Discurso integral do Papa à sociedade civil paraguaia


Assunção (RV) – Na noite de sábado )11/07) o Papa Francisco encontrou a sociedade civil paraguaia no Ginásio de Esportes León Condou, onde pronunciou um contundente discurso, em parte lido e a maior parte de improviso, respondendo à perguntas que lhe foram colocadas precedentemente por cinco pessoas, representando segmentos da sociedade. Propomos a versão integral (não oficial) do discurso:

Boa tarde!

Eu escrevi isto com base nas perguntas que me chegaram, que não são todas as que vocês fizeram, assim que, aquilo que faltar, irei completando na medida que vou falando. de tal maneira que na medida que eu possa, quero dar minha opinião sobre as reflexões de vocês.

Sinto-me feliz em estar convosco, representantes da sociedade civil, para partilhar esses sonhos e esperanças num futuro melhor e problemas. Agradeço a D. Adalberto Martínez Flores, Secretário da Conferência Episcopal do Paraguai, essas palavras de boas-vindas que me dirigiu em nome de todos. E agradeço às seis pessoas que falaram, cada uma delas representando um aspecto de sua reflexão.

Ver-vos a todos, um vindo de um setor, duma organização desta sociedade paraguaia, com as suas alegrias, preocupações, lutas e motivações, leva-me a dar graças a Deus. Ou seja, parece que o Paraguai não está morto, graças a Deus. Porque um povo que vive, um povo que não mantém vivas as suas preocupações, um povo que vive na inércia duma aceitação passiva é um povo morto. Pelo contrário, em vós, vejo a seiva duma vida que não para e quer germinar. Isto, Deus sempre o abençoa. Deus está sempre a favor de tudo o que ajuda a levantar e melhorar a vida dos seus filhos. É verdade que há coisas que estão mal; há situações injustas. Mas o fato de vos ver e ouvir ajuda-me a renovar a esperança no Senhor, que continua a atuar no meio do seu povo. Vocês vem de diferentes panoramas, situações e causas; todos juntos formais a cultura paraguaia. Todos sois necessários na busca do bem comum. «Nas condições atuais da sociedade mundial, onde há tantas desigualdades e são cada vez mais numerosas as pessoas descartadas» (LS 158), ver-vos todos aqui é uma dádiva. É um presente porque nas pessoas que falaram, vi a vontade pelo bem da pátria.

1. Relativamente à primeira questão, gostei de ouvir da boca dum jovem a preocupação de fazer com que a sociedade seja um espaço de fraternidade, justiça, paz e dignidade para todos. A juventude é um tempo de grandes ideais. Muitas vezes me vem de dizer, que me dá tristeza ver um jovem aposentado. Como é importante que vocês, jovens, comecem a intuir que a verdadeira felicidade passa através da luta de um país mais fraterno! E é bom que vocês, jovens, vejam que felicidade e prazer não são sinônimos. Uma coisa é a felicidade e o gozo que vem e outra é um prazer passageiro. A felicidade constrói, é sólida, edifica. A felicidade exige compromisso e entrega. Vocês são demasiado valiosos, e por isto o compromisso, a entrega, são muito valiosos e não como que para andar pela vida como que anestesiados! O Paraguai possui uma população jovem abundante, o que constitui uma grande riqueza. Por isso, penso que a primeira coisa a fazer é evitar que essa força se apague, esta luz que tendes em vossos corações desapareça, contrastando a mentalidade crescente que considera inútil e absurdo aspirar a coisas que valham a pena. “Não que não te intrometas, não, isto não se ajeita mais” – essa mentalidade que pretende ir mais além é considerada absurda. (...). Mas jogá-la por algo, jogá-la por alguém. Esta é a vocação da juventude e não tenhais medo de deixar tudo para trás. Joguem limpo, joguem com todos. Não tenhais medo de dar o vosso melhor. Não busquem o conchavo prévio para evitar o cansaço, a luta. Não corrompam.

