Prisão de Palmasola: “Vozes em liberdade”


Santa Cruz de la Sierra (RV) – “Vozes em liberdade”: este é o título do livro que os detentos da Bolívia prepararam para o Papa Francisco, que visita na manhã desta sexta-feira (10/07) a maior prisão do país: Palmasola.

O responsável nacional da Pastoral Carcerária e organizador desta visita do Papa é o brasileiro Pe. Leonardo da Silva, que mora há 10 anos na Bolívia. Para preparar este livro, ele esteve em todas as prisões nacionais, pedindo aos detentos que escrevessem livremente ao Pontífice: orações, relatórios sobre suas condições, exemplos de reinserção, experiências de pessoas sentenciadas injustamente, etc.

“Eles estão privados de liberdade, mas suas vozes não”, disse Pe. Leonardo ao Programa Brasileiro.

Francisco visita o Pavilhão chamado “PC-4”, de regime semiaberto, que hoje abriga cerca de 3800 detentos. Destes, 54 são brasileiros. Ali, a organização segue outra lógica: não existem celas, grades, horários fixos ou banho de sol. É como um bairro, com vielas, casas ou sobrados que os detentos têm que pagar aluguel. Como? Trabalhando dentro da própria prisão, como padeiro, carpinteiro, eletricista, cozinheiro. Quem tem mais condições, pode “comprar um ponto”, um restaurante ou uma lavanderia, por exemplo. E ao invés de pagar o aluguel de uma cama dividindo o quarto com outros prisioneiros, pode alugar seu próprio apartamento, com banheiro próprio. É uma pequena cidade, com os mesmos serviços.

O contato com a realidade externa não é completamente interrompido. Não existem as visitas íntimas: os familiares podem ingressar e pernoitar com o detento. Inclusive os filhos podem entrar.

Um resort? Não. Certamente os presidiários não são submetidos a condições degradantes de vida, não são tratados como animais, mas não é o lugar dos sonhos de ninguém. Ali mesmo, no pavilhão de segurança máxima, dois anos atrás 35 detentos morreram num motim. Inclusive duas crianças que visitavam seus pais. Sendo baseado no dinheiro, a corrupção é altíssima, assim como a ineficiência judiciária.

“É sempre uma prisão”, disseram à reportagem da Rádio Vaticano três detentos brasileiros, ansiosos para deixar Palmasola.

De Santa Cruz de la Sierra para a Rádio Vaticano, Bianca Fraccalvieri

 








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