Cor Unum: conflito sírio-iraquiano e dez anos da 'Deus caritas est'


Cidade do Vaticano (RV) - O Pontifício Conselho Cor Unum realizará, em 17 de setembro próximo, em Roma, o encontro de coordenação das obras caritativas na Síria e no Iraque.
 
O organismo vaticano, encarregado das iniciativas de caridade do Papa, promoverá também, nos dias 25 e 26 de fevereiro de 2016, em Roma, a conferência internacional pelos 10 anos de publicação da Encíclica ‘Deus caritas est’ de Bento XVI.

Numa entrevista à nossa emissora, o Secretário do Cor Unum, Dom Giampietro Dal Toso, falou a propósito desses dois eventos.

“Estamos na fase preparatória em vista de 17 de setembro, quando pela terceira vez realizaremos, em Roma, o encontro de coordenação com os organismos caritativos católicos que trabalham no contexto da crise na Síria e no Iraque que, como sabemos, do ponto de vista humanitário, é provavelmente a crise mais grave dos últimos 25 anos.”

O senhor teve a possibilidade e de ir à Síria para coordenar essas ajudas?

“Sim. Eu estive na Síria a última vez no final de outubro do ano passado para um encontro com os bispos sírios e temos contatos frequentes com várias organizações. A ideia é a de buscar manter juntas todas essas pessoas que trabalham nesse contexto. É difícil fazer uma coordenação operativa porque se trata de muitas pessoas, porque a situação é muito delicada, porque não é possível chegar a todas partes do país, e porque estão em jogo questões de relevo. O que para nós é importante é manter juntos esses organismos a fim de que seja visível o testemunho importante da Igreja neste momento em favor dos irmãos e irmãs na Síria e no Iraque que estão sofrendo. Obviamente, o compromisso da Igreja Católica não é somente em favor dos cristãos, mas para toda a população”.

Isso está em linha com a preocupação do Papa Francisco pela Síria e o Iraque neste momento, sobretudo pelos refugiados

“Sim. O Papa falou várias vezes sobre a Síria e o Iraque e muitas vezes pediu para que se encontre formas de reconciliação e pacificação. Trata-se de acabar com essa guerra que está em andamento há mais de 4 anos e que provocou mais de 220 mil mortos, na Síria. Está causando muitos sofrimentos, como sabemos, para os cristãos no Iraque que tiveram que fugir pois foram expulsos de suas terras e pela primeira vez na história nessas partes do Iraque não há mais uma presença cristã. É uma situação grave e obviamente o Papa várias vezes tomou posição a fim de que se encontre uma solução política para deter a guerra. Por outro lado, o que a Igreja Católica pode, deve fazer e faz neste momento é dar um sinal de sua presença ao lado das vítimas, favorecendo a ajuda humanitária, a assistência pastoral aos cristãos que fugiram e criando um ambiente acolhedor para essas pessoas. Acredito que essa presença junto da população seja o maior testemunho que a Igreja pode dar neste momento para pelos menos curar as feridas que essa guerra provocou.”

Qual outra iniciativa da parte do Cor Unum?

“Estamos preparando, com o apoio do Papa Francisco, um grande encontro nos dias 25 e 26 de fevereiro de 2016 pelos 10 anos da publicação da Encíclica “Deus caritas est” de Bento XVI. Esse documento é uma pedra fundamental para todo o setor caritativo da Igreja porque deu uma direção teológica a essa atividade e porque sublinhou que esse serviço caritativo é central para a Igreja, assim como a pregação da Palavra de Deus e a celebração dos Sacramentos. Essa encíclica marcou um momento importante para a atividade caritativa da Igreja e deu grandes frutos eclesiais nos vários continentes tanto na atividade concreta quanto na compreensão de uma visão correta do serviço da caridade. Nesse sentido, gosto de dizer que o Papa emérito Bento XVI deu um quadro teológico que o Papa Francisco testemunha cotidianamente, ou seja, este serviço à humanidade sofredora ao qual Francisco nos convida continuamente e que ele primeiramente vive. Por isso, nos pareceu importante celebrar dez anos dessa encíclica não somente com um olhar para trás, mas sobretudo com um olhar para frente, para as perspectivas que ela continua oferecendo para a nossa atividade caritativa. E o Papa Francisco nos encorajou nesta iniciativa que se insere bem no âmbito do Ano da Misericórdia.”

Quem será convidado para este grande evento?

“Para este grande evento serão convidados os representantes das conferências episcopais, os representantes dos grandes organismos caritativos católicos e de voluntariado, das universidades pontifícias e também representantes e titulares de várias cátedras sobre teologia da caridade a fim de dar um impulso a esse tipo de reflexão teológica.”

Esse encontro se realizará em Roma?

“Sim, se realizará em Roma, no Palácio São Pio X. Esperamos uma grande participação e contatamos relatores importantes porque para nós é importante manter presente a centralidade do serviço caritativo para a vida da Igreja, porque isso dá um testemunho importante também hoje de como a Igreja vive realmente arraigada, perto do ser humano e se interessa pelos seus sofrimentos, e pelo homem na sua integridade, em suas necessidades corporais mas também espirituais.” (MJ)








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