Missionário nas Arábias: os portugueses estiveram aqui


Dubai (RV*) - Amigas e amigos ouvintes da Radio Vaticano, é com votos de paz que saúdo a todos.  Hoje mergulharemos um pouco na História da chegada dos nossos irmãos portugueses na região Sudoeste da Península da Arábia.

Em 1506 a Coroa Portuguesa conferiu ao capitão Alfonso Albuquerque a missão de traçar a rota ao redor da África e  Arábia para chegar à Índia.  Deveria  criar bases no Mar da Arábia e do Golfo para atracar as caravelas lusitanas, durante suas viagens entre a Indonésia e a Europa.

Naquele tempo, os árabes da parte sul do Golfo conheciam pouco ou nada da Europa. A frota de cinco navios, sob o comando de Albuquerque, apareceu no horizonte como a primeira visita importante dos europeus.  Assim os portugueses tiveram o privilégio único de ter introduzido a civilização europeia no Golfo. Não importa o que Albuquerque fez, o comportamento dos cristãos europeus será lembrado por séculos.

Infelizmente, Albuquerque deixou sua marca indelével. Contornando a África e chegando à Arábia, deixou navios árabes destruídos por todos os lugares onde passou. Quando os omanis lhe negaram permissão de atracar, saqueou sua cidade. Ao chegar a Khor Fakhan, a primeira parada na região que hoje forma os Emirados Árabes Unidos, encontrou a multidão rufando tambores, posicionando-se em lugares elevados, montando cavalos ao longo da costa para ver europeus pela primeira vez.

Albuquerque e seus navegadores observavam tudo do convés. Interpretaram que aquele espetáculo não era suficientemente submisso. Desembainharam as espadas. Impiedosamente investiram contra as pessoas, decepando-lhes narizes e orelhas, abaionetando homens, capturando ou matando mulheres e crianças e ateando fogo em  suas casas, suas plantas cítricas e estábulos.

Essa barbárie dos portugueses  significaria que o século seguinte não seria prazeroso para quem tentasse chegar em terras árabes. A aversão aos europeus cresceu ainda mais quando Vasco da Gama queimou um navio com destino a Meca com centenas de peregrinos a bordo.

Enquanto os habitantes do remoto Golfo nada conheciam sobre os europeus,  os portugueses e seus primos espanhóis eram experientes em lidar com árabes.  Exatamente uma década antes de chegar em Khor Fhakan, Portugal e Espanha puseram um fim aos sete séculos de governo islâmico em suas terras. A queda de Granada em 1492 significava a reconquista completa. Agora os ibéricos chegavam com a ideia de conquistar e colonizar. Viam a civilização muçulmana e árabe como inimigos odiosos. Eles matavam e mutilavam sem piedade quando uma cidade portuária não acolhia suas caravelas.

Historiadores como Frauke Heard-Bey, acreditam que os sofrimentos infringidos pelos portugueses incendiou o ódio dos árabes para com os  europeus e os cristãos, em particular. A crueldade dos portugueses perpetrada entre o Mar Vermelho e a costa pérsica é lembrada como obra dos cristãos.

 No ano de 1631, depois de serem derrotados em batalhas com as marinhas da Holanda e Inglaterra, os portugueses foram-se afastando do Golfo. O legado que os cristãos são cruéis com os árabes ainda está muito presente e atrapalha os movimentos de paz.

Amigas e amigos, a História nos faz lembrar as palavras do Mestre: “Tudo o que vocês desejam que os outros façam a vocês, façam vocês também a eles” MT 7,12.

 Até a próxima.

*Missionário Olmes Milani CS, das Arábias para a Rádio Vaticano.








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