2015-07-02 10:16:00

Santa Sé: mensagem para o Domingo do Mar


O Conselho Pontifício para a Pastoral dos Migrantes e Itinerantes publicou nesta quarta-feira, dia 1 de julho, a sua mensagem por ocasião do Domingo do Mar, que será celebrado no próximo dia 12.

Com o evento anual do Domingo do Mar, o Conselho Pontifício faz votos de que as comunidades cristãs e a sociedade em geral reconheçam, antes de tudo, as pessoas do mar como seres humanos que contribuem a tornar nossas vidas mais confortáveis, e lhes agradeçam pelo trabalho e os sacrifícios.

Apostolado do Mar

O Domingo do Mar é uma celebração especial que a Igreja organiza para recordar os marítimos e rezar por eles, pelas suas famílias e por aqueles que se dedicam ao seu serviço. Tudo começou em 1975, quando o Apostolado do Mar, a Mission to Seafarers e a Sailors’ Society decidiram estabelecer um dia para reconhecer a contribuição dos marítimos para a economia mundial.

Este evento tem também uma importância ecuménica porque, em muitos portos, as celebrações e as diversas atividades de sensibilização sobre a situação humana e de trabalho dos marítimos são feitas em conjunto com outras tradições cristãs, dando testemunho de unidade de propósitos e de cooperação para proteger os direitos dessas pessoas.

"Pessoas invisíveis"

O texto da mensagem do Conselho Pontifício para a Pastoral dos Migrantes e Itinerantes, por ocasião deste evento, destaca inicialmente que “para transportar mercadorias e produtos por todo o mundo, a economia global confia em grande parte essa tarefa à indústria marítima, apoiada por uma força de trabalho de cerca 1,2 milhões de marinheiros que, nos mares e oceanos, governam navios de todos os tipos e dimensões e enfrentam, por sua vez, as poderosas forças da natureza”.

Pelo facto que os portos são construídos longe das cidades e pela velocidade de carregamento e descarregamento de mercadorias, as tripulações desses navios são pessoas "invisíveis", destaca a mensagem. “Como indivíduos, não reconhecemos a importância e os benefícios que a profissão marítima oferece para as nossas vidas, porém, ficamos conscientes do seu trabalho e dos seus sacrifícios somente quando ocorre uma tragédia”.

Resgate de migrantes

A atual situação de guerra, violência e instabilidade política em vários países criou um novo fenómeno – continua a mensagem – que está afetando o setor do transporte marítimo. Desde o ano passado, juntamente com a guarda costeira e as forças navais de Itália, Malta e a União Europeia, os navios mercantes em trânsito pelo Mar Mediterrâneo participam ativamente no que se tornou um resgate diário de milhares de migrantes, que buscam chegar à costa italiana, especialmente, em todo o tipo de embarcações lotadas e inadequadas para a navegação.

Desde tempos imemoriais os marinheiros cumprem com a obrigação de prestar assistência a pessoas em perigo no mar, em qualquer condição. No entanto, como observado por outras organizações marítimas, para os navios mercantes salvar migrantes no mar representa um risco para a saúde, o bem-estar e a segurança das suas tripulações. As embarcações comerciais são projetadas para o transporte de mercadorias (contentores, óleo, gás, etc.), enquanto os serviços a bordo (alojamento, cozinha, wc, etc.) são construídos de acordo com o número limitado de membros da tripulação. Portanto, estes navios não estão equipados para prestar assistência a um grande número de imigrantes.

Traumas

Além disso, o esforço para salvar tantas pessoas quanto possível e, às vezes, a visão de cadáveres flutuando no mar, representam uma experiência traumática que deixa os membros da tripulação exaustos e psicologicamente stressados, até ao ponto de precisarem de apoio psicológico e espiritual.

No Domingo do Mar, como Igreja Católica, – lê-se ainda na mensagem – expressamos a nossa gratidão aos marítimos em geral, pela sua fundamental contribuição para o comércio internacional. Este ano, em particular, reconhecemos os grandes esforços humanitários realizados pelas tripulações de navios mercantis, sem hesitação, às vezes, arriscando as suas vidas, envolvidas em numerosas operações de resgate, salvando a vida de milhares de migrantes.

Capelães

O agradecimento também a todos os capelães e voluntários do Apostolado do Mar pelo seu compromisso diário em servir os marítimos.

Na conclusão, o Conselho Pontifício para a Pastoral dos Migrantes e Itinerantes, na sua mensagem assinada pelo Cardeal António Maria Vegliò, pede aos governos europeus, aos governos de proveniência dos fluxos migratórios e também às organizações internacionais, para que cooperem na busca de uma solução política duradoura e definitiva para acabar com a instabilidade existente naqueles países. Pede ainda mais recursos não só para missões de busca e salvamento, mas também para prevenir o tráfico e a exploração de pessoas que fogem de condições de conflito e pobreza.

(RS/SP)








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