Observatório Vaticano ressalta importância de chegar a Plutão


Cidade do Vaticano (RV) - A Nasa confirmou o sucesso da missão da sonda “New Horizons” que, nesta terça-feira (14/07), depois de 9 anos de viagem, passou a 12,5 mil km da superfície de Plutão, objetivo mais distante nunca alcançado por um veículo espacial. Na quarta-feira (15/07), foram divulgadas as primeiras imagens feitas pela sonda “New Horizons” durante sua aproximação de Plutão. As imagens mostram as luas Hidra e Caronte, e uma imagem em alta resolução da superfície de Plutão revelou a existência de montanhas na superfície do planeta anão. 

Sobre esta missão espacial, a nossa emissora entrevistou o Diretor do Observatório Astronômico do Vaticano, Pe. José Funes. 

“Temos de entender a magnitude desse empreendimento humano. Agora, a missão “New Horizons” chegou ao ponto mais próximo de Plutão. Foram necessários nove anos e meio para chegar ali e também a dedicação de muitas pessoas. Essa é uma boa ocasião para ressaltar que não fazemos a ciência sozinhos, mas com os outros, com um grupo que certamente inclui astrônomos, geólogos, engenheiros e outros profissionais. É um grande trabalho, um grande esforço. Digo isso por que? Para mostrar a importância deste evento. Chegamos à periferia do Sistema Solar, estamos perto do ‘Cinturão de Kuiper’, onde existem esses objetos chamados ‘transnetunianos’ porque estão além de Netuno, e nesta região do Sistema Solar se formam também os cometas. Agora, quem se dedica ao estudo de Plutão e desses objetos do ‘Cinturão de Kuiper’ terá muitos dados para estudar e entender melhor a formação desses objetos e do Sistema Solar.”

Em 14 de julho de 50 anos atrás chegou à Terra a primeira imagem de Marte. Cinquenta anos depois, 14 de julho de 2015, temos as primeiras imagens de Plutão. Em cinco décadas, percorremos todo o nosso Sistema Solar. O que isso trouxe para o conhecimento do espaço da parte do homem?

“É difícil dizer qual seja a novidade. Para mim a motivação fundamental para fazer ciência e explorar o Universo é a curiosidade. O ser humano é curioso, quer entender melhor, quer explorar e me parece que essa seja uma condição muito humana, muito bonita, que nos ajuda também a chegar às periferias, nesse caso às periferias do Sistema Solar.”

Na base dessas missões espaciais há também alguma forma de busca por Deus?

“Não imediatamente. Em tudo o que fazemos de bonito, de verdadeiro, de bom ali estamos buscando Deus, mesmo se às vezes não acreditamos explicitamente em Deus. Falo sobre as pessoas que não acreditam. Há uma busca pela verdade e pela beleza, e nesse sentido podemos dizer também que essas missões nos aproximam mais da verdade, da beleza e de Deus”.

Em 50 anos de conhecimento de nosso Sistema Solar, temos a confirmação de que existe somente o ser humano...

“Sim. Digamos que, até hoje, parece não existir outros seres inteligentes. Não sabemos em relação à vida, ainda não encontramos uma resposta. Parece que a Terra seja um fenômeno comum em outras estrelas. Existem planetas parecidos com a Terra. Isso deixa aberta a possibilidade de vida e quem sabe de vida inteligente.”

A sonda estadunidense agora deixará Plutão para ir fora de nosso Sistema Solar...

“Estamos na periferia do Sistema Solar. Plutão tem uma distância do sol de 30 a 50 vezes a distância entre a Terra e o Sol, ou seja, o tempo que a luz leva para chegar do Sol à Terra é de  8 minutos, o tempo que a luz do Sol leva para chegar a Plutão é de cerca de cinco a seis horas. Pensamos que a estrela mais próxima - Alfa Centauros – está a uma distância de quatro anos-luz! Eu que me interesso por galáxias - pelas galáxias mais próximas, como a Andrômeda, a mais próxima a nós, a somente dois milhões de anos-luz, e ainda existem muitas galáxias distantes, diria que ainda estamos em casa.” (MJ)








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