"Justo e adequado" o chamado do Papa ao diálogo, diz Cardeal chileno


Santiago (RV) – O Arcebispo de Santiago, Cardeal Ricardo Ezzati, considerou "justo y adequado" o chamado ao diálogo entre Chile e Bolivia feito pelo Papa Francisco durante sua viagem à América do Sul. O Pontífice descartou uma mediação, ao menos enquanto o Tribunal de Haia não se pronunciar sobre o recurso impetrado pela Bolívia.

Diáologo

“O que disse o Papa – explicou o Cardeal – é que os países, especialmente próximos, são chamados a construir-se no diálogo. Não levantando muros, mas sim derrubando muros. Está muito claro que não ia propor nem referir-se a alguma ação sua nesta situação”.

“O Papa falou de diálogo, que não é somente a busca de um ponto intermediário”, afirmou o Cardeal em uma coletiva de imprensa. “Quando pensamos que é a busca de um ponto intermediário nos equivocamos. O diálogo deve conduzir sempre à verdade e existem verdades hitóricas objetivas que não se podem esquecer quando alguém dialoga”.

Medição é último recurso

A respeito de uma eventual mediação do Pontífice na contenda, Dom Ezzati enfatizou que “o Papa disse claramente que a questão entre Chile e Bolívia está em Haya e que não tem mediação possível enquanto isto estiver assim (…), disse que o recurso a uma mediação é o último, submetido a que os países o peçam”.

A Bolívia entrou com um recurso no Tribunal de Haya, para obrigar o Chile a abrir negociações para a restituição ao país andinode umaa saída para o mar, fato rechaçado por Santiago, que considera as questões de frontera como “resolvidas”, com o tratado assinado em 1904. Baseado nisto, o Chile solicitou à Corte de Haia para que se declare sem competencia para conhecer e pronunciar-se sobre a demanda boliviana.

Aspiração não é injusta

Em La Paz, o Pontífice referiu-se à aspiração boliviana de uma saída para o Oceano Pacífico, que o país perdeu para o Chile em uma guerra travada no século XIX. “Estou pensando no mar, diálogo, diálogo”, disse o Papa na ocasião. O tema foi retomado na coletiva realizada no avião de retorno a Roma, quando Bergoglio afirmou que “sempre existe uma base de justiça quando existem mudanças de limites territoriais e sobretudo após uma guerra”. “Então existe uma revisão contínua, uma revisão disto. Eu diria que não é injusto pleitear uma coisa deste tipo, esta aspiração”, acrescentou.

Segundo o Cardeal Chileno, as expressões de Francisco fazem alusão a que “o diálogo deve ser levado em frente de forma bilateral, o que o Chile quer é um diálogo bilateral e o Papa disse que isto é bom”.

“As aspirações esperamos que sejam nobres e grandes, mesmo que não queira dizer que as aspirações que alguém tenha seja uma realidade ou que tenha que obtê-las por meios injustos”, observou.

O governo chileno declarou não sentir-se “presionado” com as palabras do Pontífice. (JE)

 

 








All the contents on this site are copyrighted ©.