Isto sim, esta luta, não a façam sozinhos. Procurai dialogar, aproveitai para escutar a vida, as vicissitudes, as histórias dos vossos mais velhos e dos vossos avós, que tem sabedoria alí. Perdei muito tempo a ouvir todo o bem que têm para vos ensinar. Eles são os guardiões desse património espiritual de fé e de valores que definem um povo e iluminam o caminho. Encontrem conforto também na força da oração, em Jesus. Na sua presença diária e constante. Ele não decepciona. Jesus convida através da memória do seu povo, é o segredo para o vosso coração se manter sempre alegre na busca de fraternidade, justiça, paz e dignidade para todos. Que isto pode ser um perigo – “Sim, sim, eu quero fraternidade, justiça, paz, dignidade” – porém pode converter-se em um nominalismos. Pura palavra! Não! A fraternidade, a justiça, a paz e a dignidade devem ser concretas, senão, não servem. São de todos os dias! Devem ser praticadas todos os dias! Então, eu pergunto a vocês, jovens, como trabalhas com estes ideais no dia-a-dia, no concreto? Ainda que te equivocas, te corrijas e torne a andar. Porém, no concreto. Eu confesso para vocês que às vezes me dá um pouco de alergia, ou para não dizer em termos tão finos, um pouco de ‘mormo’, ao escutar discursos grandiloquentes com todas estas palavras e quando se conhece a pessoa que fala, diz: “Que mentiroso que és”. Por isto, somente palavras não servem. Se vocês dizem uma palavra, comprometam-se com esta palavra, trabalhem-na no dia-a-dia, dia-a-dia. Se sacrifiquem por isto! Se comprometam!

Gostei da poesia de Carlos Miguel Giménez, que D. Adalberto Martínez citou. Acho que resume muito bem o que eu vos quis dizer: «[Sonho] um paraíso sem guerra entre irmãos, rico em homens saudáveis de alma e coração (…) e um Deus que abençoa a sua nova ascensão».  Sim, é um sonho. E tem duas garantias: que o sonho se desperte e seja realidade de todos os dias, e que Deus seja reconhecido como a garantia da dignidade nossa como homens.

