Ecumenismo, fim da autossuficiência das Igrejas


Cidade do Vaticano (RV) - Realizou-se esta manhã (22/06) a histórica visita do Papa Francisco ao Templo Valdense, em Turim, no âmbito de sua sexta viagem apostólica em território italiano. 

“Entrando neste templo o senhor superou o limiar histórico, o de um muro levantado há mais de oito séculos quando o movimento valdense foi acusado de heresia e excomungado pela Igreja Romana”, disse o Pastor Eugenio Bernardini em seu discurso proferido ao Papa Francisco.

“Qual foi o pecado dos valdenses? O de ser um movimento de evangelização popular desempenhado pelos leigos, através da pregação itinerante extraída da Bíblia, lida e explicada na língua do povo”, sublinhou. 

Segundo o Pastor Bernardini, os valdenses queriam somente ser livres de pregar o Evangelho de Cristo, ser uma comunidade de fé cristã a serviço da Palavra de Deus. “Esta é a única razão de ser da Igreja Valdense”, disse ainda ele.

“Lemos em sua Exortação Apostólica Evangelii gaudium duas afirmações sobre a maneira de entender e viver o ecumenismo que somos felizes de partilhar. A primeira é sobre as visões da unidade cristã entendida como ‘diversidade reconciliada’. Acreditamos que a unidade cristã pode e deve ser entendida assim: como diversidade reconciliada, onde é preciso sublinhar tanto a palavra diversidade quanto a exigência de que seja reconciliada”, ressaltou ainda o pastor valdense.

“A segunda afirmação é a relação entre as várias Igrejas cristãs. São muitas e preciosas as coisas que nos unem. Se realmente cremos na ação livre e generosa do Espírito, quantas coisas podemos aprender uns dos outros. É preciso buscar nas várias Igrejas não os defeitos e as faltas, que sem dúvida existem, mas o que o Espírito Santo semeou como dom. O ecumenismo é o fim da autossuficiência das Igrejas. Toda Igreja precisa das outras para realizar a sua vocação”, destacou.

Sobre as questões teológicas ainda abertas, o Pastor Bernardini sublinhou que o Concílio Vaticano II falou sobre as Igrejas evangélicas como ‘comunidades eclesiais’ e disse que os valdenses não entenderam o que significa essa expressão. Uma Igreja pela metade? Uma Igreja que não é Igreja? “Essa expressão pode e deve ser superada. Seria bom que isso acontecesse em 2017 ou antes, quando serão celebrados os 500 anos da Reforma Protestante”, frisou.

A segunda questão teológica delicada é a da hospitalidade eucarística. “Dentre as coisas que temos em comum estão o pão e o vinho da Ceia e as palavras que Jesus pronunciou naquela ocasião. As interpretações dessas palavras são diferentes entre as Igrejas e dentro de cada uma delas, mas o que une os cristãos são o pão e o vinho que Ele nos oferece e as suas palavras, e não as nossas interpretações que não fazem parte do Evangelho. Seria bom que também em vista de 2017 as nossas Igrejas abordassem juntas esse tema”, disse ainda o pastor valdense.

Bernardini recordou também os sofrimentos que afligem o mundo e os desafios que ele coloca diante das Igrejas. 

Disse também que os cristãos devem promover com determinação e unidade o diálogo inter-religioso e percorrer os caminhos da paz. (MJ)








All the contents on this site are copyrighted ©.