Crônica: Convergências das religiões


Dubai (RV*) - Amigos e amigas da Rádio Vaticano, estou de volta com uma saudação fraterna das Arábias.

Tenho a impressão de que quando o assunto é religiões, vamos à cata de elementos divergentes para ver como podemos levá-los para um ponto de encontro.  Nessa tentativa, quase sempre enfrentamos as questões ligadas ao poder, dentro das próprias religiões, e ao lado institucional.

No momento em que escrevo este texto, aqui nas Arábias, os seguidores de Maomé estão se preparando tempo forte o Ramadã, - ou seja, os 30 dias de jejum.

Examinando a doutrina do jejum, percebemos que, nesta prática, islamismo e cristianismo convergem. Para entender melhor a convergência, vejamos como é o jejum islâmico nos seus três níveis:

Nível um.  O jejum geral, ou seja, o mais baixo. É a autorrestrição da comida, da bebida e das relações sexuais.

Nível dois.  O jejum especial. Além do que foi mencionado, a pessoa se restringe dos pecados pelo mau uso das mãos, dos pés, da visão, da audição e dos outros órgãos do corpo.

Nível três. O jejum extra-especial. Os muçulmanos praticam o jejum da mente. Procuram pensar somente em Deus, Allah, e na outra vida.  Pensam no mundo com a visão no próximo, uma vez que é o campo de cultivo do futuro.   Alertam que pode haver hipocrisia quanto ao jejum. Algumas pessoas podem preparar o alimento, durante o dia, só para quebrar o jejum à noite.

O jejum especial se baseia em deveres que visam à obtenção da perfeição. Contudo, existem cinco inimigos que destroem o jejum: a mentira, a calúnia, a difamação, o perjúrio, e a paixão sexual.

Por isso manda-se restringir a língua de conversas vãs, da mentira, da difamação, da calúnia, do falso testemunho, da obscenidade, da hipocrisia, da inimizade; adotar o silêncio, guardar a língua ocupada com a lembrança de Allah e a recitação do Alcorão.

Ressalta-se a necessidade de restringir a audição quanto a conversas maldosas, porque o que é ilícito dizer, também é ilícito ouvir O profeta disse: O difamador e quem ouve a difamação são iguais e dividem o pecado.

É preciso também controlar as mãos, os pés e os outros órgãos do corpo dos pecados, das más ações e salvar o estômago das coisas duvidosas, na hora de se quebrar o jejum, porque não há lógica em se restringir das coisas lícitas com o jejum e se quebrar o jejum com coisas ilícitas, como álcool e drogas. O jejum é bonito e valioso quando existe sintonia com a vida diária.

Assim como o melhor amigo do ser humano é o próprio ser humano, ele pode ser também o oposto, seu pior inimigo.

Saber impor-se disciplina é uma das grandes vitórias do ser  humano, contra si mesmo

*Missionário Pe. Olmes Milani CS.

Das Arábias para a Rádio Vaticano








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