2. A segunda referiu-se ao diálogo como meio para forjar um projeto de Nação que inclua a todos. O diálogo não é fácil. Também existe o diálogo-teatro, por assim dizer, representamos dialogar, jogamos com o diálogo e depois falamos entre nós dois, entre nós dois. O diálogo está sobre a mesa. Se vocês, no diálogo, não dizem realmente o que sentem, o que pensam, e não te comprometes em escutar o outro, em ir ajustando o que vais pensando e conversando, o diálogo não serve, é uma pintura. Agora, também é verdade que o diálogo não é fácil, tem que superar muitas dificuldades e às vezes parece que nos obstinamos em tornar as coisas ainda mais difíceis. Para que haja diálogo, é necessário uma base fundamental, uma identidade. Certo, por exemplo, eu penso no diálogo nosso, no diálogo inter-religioso, onde representantes das diversas religiões conversam. Nos reunimos, às vezes, para falar... os pontos de vista..., porém cada um fala de sua identidade: “Eu sou budista, eu sou evangélico, eu sou ortodoxo, eu sou católico”. Cada um fala, porém, de sua identidade. Não negocia sua identidade. Ou seja, para que haja diálogo, é necessário esta base fundamental. E qual é a identidade em um país? - estamos falando do diálogo social aqui – o amor à Pátria. A Pátria primeiro, depois meu negócio. A Pátria primeiro! E essa é a identidade. Então eu, a partir desta identidade, vou dialogar. Se vou dialogar sem esta identidade, o diálogo não serve. Ademais, o diálogo pressupõe e exige de nós buscar esta cultura do encontro; um encontro que sabe reconhecer que a diversidade não só é boa, mas necessária. A uniformidade nos anula, nos faz autômatos. A riqueza da vida está na diversidade. Pelo que o ponto de partida não pode ser: “Vou dialogar porém aquele está equivocado”. Não, não, não podemos presumir que o outro está equivocado. Eu vou com o meu e vou escutar o que diz o outro, em que me enriquece o outro, em que o outro me faz perceber que eu estou equivocado e que coisas posso eu dar ao outro. É um ida e volta, ida e volta, porém com o coração aberto. Com presunções de que o outro está equivocado, o melhor é ir para casa e não tentar um diálogo, não é mesmo? O diálogo é para o bem comum e o bem comum se busca, a partir das nossas diferenças, possibilitando sempre novas alternativas. Por outras palavras, busca algo de novo. Sempre, quando existe o verdadeiro diálogo, se termina em um ... - me permitam a palavra, porém a digo com nobreza – em um acordo novo, onde todos chegamos a um acordo sobre algo. Existem diferenças? Que fiquem de lado, na reserva. Porém neste ponto em que chegamos a um acordo ou nestes pontos em que chegamos a um acordo, nos comprometemos e os defendemos. É um passo em frente. Esta é a cultura do encontro. Dialogar não é negociar. Negociar é procurar tirar a própria fatia. Ver como tiro o meu. Não, não dialogues, não perca tempo. Se vais com esta intenção, não percas tempo, pois dialogar é buscar o bem comum para todos. Discutir juntos, pensar uma melhor solução para todos. Muitas vezes esta cultura do encontro vê-se envolvida no conflito. É como dizer.... recém vimos um balé precioso. Tudo estava coordenado. Tudo estava perfeito. Tudo ia bem. Porém, no diálogo, nem sempre é assim, nem tudo é um balé perfeito ou uma orquestra coordenada. No diálogo se dá o conflito. É lógico e previsível. Pois se eu penso de uma maneira e você de outra e vamos andando, se cria um conflito. Não devemos temer isto! Não temos que ignorar o conflito. Pelo contrário, somos convidados a assumir o conflito. Se não assumimos o conflito – “Não, é uma dor de cabeça, que vá com suas ideias para sua casa e eu fico com a minha” – não podemos dialogar nunca. Isto significa «aceitar suportar o conflito, resolvê-lo e transformá-lo no elo de ligação de um novo processo» (EG 227). Vamos dialogar, tem conflito, o assumo, o resolvo e é um elo de um novo processo. É um princípio que pode nos ajudar muito. A «unidade é superior ao conflito» (EG 228). O conflito existe: tem que assumi-lo, tem que tentar resolvê-lo até onde se consegue, porém com o objetivo de chegar a uma unidade que não é uniformidade, mas sim uma unidade na diversidade. Uma unidade que não cancela as diferenças, mas vive-as em comunhão por meio da solidariedade e da compreensão. Ao tentar compreender as razões do outro, ao tentar ouvir a sua experiência, os seus anseios, podemos ver que são, em grande parte, aspirações comuns. E esta é a base do encontro: todos somos irmãos, filhos de um mesmo Pai, de um Pai celestial, e cada um, com a sua cultura, a sua língua, as suas tradições, tem muito para dar à comunidade. Agora, eu estou disposto a receber isto? Se estou disposto a receber e dialogar com isto, então me sento para dialogar; se não estou disposto, melhor nem perder tempo. As verdadeiras culturas nunca estão fechadas em si mesmas, morrem – se se fecham em si mesmas morrem - mas são chamadas a encontrar-se com outras culturas e criar novas realidades. Quando estudamos história encontramos culturas milenares que já não existem mais. Desapareceram. Por muitas razões. Porém, uma delas, é terem-se fechado em si mesmas. Sem este pressuposto essencial, sem esta base de fraternidade, será muito difícil que se chegue ao diálogo. Se alguém considera que há pessoas, culturas, situações de segunda, terceira ou quarta categoria, de certeza que algo acabará mal, simplesmente porque carece do mínimo, que é o o reconhecimento da dignidade do outro. Que não existe uma pessoa de primeira, de segunda, de terceira, de quarta: são todas da mesma linha.

