Tempo de Ramadã no mundo árabe


Dubai (RV*) - Amigos e amigas, recebam uma saudação das Arábias.  Enquanto escrevo este texto, os praticantes das leis islâmicas celebram um dos cinco pilares prescritos pelo profeta Maomé, o Ramadã, tempo de jejum.

Os muçulmanos têm um carinho especial pelo jejum, além de serem escrupulosos no seguimento das normas que o regem. Pretendem fazer as coisas do modo mais acertado possível.

Essa atitude se manifesta na pontualidade de dar início ao jejum. A preocupação séria é saber o momento em que se inicia o tempo de Ramadã, a partir do qual transcorrerão os 30 dias sagrados de jejum.  É fácil, mas é preciso observar que os muçulmanos seguem o calendário lunar.

Para nós, nos Emirados Árabes Unidos, o Planetário do Emirado de Sharjah é ponto de observação. Diligentemente, um Íman vasculha o céu para detectar o dia e o momento exato em que a lua nova vai começar. Detectado o novilúnio, ele o comunica às autoridades para que se declare aberto, oficialmente, o Ramadã. A partir daquele momento começa o jejum em todo o país.

Neste ano de 2015, Ramadã teve início no dia 18 de junho e deve-se estender por 30 dias até o dia 17 de julho.

Durante esse tempo, nossos irmãos islâmicos não comerão nada desde o nascer do sol até o ocaso. Também não vão ingerir nenhum tipo de líquidos e nem fumarão. Dedicar-se-ão às rezas e reflexões espirituais.  Cultivarão as virtudes da humildade, caridade e generosidade. É tempo também de autodisciplina. Por isso dominarão seus impulsos negativos, refreando o uso de palavrões, controlando atitudes grosseiras e ofensivas.

O Ramadã chega também à vida pessoal dos muçulmanos.  Relações íntimas devem ser evitadas durante o jejum. É tempo para estabelecer uma aproximação maior com Deus e educar o corpo e a mente para vencer as vontades mundanas.

Durante o Ramadã, os muçulmanos perfumam e embelezam as mesquitas.  Fazem orações extras, entre elas recitando o Alcorão, na sua totalidade. Doentes, mulheres grávidas ou amamentando e viajantes são dispensados de jejuar, mas dependendo do caso devem compensar o jejum com alguma obra de caridade.

E nós estrangeiros e expatriados?  O que esperam de nós? Não é exigido que jejuemos como eles. Somos convidados, sim, ao respeito.  Não podemos comer e nem beber, em nenhum lugar fora de nossas casas. O motivo é que ao sermos vistos comendo um chocolate, tomando um copo de água poderíamos induzi-los a ter vontade de comer ou beber e eventualmente caírem na tentação.

Além disso, somos convidados a não usar roupas coladas ao corpo ou sermos generosos nos decotes por influenciarem, maliciosamente, os jejuadores.

O que acontece se somos pegados, cometendo uma dessas infrações? Podemos ir para a cadeia, jejuar durante todo o Ramadã e aprender o Alcorão.

Concluo lembrando as palavras de David Blance: “Respeitar o tempo dos outros não é uma obrigação, é uma virtude daqueles que realmente amam o seu próximo.”.

*Missionário Olmes Milani CS

Das Arábias para a Rádio Vaticano.








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