Maior violência contra indígenas em 2014, revela relatório do CIMI


Brasília (RV) – O Conselho Indigenista Missionário (CIMI) divulgou na sede da CNBB em Brasília na última sexta-feira (19) o Relatório de Violência Contra os Povos Indígenas no Brasil 2014, que revela um aumento dos casos de violência e de violações cometidas contra os povos indígenas. Em particular, com um maior número de homicídios e suicídios, mortes por falta de assistência sanitária, mortalidade infantil, invasão de territórios, exploração ilegal dos recursos naturais das reservas, omissões e atrasos nas demarcações das terras indígenas.

Segundo informações fornecidas pela Secretaria da Saúde Indígena (SESAI), vinculada ao Ministério da saúde, em 2014 suicidaram-se 135 indígenas, o maior número em 29 anos, segundo registros do CIMI. O Mato Grosso do Sul permanece como o Estado com maior número de suicídios em 2014, 48 no total, num universo de 707 casos registrados entre 2000 e 2014 no estado. Também preocupante é o número de casos registrados no Distrito Sanitário Indígena (DSEI) do Alto Solimões, onde vivem as tribos dos Tikuna, Kokama e Caixana. Somente neste distrito foram registrados 37 casos de suicídio.

Em 2014, segundo a SESAI, foram assassinados 138 indígenas, contra 97 casos no ano precedente. Outro dado chocante refere-se à mortalidade infantil. Os dados indicam 785 mortes de crianças entre 0 e 5 anos. No relatório de 2013, o CIMI havia registrado 693 mortes de crianças indígenas em todo o país. A população dos Xavantes, no Mato Grosso, registrou o maior número de crianças mortas em 2014, 116 no total. “A mortalidade infantil e os suicídios estão acabando com os jovens indígenas. Estamos diante de uma situação muito grave”, denuncia a assistente antropológica do CIMI e Coordenadora do Relatório, Lucia Helena Rangel.

O lançamento do Relatório de Violência Contra os Povos Indígenas no Brasil com os dados de 2014, contou com a presença do Secretário Geral da CNBB, Dom Leonardo Steiner, que enfatizou, que a violência contra os povos indígenas, “exige de todos nós uma conversão em nosso modo de nos relacionarmos com esses povos e que atinja nossos corações”. O Presidente do CIMI, Dom Erwin Kraütler, que há anos vem fazendo pronunciamentos e manifestações contundentes em defesa dos direitos dos povos indígenas, exorta uma vez mais a ações concretas e urgentes que acabem com as violências impetradas contra os povos indígenas em nosso país. Dom Erwin também fez referência às citações do Papa Francisco em sua recente Encíclica  Laudato Si, dizendo estar feliz por terem sido contempladas as questões às quais fez menção pessoalmente no encontro com o Papa: a questão indígena e a Amazônia.

As informações contidas no relatório são baseadas em dados recolhidos na imprensa, junto às comunidades indígenas, aos missionários do CIMI e instituições públicas e privadas, relacionadas com a questão indígena, num universo de mais de 300 povos indígenas e em torno de 100 comunidades/grupos de povos isolados, em situação de isolamento voluntário na Amazônia brasileira. (JE/CIMI)








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