3. E isto dá-me ocasião para responder à preocupação expressa na terceira pergunta: acolher o clamor dos pobres, para construir uma sociedade mais inclusiva. É curioso: o egoísta se exclui. Nós queremos incluir. Recordem-se da Parábola de Filho Pródigo, este filho que pediu a herança do pai, levou todo o dinheiro, o gastou com a boa vida, e ao final de um longo tempo, após ter perdido tudo, pois lhe doía o estômago de fome, se lembrou de seu pai. E seu pai o esperava. É a figura de deus, que sempre nos espera. E quando o vê retornar, o abraça e faz festa. Por outro lado, o outro filho, aquele que permaneceu em casa, se enoja e se auto exclui: “eu não me junto com estas pessoas, eu me comportei bem, eu tenho uma grande cultura, estudei em tal ou tal universidade, tenho uma família e esta estirpe. De modo que não me misturo com estes”. Não excluir ninguém, porém não se auto excluir, porque todos necessitamos de todos. Também um aspecto fundamental na promoção dos pobres é o modo como os vemos. Não serve uma visão ideológica, que acaba usando os pobres ao serviço de outros interesses políticos e pessoais (EG 199). As ideologias terminam mal, não servem. As ideologias tem uma relação ou incompleta ou doente ou ruim com o povo. As ideologias não assumem o povo. Por isto, olhem para o século passado. Em que terminaram as ideologias? Em ditaduras, sempre, sempre. Pensam pelo povo, não deixam ao povo pensar. Ou, como dizia aquele crítico da ideologia, quando lhe disseram, "sim, porém estas pessoas têm boa vontade e querem fazer alguma coisa pelo povo" - "sim, sim, sim, tudo pelo povo, porém nada com o povo". Estas são as ideologias. Para se buscar efetivamente o seu bem, a primeira coisa é ter uma preocupação genuína pela sua pessoa – estou falando dos pobres - valorizá-los na sua própria bondade. Mas uma avaliação real exige estar dispostos a aprender dos pobres, aprender deles. Os pobres têm muito para nos ensinar em humanidade, bondade, sacrifício, em solidariedade. Nós, cristãos, além disto, temos outro motivo, e maior, para amar e servir os pobres, porque neles, vemos o rosto, vemos o rosto e a carne de Cristo, que Se fez pobre para nos enriquecer com a sua pobreza» (cf. 2 Cor 8, 9). Os pobres são a carne de Cristo. Eu gostaria de perguntar a alguém, quando confesso pessoas – agora não tenho tantas oportunidades para confessar como tinha na minha diocese anterior -, porém, gosto de perguntar-lhes: “Você ajuda as pessoas?” – “sim, sim, dou esmola” – “ah, diga-me, quando dá a esmola, tocas a mão a quem dás a escola ou atira a moeda e faz assim?”. São atitudes. “Quando você dá esta esmola, olha em seus olhos ou olha para o outro lado?”. Isto é depreciar o pobre. São os pobres. Pensemos bem. É alguém como eu e, se está passando por um mal momento por mil razões – econômicas, políticas, sociais ou pessoais – eu poderia estar neste lugar e poderia estar desejando que alguém me ajudasse. E além de desejar que alguém me ajude, se estou neste lugar, tenho o direito de ser respeitado. Respeitar o pobre. Não usá-lo como objeto para lavar minhas culpas. Aprender dos pobres, como o que diz, com as coisas que tem, com os valores que tem. E os cristãos têm este motivo, que são a carne de Jesus.

Num país, é certamente muito necessário o crescimento económico e a criação de riqueza e que esta chegue a todos os cidadãos, sem ninguém ficar excluído. E isto é necessário. A criação desta riqueza deve estar sempre em função do bem comum, de todos, e não de poucos. Nisto, devemos ser muito claros. «A adoração do antigo bezerro de ouro (cf. Ex 32, 1-35) encontrou uma nova e cruel versão no fetichismo do dinheiro e na ditadura duma economia sem rosto» (EG 55). As pessoas, cuja vocação é contribuir para o desenvolvimento econômico, têm a obrigação de velar por que este tenha sempre rosto humano. O desenvolvimento econômico tem que ter um rosto humano. Não à economia sem rosto! Nas suas mãos, está a possibilidade de oferecer emprego a muitas pessoas e, deste modo, dar esperança a muitas famílias. Trazer o pão para casa, oferecer aos filhos um teto, oferecer saúde e educação são aspectos essenciais da dignidade humana, e os empresários, os políticos, os economistas devem deixar-se interpelar por isso. Peço-vos que não cedais a um modelo económico idólatra que exige sacrificar vidas humanas no altar do dinheiro e do lucro. Na economia, na empresa, na política, vem em primeiro lugar a pessoa e o habitat onde vive.

Em todo o mundo, o Paraguai é conhecido, justamente, como a terra onde tiveram início as Reduções, uma das experiências de evangelização e organização social mais interessantes da história. Nelas, o Evangelho foi alma e vida de comunidades onde não havia fome, não havia desemprego, analfabetismo, nem opressão. Esta experiência histórica ensina-nos que uma sociedade mais humana também é possível hoje. Vocês a viveram em suas raízes aqui. É possível. Quando há amor ao homem e vontade de o servir, é possível criar as condições para que todos tenham acesso aos bens necessários, sem que ninguém seja descartado. Buscar em cada caso as soluções para o diálogo. Eu estou por terminar aquilo que havia escrito, porém não quero que fique nada comigo daquilo que me perguntaram.

Na quarta pergunta, respondi com isto de.... uma economia toda em função da pessoa e não em função do dinheiro, não? E falavam da pouca efetividade. A senhora, a empresária, falava a pouca efetividade de certos caminhos. E mencionava alguém que eu havia mencionado na Evangelii Gaudium, que é o populismo irresponsável, não estou certo? E parece que não dão efeito, não?, que... e tem tantas teorias, não? Como fazê-lo? Creio que com isto que digo de uma economia com rosto humano, está a inspiração para responder a esta pergunta.

