mais típica dos seguidores de Maomé. Existe uma espécie de culto pela palavra. Ele é tão forte que não poucas pessoas o classificam como idolatria. Sua origem está na revelação de seu livro sagrado, o famoso Alcorão, onde lemos: “O teu Senhor ensinou com o cálamo, ensinou ao homem o que ele não conhecia.”.

Segundo a tradição islâmica, o anjo Gabriel falou em árabe e suas palavras foram escritas em árabe por isso, língua e escrita formam o tesouro inestimável de todos os muçulmanos. Como no caso dos cristãos que têm por missão transmitir a Boa Nova a todos os povos, os muçulmanos também têm a missão de conservar e transmitir seu tesouro. E o fizeram com toda a perfeição de que são capazes.

O uso da caligrafia foi adquirindo formas e disposição de letras com tom artístico transformou-a em arte respeitada no mundo inteiro. No seio do Islã, porém, está intimamente ligada à expressão religiosa.  Nas mesquitas não há altares, não há imagens, mas há letras árabes em toda parte. Esses sinais, curiosamente revoltos e cursivos aparecem pintados e esculpidos nas paredes, tecidos nos tapetes e nos medalhões que pendem do teto. A letra árabe é a razão de ser da mesquita. Por ser uma casa da escrita, é a mesquita uma casa de Deus. “A mesquita é uma casa de leitura, porque leitura é prece.”

A caligrafia não se restringe apenas às mesquitas. Faz parte do ambiente didático, da composição decorativa da cerâmica, da tapeçaria e de mosaicos. Está presente também nos monumentos, palácios e tumbas. Enfim pode-se afirmar que a letra está intimamente misturada ao cenário da vida.

Amigas e amigos, se para o Islamismo e letra e o livro estão no centro da religião, no Cristianismo, além de termos as Sagradas Escrituras, segundo o Evangelista João, Cristo é o Verbo  a Palavra viva, o filho de Deus no meio de seu povo, centro e cabeça da Igreja.

*Missionário Olmes Milani CS, das Arábias para a Rádio Vaticano








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