Conheça a autora e o místico muçulmano citados na Laudato Si


Cidade do Vaticano (RV) – “O universo desenvolve-se em Deus, que o preenche completamente. E, portanto, há um mistério a contemplar numa folha, numa vereda, no orvalho do rosto do pobre”. O parágrafo 233 da Encíclica Laudato Si do Papa Francisco vem acompanhado pela nota n.159, explicando que o autor do pensamento é o  místico muçulmano Ali Al-Khawwas, um mestre espiritual que, “partindo da sua própria experiência, assinalava a necessidade de não separar demasiado as criaturas do mundo e a experiência de Deus na interioridade”.

A autora Eva de Vitray-Meyerovtich

De fato, sobre ele, não se encontram muitas referências precisas na rede. No entanto, sobre a autora de Antologie du soufisme citada na Encíclica, Eva de Vitray-Meyerovtich, é possível traçar um perfil contudente.

A médica e estudiosa francesa nasceu em 5 de novembro de 1909 em Boulougne-Billancourt, em um ambiente luxuoso da região parisiense. Aos 22 anos casou com Lazare Meyerovitch, um letão de origem judaica. Torna-se diretora do Laboratório de Frédéric Joliot-Curie, com quem fugiu da ocupação nazista em 1940. Após a libertação de Paris, passa a integrar o Centro Nacional de Pesquisa Científica (CNRS) onde torna-se, rapidamente, responsável pelo Departamento de Ciências Humanas.

Conversão ao islamismo

Eva de Vitray-Meyerovich descobre o Islã por meio do livro “Reconstruir o pensamento religioso do Islã”, do pensador e poeta Muhammad Iqbal. Após três anos de exegese cristã na Sourbonne, Eva torna-se muçulmana, em boa parte fascinada pelo poeta persa Jalal ud Din Rumi (1207-1273), de quem aprendeu em profundidade a dimensão mística do Islã.

Após a defesa da tese na Universidade de Paris em 1968 intitulada “Temas místicos no trabalho de Jalal ud Rimn Rûmî", Eva se estabeleceu no Cairo entre 1969-1973, onde trabalhou como docente na prestigiosa Universidade de Al-Azhar, máxima autoridade da teologia sunita.

Eva Vitray-Meyerovitch é autora de numerosas obras sobre o misticismo islâmico. Em 28 de dezembro de 2008, por expresso desejo seu, teve o caixão colocado diante do mausoléu poeta que tanto amava. (JE/Il Sismografo)








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