Na quinta, (...) cultura, creio que teria (...) a resposta está dada ao longo do que disse quando falei das culturas. Ou seja, tem uma cultura ilustrada, que é a cultura e é boa e tem que respeitá-la, certo? Hoje, por exemplo, em uma parte do balé,  foi tocada uma música de uma cultura ilustrada e boa, porém tem outra cultura que tem o mesmo valor, que é a cultura dos povos, dos povos originários, das diversas etnias. Uma cultura que me atreveria chamá-la, porém no bom sentido, uma cultura popular. Os povos tem sua cultura e fazem sua cultura. É importante este trabalho pela cultura no sentido mais amplo da palavra. Não é cultura somente ter estudado ou poder usufruir de um concerto, ou ler um livro interessante, mas também é cultura mil coisas. Falavam do tecido de Ñandutí. Por exemplo, isto é cultura. E é cultura nascida do povo. Para fazer um exemplo, certo? E tem duas coisas que, antes de terminar, eu queria me referir. E nisto, como tem políticos aqui presentes, incluído o Presidente da República, o digo fraternalmente, não? Alguém me disse, “olhe, fulano de tal foi sequestrado pelo exército, faça algo, não?”. Eu não digo sim, é verdade, não é verdade, se é justo, se não é justo, porém um dos métodos que tinham as ideologias ditatoriais do século passado, aquelas que me referi há pouco, era separar as pessoas, ou com o exílio, ou com a prisão, ou, no caso dos campos de extermínio, nazistas ou estalinistas, as separavam com a morte, não? Para que haja uma verdadeira cultura em um povo, uma cultura política e do bem comum, rápidos julgamentos claros, julgamentos transparentes. E não serve outro tipo de estratagema.  A justiça transparente, clara. Isto vai nos ajudar a todos. Eu não sei se aqui existe isto ou não, o digo com todo o respeito. Me disseram quando eu entrava. Me disseram aqui. E que pediram não sei por quem. Não ouvi bem o nome. E depois outra coisa que vos queria dizer por honestidade: um método que não dá liberdade às pessoas para assumir responsavelmente sua tarefa de reconstrução da sociedade. É a chantagem. A chantagem sempre é corrupção: - “se tu fazes isto, vamos fazer isto, com o que te destruímos” -. A corrupção é a traça, é a gangrena de um povo. Por exemplo, nenhum político pode cumprir seu rol, seu trabalho, se está sendo chantageado por atitudes de corrupção – “me dá isto, me dá este poder, me dá isto ou..., senão...., vou te fazer isto e aquilo”. Isto que ocorre em todos os povos do mundo, porque isto acontece. Se um povo quer manter sua dignidade, tem que desterrar isto. Estou falando de algo universal.

E termino. Para mim é uma alegria ver a grande quantidade e variedade de associações que estão comprometidas na construção de um Paraguai cada vez melhor e próspero, porém, se não dialogam, não serve para nada. Se chantageiam, não serve para nada. Esta multidão de pessoas são como uma sinfonia, cada um com a sua peculiaridade e a sua riqueza própria, mas procurando a harmonia final, a harmonia e isto é o que conta. E não tenham medo do conflito, porém falem dele e busquem caminhos de solução.

Amem a vossa Pátria, os vossos concidadãos e sobretudo amai os mais pobres. Deste modo sereis um testemunho perante o mundo de que é possível outro modelo de desenvolvimento. Estou convencido, pela própria história de vocês, de que tendes a força maior que existe: a vossa humanidade, a vossa fé, o vosso amor. Este ser do povo paraguaio, que o distingue tão ricamente entre as nações do mundo.

Peço à Virgem de Caacupé, nossa Mãe, que cuide de vós, vos proteja e anime nos vossos esforços. Que Deus vos abençoe e rezem por mim! Obrigado.

Um conselho como despedida, antes da benção. O pior que pode acontecer a cada um de vocês é saírem daqui pensando: “Que bom o que disse o papa a fulano, beltrano e aquele outro”. Se alguém de vocês aceita pensar assim, pois vem o pensamento, e a mim também me vem às vezes, deves rechaçá-lo, - “O Papa, a quem disse isto? Para mim”. Cada um, quem seja – “A mim”. E os convido a rezar ao nosso Pai comum, todos juntos, cada um na sua língua.....

 








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